Economia

Publicado em 13 de Novembro às 18:31:36

Varejo mostra nova perda de tração em setembro

O resultado da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de setembro confirmou um ambiente de desaceleração no varejo brasileiro. O volume de vendas do varejo restrito recuou 0,3% m/m, frustrando expectativas tanto do mercado quanto das nossas projeções, que apontavam para avanço moderado. O dado desfaz parcialmente o ganho de agosto e reforça que a política monetária contracionista continua afetando o setor. Na comparação interanual, as vendas cresceram apenas 0,8% a/a, bem abaixo do consenso, evidenciando um ritmo mais fraco no consumo das famílias. Ainda assim, a média móvel trimestral segue próxima da estabilidade, sinalizando que o arrefecimento ocorre de maneira gradual.

O varejo ampliado, que inclui automóveis, materiais de construção e atacarejo alimentício, registrou leve alta de 0,2% m/m, dando continuidade às elevações recentes. O desempenho, porém, teve composição frágil: tanto veículos quanto materiais de construção voltaram a cair, e o crescimento do mês foi sustentado quase exclusivamente pelo atacado de alimentos, bebidas e fumo. A média móvel trimestral do ampliado voltou ao terreno positivo, mas a base elevada deixada pelo forte avanço de julho tende a limitar o fôlego nos próximos meses. A persistência de quedas nos segmentos mais dependentes de crédito reforça o impacto de juros ainda significativamente restritivos. report_PMC_setembro25

A abertura setorial mostra que seis das oito atividades recuaram no mês. Livros e papelaria (-1,6% m/m), tecidos e vestuário (-1,2% m/m), combustíveis (-0,9% m/m) e itens de informática (-0,9% m/m) figuraram entre as maiores contribuições negativas. Hiper e supermercados também voltaram a cair (-0,2% m/m). No campo positivo, apenas artigos farmacêuticos (+1,3% m/m) e outros itens de uso pessoal (+0,5% m/m) registraram alta. A difusão das quedas mostra que a perda de dinamismo é ampla e atinge tanto bens essenciais quanto discricionários.

No trimestre encerrado em setembro, o varejo restrito acumulou queda de 0,4% t/t, revertendo o avanço do trimestre anterior e indicando que a desaceleração já aparece de forma mais clara no dado trimestral — medida menos volátil e mais aderente ao comportamento da atividade. Ainda assim, o setor permanece 8,9% acima do nível pré-pandemia, o que implica algum grau de resiliência. O varejo ampliado também segue acima do pré-pandemia (+4,8%), embora com um ritmo de crescimento mais modesto.

Em nossa avaliação, a surpresa negativa reforça que a economia brasileira atravessa um processo de perda gradual de tração, condicionado por um ambiente global adverso, crédito mais restrito e juros altos que seguem dominando o balanço de riscos. Apesar disso, o setor ainda não mostra sinais de contração severa, e a desaceleração ocorre de forma lenta, compatível com o descompasso entre política monetária restritiva e estímulos fiscais ainda presentes. Com os dados de hoje, mantemos nossa projeção de PIB crescendo 0,3% t/t no 3T25 e 2,3% em 2025.

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