Usualmente, as quartas-feiras contempladas pelos anúncios de decisão de política monetária dos comitês dos bancos centrais americano (Fomc) e do BCB (Copom) já são conhecidas como “super-quarta”. Mas o dia de ontem se tornou ainda mais “super” por conta dos anúncios feitos pelo governo americano em relação às tarifas de importação de produtos brasileiros e a imposição de novas sanções ao Ministro do STF Alexandre de Moraes.

A inclusão do Ministro à lista de pessoas sancionadas pela lei Magnitsky, responsável pelo congelamento de seus bens nos EUA e de proibir que o mesmo realize transações com pessoas e empresas americanas, assim como da sua entrada em território americano, foi um movimento de sanção sem precedentes de um ministro de uma democracia considerada aliada dos EUA.

A decisão teve como justificativa, de acordo com o Departamento do Tesouro Americano, violações de direitos humanos, incluindo detenções arbitrárias de opositores políticos, censura sistemática de vozes dissidentes e repressão de meios de comunicação. Exemplos citados envolvem as prisões e inquéritos contra aliados do ex-presidente Bolsonaro, ordens de remoção de conteúdos e bloqueio de perfis em redes sociais, e a própria atuação do Ministro como relator do inquérito das fakes News e do 8 de janeiro, no qual assume o papel de ser juiz e júri em uma caça às bruxas abusiva, de acordo com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

Além disso, tivemos ao longo da tarde a assinatura pelo presidente Donald Trump do decreto de tarifas comerciais de 50% sobre o Brasil, com validade a partir do dia 06 de agosto. Diferentemente do esperado pelo mercado, a assinatura contemplou a isenção para os principais produtos exportados pelo Brasil, com destaque para o suco de laranja, celulose, aeronaves civis e seus componentes, produtos de energia (petróleo), minério de ferro e ferro gusa, entre outros. Porém, cabe destacar que alguns itens importantes como carne bovina e o café seguem sendo taxados.

Ao que tudo indica, o governo americano deve focar a partir de agora em sanções pessoais ao invés de econômicas como forma de se opor as decisões mais recentes do judiciário brasileiro que afetam as empresas americanas e também aos aliados do presidente Donald Trump. O uso da lei Magnitsky para punir o Ministro de um país ocidental é um movimento sem precedentes que mostra que outras cartas podem ser postas à mesa nos próximos meses, sobretudo diante da iminência da prisão do ex-presidente Bolsonaro.

Por fim, ainda tivemos as decisões de política monetária no Brasil e nos EUA, em que as taxas de juros permaneceram em 15,00% a.a. e entre 4,25-4,50% a.a., vindo amplamente em linha com o esperado pelo mercado. Enfim, uma verdadeira super-quarta!