Devido à importância econômica e geopolítica dos Estados Unidos, as medidas adotadas no país costumam ter reflexos relevantes em outras partes do mundo. Do ponto de vista financeiro, as oscilações na taxa de juros dos EUA merecem atenção especial.
Após sofrer uma forte alta ao longo de 2022, a taxa poderá continuar subindo em 2023. No entanto, há uma mudança nas expectativas para o ano que pode ser relevante. Portanto, vale a pena entender o que esperar e como isso pode afetar seus resultados no mercado financeiro.
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Qual o histórico da taxa de juros dos EUA?
A taxa de juros norte-americana, também conhecida como federal funds rate, é um dos principais instrumentos de aplicação da política monetária dos Estados Unidos. Ela é definida pelo Federal Open Market Committee (FOMC), que faz parte do Federal Reserve (Fed).
Desde 2022 até março de 2023, o Fed realizou 8 altas sucessivas da taxa de juros.
Veja o histórico:
Data da decisão | Aumento (em ponto percentual) | Intervalo da taxa de juros |
16/03/2022 | 0,25 | entre 0,25% e 0,50% |
04/05/2022 | 0,50 | entre 0,75% e 1% |
15/06/2022 | 0,75 | entre 1,50% e 1,75% |
27/07/2022 | 0,75 | entre 2,25% e 2,50% |
21/09/2022 | 0,75 | entre 3,00% e 3,25% |
2/11/2022 | 0,75 | entre 3,75% e 4% |
14/12/2022 | 0,50 | entre 4,25% e 4,50% |
01/02/2023 | 0,25 | entre 4,50% e 4,75% |
22/03/2023 | 0,25 | entre 4,75% e 5,00% |
O principal motivo para esses aumentos foi o crescimento da inflação americana, acima da meta anual de 2%. Em junho de 2022, o índice de preços ao consumidor (CPI) que mede o avanço de preços na economia dos EUA atingiu 9,1% em 12 meses, sendo a maior taxa inflacionária dos últimos 40 anos.
Em um cenário do tipo, a subida dos juros faz sentido por gerar um desaquecimento na economia do país. Desse modo, há menos oferta de crédito e redução no consumo, diminuindo a demanda e favorecendo a redução dos preços.
Por conta do cenário, o presidente do Fed, Jerome Powell, deu diversas declarações apontando o fato que a instituição mexeria nos juros conforme fosse necessário para trazer a inflação para a meta definida. Assim, os EUA passaram a apresentar a taxa de juros mais alta dos últimos 15 anos.
Qual é o impacto dessa taxa de juros para o mercado?
Em um cenário como esse de aumento da taxa de juros, tanto o mercado norte-americano quanto o global sofrem impactos.
Por isso, é fundamental entender o que o movimento pode causar, para além da tentativa de trazer a inflação para a meta definida pelo Fed.
Descubra quais são os impactos mais comuns da alta na taxa de juros dos EUA!
Desaceleração da economia
Como você viu, a taxa de juros dos Estados Unidos está diretamente relacionada aos movimentos econômicos. Com a escalada desse índice pelo Fed, a tendência é que a economia americana cresça menos enquanto persistirem valores mais elevados da taxa.
Dependendo das oscilações do indicador, pode haver uma recessão econômica no país. A intensidade e a duração dessa crise dependem de como o mercado reagirá e do nível de austeridade fiscal imposto pelo Fed.
Historicamente, recessões nos EUA estão relacionadas a eventos no qual o Fed teve que elevar significativamente a taxa de juros para combater a inflação.
Aumento do retorno da renda fixa americana
Outro efeito causado pelo aumento dos juros americanos é a elevação do retorno dos títulos de renda fixa dos EUA. O destaque fica para os Treasury bonds, como são conhecidos os títulos públicos emitidos pelo Tesouro norte-americano.
Como o rendimento deles está atrelado à taxa de juros praticada no mercado, a tendência é que eles se tornem mais rentáveis. Isso pode fazer com que haja uma procura maior dessas aplicações por parte dos investidores do país e de outros locais.
