Os brazilian depositary receipts (BDRs) são alternativas que permitem ao investidor brasileiro expor a sua carteira ao mercado internacional, de forma simples e descomplicada. Afinal, eles podem ser negociados diretamente na bolsa de valores brasileira, a B3.
Você tem interesse em saber quais são os principais BDRs disponíveis? Conhecê-los pode ajudar a entender mais sobre essas alternativas, além de permitir que você analise a possibilidade de incluí-las em seu portfólio.
Quais são os principais BDRs da bolsa brasileira?
A seguir, conheça os principais tickers de BDRs disponíveis na B3 até maio de 2023!
MELI34
Esse ticker diz respeito à empresa Mercado Livre (MELI34), que é um dos principais e-commerces da América Latina. Ademais, a empresa apresenta outras soluções relacionadas, como logística e pagamentos online.
Embora a companhia seja atuante no Brasil, ela é argentina e não tem capital aberto na B3. Por essa razão, a via de acesso para investir no Mercado Livre pode ser o BDR MELI34.
GOGL34
O Google revolucionou a forma como a internet é utilizada ao desenvolver o seu mecanismo de busca. Mas, além dessa solução, ele apresenta outros produtos, como Gmail, Google Meet e YouTube.
Ele também é o responsável pelo desenvolvimento do sistema operacional Android, por exemplo. Para participar dos resultados dessa gigante da tecnologia, você pode adquirir os BDRs lastreados nos papéis da Alphabet (GOGL34), a holding controladora do Google.
AMZO34
A Amazon é uma das maiores empresas do varejo mundial, sendo destaque no e-commerce em diversos países, como o Brasil. Parte do seu sucesso se deve às inovações, como frete gratuito para diversos produtos.
Além do comércio, a companhia desenvolve soluções tecnológicas, como a assistente virtual Alexa nos dispositivos Echo Dot e as plataformas de música, vídeo e livros. Com o BDR AMZO34 você pode se expor aos resultados da companhia.
APPL34
Mais uma empresa de tecnologia com notoriedade em todo mundo é a Apple, responsável por desenvolver e comercializar smartphones, computadores e tablets. Os seus produtos têm fama internacional por conta da qualidade, design e inovação.
Por isso, as ações dessa companhia costumam ser visadas. Embora elas sejam negociadas na bolsa norte-americana, é possível investir na empresa ao comprar o BDR APPL34.
FBOK34 | MITA34
O Facebook começou como uma rede social em que os usuários podem elaborar um perfil e se conectar com outras pessoas e empresas. Porém, com o passar do tempo, ele agregou funcionalidades, como marketplace e plataforma de publicidade, ampliando as suas formas de captação de receita.
Além disso, o Facebook realizou aquisições importantes no mercado, como o Instagram e o WhatsApp, e investe em tecnologia.
Desse modo, a sua marca passou a se chamar Meta (META34) por conta do grande interesse de seu fundador no metaverso.
JNJB34
A Johnson & Johnson faz parte do dia a dia de muitas pessoas ao redor do mundo. Trata-se de uma empresa tradicional em cuidados pessoais, beleza e saúde, tendo seus produtos comercializados também no Brasil.
Na pandemia de covid-19, a empresa se destacou pelo desenvolvimento da vacina Janssen. A companhia, que tem capital aberto na bolsa norte-americana, pode ser acessada pelo BDR JNJB34.
BABA34
Mais uma empresa do setor de e-commerce que ganha destaque é o Alibaba, que é uma plataforma de negociação B2B com alcance global. Como ela tem capital aberto na bolsa de valores da China, o seu país de origem, o BDR lastreado em suas ações oferece exposição ao mercado chinês, ajudando na diversificação da carteira.
BIEU39
Além de BDRs de ações, a bolsa de valores brasileira disponibiliza recibos de ETFs, como o BIEU39. Ele é lastreado no fundo de índice iShares Core MSCI Europe ETF que, por sua vez, é composto por ações europeias.
