A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada nessa quarta-feira (09/04) mostrou uma expansão de 0,5% m/m do varejo restrito em fevereiro, resultado esse que ficou aquém do consenso de mercado (0,8% m/m, Broadcast+). O número de fevereiro esboça um ensejo de recuperação do comércio após uma sequência de resultados mais fracos três meses anteriores, período no qual acumulou uma queda de 0,1%.
Por sua vez, o varejo ampliado (que inclui veículos, material de construção e produtos alimentícios) registrou contração de 0,4% m/m, vindo pior do que o consenso de mercado (0,0% m/m, Broadcast+). No acumulado em 12 meses, a alta de 2,2% a/a de janeiro deu lugar a uma de 2,4% a/a em fevereiro, acelerando menos doque estimávamos (2,9% a/a).
Em vista da divergência apresentada entre a PMC restrita e a ampliada, achamos que a segunda exibe melhor o atual momento em que se encontra a economia brasileira: de uma recuperação nesse primeiro trimestre do ano em relação ao último trimestre do ano passado, mas exibindo uma tendência mais ampla de desaceleração quando levamos em conta uma janela de tempo maior.
A despeito disso, julgamos que esses dados estão alinhados ao nosso cenário de uma desaceleração suave da economia brasileira, que deve ter no componente de consumo das famílias um dos seus itens de menor arrefecimento por conta de todos os estímulos fiscais direcionados às pessoas físicas (proposta de isenção do IR até R$ 5 mil, empréstimo consignado para trabalhados celetistas e saque do saldo restante do FGTS para trabalhadores que optaram pela modalidade saque-aniversário).
Apesar de serem medidas de caráter pró-cíclico por estarem sendo anunciadas em um momento no qual a economia brasileira ainda está bastante aquecida, esses impulsos pelo lado da demanda já podem ser enxergados como medidas anticíclicas no caso de uma eventual desaceleração mais pronunciada da economia por conta da imposição de tarifas de importação por parte dos Estados Unidos.