Maior volatilidade global
Outro aspecto importante para considerar é que a subida da taxa de juros dos EUA faz com que a volatilidade global se eleve. Como os Estados Unidos têm a maior economia e o mercado mais sólido do mundo, a tendência é que impactos na economia do país sejam sentidos em outras nações devido ao alto grau de interconectividade entre os mercados.
Para entender esse efeito em cadeia, vale considerar a crise ocorrida nos Estados Unidos em 2008. A situação foi desencadeada por falências de bancos no país relacionados ao crédito imobiliário e resultou em uma crise global.
Migração de investidores estrangeiros
O aumento na volatilidade de modo generalizado faz com que os investidores passem a buscar alternativas mais seguras para proteger o próprio patrimônio. Nessa situação, é comum que o dólar se torne ainda mais uma reserva de valor, o que faz com que sua cotação aumente.
Além disso, os investidores estrangeiros costumam migrar de mercados emergentes e mais arriscados, como é o caso do Brasil. Como os títulos públicos americanos são considerados os investimentos mais seguros do mundo, o aumento do retorno deles faz com que mais pessoas optem por essas alternativas.
Assim, há um fluxo de entrada de mais recursos na economia americana e, em especial, na renda fixa. Já no Brasil, por exemplo, a saída de investidores estrangeiros tende a enfraquecer a bolsa de valores e aumentar a cotação do dólar devido à desvalorização do real.
Quais são as expectativas em relação à taxa de juros americana em 2023?
Após acompanhar o histórico da taxa de juros dos EUA ao longo de 2022, você deve ter notado que o ritmo de aumento reduziu perto do final do ano. Porém, após a primeira reunião de 2023, a expectativa passou a ser de um aumento de 0,50 ponto percentual, o que indicaria um aperto monetário maior.
No começo de março, o sistema financeiro norte-americano passou por turbulências, com a falência do Silicon Valley Bank, um banco voltado para startups do Vale do Silício. Devido aos temores de ocorrer um efeito em cadeia nos bancos americanos, as perspectivas para a taxa de juros mudaram um pouco.
A expectativa de aumento passou a ser de 0,25 ponto percentual para a reunião de março, o que acabou se concretizando. Ademais, as análises indicam que o Fed poderia elevar a taxa até metade do ano, possivelmente ficando entre 5,25% e 5,50% no ano. Porém, o cenário pode mudar, em especial, devido ao mercado bancário do país.
Caso a crise bancária se agrave, o Fed pode ter que mudar de postura, sendo forçado a interromper o processo de alta de juros e até voltar a cortar juros no final do ano. Já se essa situação for só um soluço de curto prazo, o banco central pode manter o seu plano de voo e continuar priorizando o combate a inflação.
Como acompanhar as variações da taxa de juros americana?
Como você viu, as mudanças na taxa de juros dos EUA podem afetar o mercado mundial e seus investimentos. Por isso, é fundamental acompanhar a movimentação desse indicador, considerando as tendências apresentadas pelo Fed e as condições de mercado.
Para tanto, uma forma de conferir as variações da taxa de juros é acompanhando o noticiário econômico. Normalmente, grandes veículos do Brasil e do mundo divulgam as decisões do Fed e apresentam perspectivas quanto aos movimentos das próximas reuniões.
Porém, essa não é a alternativa mais prática para acompanhar as informações relevantes. Afinal, todos os dias saem diversas notícias referentes à economia e aos investimentos e, diante de tanto ruído, você pode perder dados importantes.
Para evitar esse problema, você pode contar com a Genial Analisa. Na plataforma, você encontra relatórios elaborados por profissionais capacitados e experientes no mercado financeiro. Além disso, você tem a chance de conferir as informações mais relevantes sobre os investimentos — o que inclui os juros americanos.
Mais do que apenas conferir qual foi a decisão do Fed, você entenderá melhor o contexto dos Estados Unidos e de outros mercados do mundo. Com os relatórios, também é possível compreender quais são as perspectivas e quais tendem a ser os impactos no mercado brasileiro.
Dessa maneira, você terá a chance de usar a informação de modo muito mais estratégico nas suas movimentações financeiras. É o caso de utilizar o comportamento dessa taxa para complementar sua análise e definir a estratégia adequada para a sua carteira.