Dessa maneira, ao adquirir esse certificado, você expõe a sua carteira a diversas companhias europeias e, consequentemente, ao euro.
BIEM39
Mais um BDR de ETF disponível na bolsa brasileira é o BIEM39, que é lastreado no fundo iShares Core MSCI Emerging Markets ETF. Esse veículo contém em sua carteira ações de empresas de países emergentes. Com isso, você pode expor o seu portfólio a mercados distintos com tendência de valorização.
Como os BDRs podem ser classificados?
O próximo passo para conhecer melhor os BDRs é saber que eles se dividem em duas categorias principais. Eles podem ser classificados conforme a iniciativa de participação ou não de companhias estrangeiras na emissão dos certificados.
Para descobrir essa diferenciação, conheça os dois tipos de BDRs disponíveis!
BDRs patrocinados
Os BDRs patrocinados são os certificados que contam com uma empresa estrangeira participando do processo de emissão. Aqui, a organização deseja expandir os seus negócios para o Brasil e para isso ela contrata uma instituição depositária do país para emitir os recibos.
- Nível 1: englobam os BDRs cujas operações acontecem em mercados de balcão não organizados e possuem segmentos mais específicos. Portanto, as empresas estrangeiras não precisam do registro na CVM;
- Nível 2 e 3: nesse grupo, estão os BDRs negociados em pregão da bolsa ou mercado de balcão organizado. Por esse motivo, as companhias internacionais precisam de registro na CVM.
BDRs não patrocinados
A outra classificação é a de BDRs não patrocinados, ou seja, que não envolvem a participação das empresas estrangeiras. Desse modo, a iniciativa de emitir os certificados parte da instituição depositária.
Consequentemente, ela tem a obrigação de divulgar os dados da companhia internacional, balanços e relatórios. Vale destacar que todos os BDRs não patrocinados são do Nível 1 e são os mais comuns na bolsa de valores brasileira.
Quais são os principais tipos de BDRs?
Além das classificações dos BDRs, é importante saber quais são os principais tipos desse recibo de acordo com os ativos aos quais eles são lastreados. A seguir, você conhecerá as características essenciais de cada um deles.
BDRs de ações
As ações representam a menor parte do capital social de uma empresa. Desse modo, quando um investidor compra esses papéis, ele passa a ser sócio da companhia, tendo o direito de participar dos resultados.
Isso significa que se o negócio tiver lucro e valorização, ele pode receber parte desses ganhos em forma de proventos e ter o seu papel valorizado. Contudo, se a empresa tiver prejuízos financeiros, o investidor também assume os ônus, podendo ver o valor dos papéis cair, por exemplo.
No caso dos BDRs de ações, os certificados são lastreados em ativos de companhias internacionais, como Amazon, Google, Tesla e outras. Ao comprar um recibo, você não se torna sócio dessas empresas, mas participará dos resultados obtidos.
BDRs de ETF
Os ETFs são um tipo de fundo de investimento que, por sua vez, é um veículo financeiro composto pelo capital de diversos investidores. Ele funciona como um tipo de condomínio de investimentos, no qual há um gestor para manejar a carteira.
Os fundos variam conforme a sua estratégia ou foco de investimentos. No caso dos ETFs, a política consiste em espelhar a carteira teórica de um índice de referência do mercado para obter resultados semelhantes. Portanto, no BDRs de ETFs, os recibos são lastreados em cotas desses fundos negociados no exterior.
BDRs de títulos
Quando uma empresa, instituição ou Governo precisa de recursos financeiros para financiar seus projetos ou pagar dívidas, por exemplo, é possível recorrer ao mercado de capitais. Nesse ambiente, a captação ocorre pela emissão de títulos de dívida, os quais funcionam como um tipo de empréstimo.