Como o investidor deve agir diante desse movimento no mercado?
Até aqui, ficou claro que as alterações na taxa de juros dos EUA podem causar grandes impactos em todo o mundo, incluindo o Brasil. Como resultado, os seus investimentos podem ser afetados, sendo necessário saber como agir diante dessa situação.
Para entender melhor, veja o que fazer diante das perspectivas quanto à taxa de juros dos EUA!
Mantenha o foco geral no longo prazo
Como você viu, as oscilações da taxa de juros nos EUA acontecem, normalmente, em resposta a uma situação da economia do país. Em momentos de atividade econômica e inflação fracas, a taxa de juros é reduzida para incentivar o reaquecimento da economia e vice-versa.
Portando, dado que a taxa de juros (fed funds rate) atualmente se encontra em patamar acima da taxa de longo prazo (estimada pelo Fed em 2,5%), a tendência é que a política monetária vá se tornando menos restritiva nos EUA com o passar dos anos. Assim, a volatilidade mais intensa que é sentida nesse momento costuma se dissipar com o passar do tempo.
Logo, antes de tomar qualquer decisão que diga respeito a alocação de patrimônio é mais prudente analisar não só o patamar atual da taxa de juros americana como também a perspectiva da sua trajetória futura. Também é possível fazer ajustes para aumentar a proteção da carteira de investimentos no curto prazo, mas isso não deve significar ignorar a estratégia voltada para períodos maiores.
Assim, você evita uma armadilha muito comum, que envolve fazer mudanças a cada alteração no mercado e seguir o efeito manada. Nesse caso, em vez de se proteger dos riscos, você acaba se expondo mais a eles.
Considere internacionalizar a carteira
A saída de investidores estrangeiros do mercado brasileiro é bastante comum quando os juros estadunidenses sobem. Como esse movimento pode enfraquecer o cenário interno, podem ocorrer prejuízos se todo o seu portfólio estiver exposto apenas ao Brasil.
Por isso, uma das formas de se proteger envolve internacionalizar parte da carteira. Em específico, pode ser interessante investir com exposição a determinados ativos dos EUA — como os títulos públicos, que passam a ter mais rendimento.
Para tanto, você pode recorrer ao investimento direto ou indireto. No primeiro caso, é preciso abrir conta em uma instituição financeira dos EUA, seguindo as regras do país. Ainda, é necessário fazer a remessa internacional para converter os valores em dólares.
Já no investimento indireto, você pode se expor aos ativos internacionais por meio do mercado brasileiro. Uma possibilidade é recorrer aos fundos internacionais, por exemplo. Eles são veículos financeiros que alocam a maior parte dos recursos em ativos de outro país.
Outra opção é o exchange traded fund (ETF) ou fundo de índice. Essa modalidade tem como objetivo replicar o desempenho de um índice de referência.
Como a carteira teórica do indicador pode ser formada por ativos internacionais, você tem a chance de se expor ao cenário externo com esses fundos, cujas cotas são negociadas na bolsa de valores brasileira (B3).
Ainda, há os brazilian depositary receipts (BDRs) ou certificado de depósito de valores mobiliários. Ou seja, investimentos negociados na B3, mas que são lastreados em ativos internacionais. É possível encontrar BDRs de ações, ETF, bonds e outras oportunidades.
Dolarize parte do patrimônio
Como você acompanhou, em momentos de instabilidade o dólar costuma se fortalecer como reserva de valor. Diante de uma tendência de elevação na cotação dessa moeda estrangeira, pode ser interessante se proteger ao dolarizar parte do patrimônio.
Fazer investimentos com exposição internacional é uma das formas de obter esse resultado. Você também pode utilizar derivativos financeiros, como contratos futuros de dólar. A intenção é mitigar parte das perdas que você pode sofrer se a moeda norte-americana subir.
Com essas informações, você descobriu como e por que acontecem as oscilações da taxa de juros nos EUA. Considerando as expectativas para esse indicador, você pode tomar decisões estratégicas que ajudem a proteger o seu patrimônio.
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