Então o investidor que compra os títulos se torna credor do emissor e sabe qual é a lógica de retorno desse investimento — que faz parte da renda fixa. No entanto, os BDRs integram a renda variável por estarem sujeitos ao risco de mercado da bolsa de valores.
Por que essa alternativa atraiu mais investidores nos últimos anos?
Até setembro de 2020, somente investidores qualificados podiam comprar BDRs. Assim, era necessário ter mais de R$ 1 milhão investidos em próprio nome ou certificação no mercado financeiro para aproveitar essa alternativa.
Após esse período, a Comissão de Valores Mobiliários derrubou essa regra, o que permitiu que os demais investidores pudessem comprar BDRs. Consequentemente, a venda desses recibos aumentou, resultando na elevação da sua popularidade.
Junto a isso, é possível destacar que os BDRs permitem o acesso do investidor ao mercado estrangeiro sem a necessidade de negociação em bolsas internacionais. Com essa facilidade e as vantagens de internacionalizar a carteira, esses recibos ganharam notoriedade.
Como a variação do dólar afeta os BDRs?
Ao conhecer mais sobre os BDRs, é possível que você tenha dúvidas sobre como a variação do dólar afeta esses investimentos. Se eles são lastreados em ativos internacionais, a moeda do país de origem deve interferir no desempenho desses recibos, não é mesmo?
A verdade é que se você compra BDRs atrelados a ativos negociados em dólar, o recibo tende a ser afetado pela variação do câmbio.
Por exemplo, suponha que você compre um BDR de uma ação de empresa norte-americana no valor de US$ 100 com a cotação do dólar a R$ 5. Se o BDR e as ações tinham uma equivalência de 1:1, você pagou R$ 500 a cada BDR.
Agora, imagine que, em determinado momento, a ação valorizou e passou a valer US$ 110, o que daria R$ 550 na cotação do dólar do dia que você comprou o recibo. Contudo, o preço do dólar caiu para R$ 4,50, fazendo com que o certificado valesse R$ 495.
Nesse contexto, mesmo com a valorização do ativo original, o BDR teve queda no seu valor em reais, certo? Porém, apesar do exemplo demonstrar um cenário desfavorável, o contrário também pode acontecer.
Na prática, a cotação do dólar subir e você aproveitar os ganhos que essa variação pode proporcionar. Por essa razão, os BDRs também são um investimento que permite a exposição ao câmbio, dolarizando parte da carteira.
Posso receber dividendos com BDRs?
Como você viu, as instituições depositárias devem repassar os eventuais proventos pagos pelos ativos originais, como é o caso dos dividendos. Dessa maneira, se o investimento internacional fizer a distribuição dos lucros, o investidor de BDR deve receber a sua parte.
No entanto, ao contrário dos dividendos pagos pelas alternativas brasileiras, esse benefício distribuído pelas empresas e fundos estrangeiros não é necessariamente isento de impostos. Afinal, os proventos podem ser vistos pela Receita Federal como recebimento de valores internacionais.
Além disso, os proventos podem ser taxados no país de origem, conforme as regras locais. Por essa razão, é importante prestar atenção nessa questão e conhecer os acordos de tributação entre o Brasil e o país dos ativos lastreados.
Quais tributações e taxas incidem sobre os BDRs?
Você aprendeu que os proventos pagos por BDRs podem ser tributados no Brasil e no país de origem do ativo. Mas, além dessas, quais são as outras tributações e incidências de taxas que existem ao investir em BDRs?
Na prática, os custos são parecidos com aqueles pagos em operações na bolsa de valores. Assim, pode haver cobrança de taxa de corretagem e de custódia, por exemplo. No entanto, isso varia conforme a corretora de valores escolhida.
Ainda, há incidência de Imposto de Renda sobre os lucros da venda dos BDRs, sem limite de isenção. Nesse caso, é cobrado 15% nas negociações comuns e 20% para day trade, que é uma modalidade na qual a compra e a venda acontecem no mesmo pregão.
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