Expresso Bolsa

O IBOV teve uma leve queda de –0,16% na sexta-feira, atingindo os 105,1k e acumulando um recuo de –2,54% na semana. O último dia foi marcado pelas repercussões das altas dos rendimentos dos treasuries americanos, provocando uma maior aversão a ativos de risco nos mercados globais, inclusive o brasileiro. Mas alguns bons resultados corporativos deram um gás e ajudaram a minimizar as perdas do dia.

O que aconteceu no Mercado?

Itaú (ITUB4): resultado do 1T22 morno, mas seguimos positivos para o ano!

O Itaú apresentou um lucro de R$ 7,36b e ROE de 20,4% no 1T22, alta de 2,8% t/t e 15% a/a. Apesar do lucro superar as nossas expectativas e do mercado, que estavam na faixa dos R$ 7,25, a qualidade do resultado veio ligeiramente pior do que esperávamos. O resultado antes do imposto caiu 5,2% t/t e ficou estável a/a. Como esperávamos, o crescimento de lucro veio em grande parte da queda do imposto de 20,9% t/t e 24,4% a/a.

Maior custo de crédito! A margem financeira veio um pouco mais fraca do que projetávamos, caindo 2% t/t (+11,7% a/a), impactada principalmente pela forte queda da margem com mercado de 23% t/t e 59% a/a. A margem com clientes continuou com um robusto crescimento anual de 23,9% a/a, apesar de crescer somente 0,7% t/t, resultado de menores spreads e menor quantidade de dias corridos. Como esperado, o custo de crédito subiu 12,4% t/t e 69,5% a/a, dado ciclo de normalização da inadimplência.

Fique ligado! Seguimos mais otimistas para o ano com o Itaú dentre os bancões. O banco segue com a inadimplência (NPL 90d) controlada em 2,6% (+0,1 pp t/t e 0,3 pp a/a). Esperamos que a boa dinâmica de receitas compense grande parte dos efeitos da elevação do custo de crédito no ano. O banco manteve seu guidance, o que nos nossos cálculos pressupõe um bom crescimento de lucro de 14,7% no meio da faixa indicativa.

MINERAÇÃO
Exportação marítima de minério afetada pela Guerra
Segundo a consultoria ucraniana GMK Center, com as restrições logísticas na Ucrânia e os desafios da guerra, a produção de minério no país caiu 50%, enquanto a exportação 30%. Cerca de 60% das exportações ucranianas de minério são despachadas via navios, enquanto 40% são enviados por ferrovias para a Europa, mas apenas a via férrea se encontra atualmente em operação. A expectativa de normalização seria de 3 a 6 meses em caso de paz para as exportações, mas a situação ainda não dá sinais de melhora. (Valor e Genial)

VALE3
Fechado acordo com a Tesla
A mineradora confirmou na sexta o contrato de longo prazo para fornecimento de níquel para baterias de veículos elétricos (EV) com a Tesla a partir de suas operações no Canadá, estando o plano em linha com a estratégia da brasileira em se expandir na indústria de EV. A empresa ainda tem como meta atingir de 30% a 40% das vendas de níquel para essa indústria, garantindo sua posição de liderança no mercado como maior produtor de níquel na América do Norte. (Valor e Genial)

ALSO3
Aliansce Sonae busca compradores para 4 shoppings
Em antecipação à possível fusão com a brMalls, a ALSO colocou à venda 4 shoppings em regiões com potencial de concentração de mercado pós fusão. Dessa forma, a companhia busca evitar remédios do Cade durante a fusão. Vale ressaltar que, enquanto as empresas de shoppings seguem descontadas na bolsa, os preços dos shoppings em si não estão descontados, conforme vemos em transações recentes a múltiplos muito superiores aos das empresas. (Broadcast e Genial)

VIVT3
Nokia foi a escolhida
A empresa Nokia será a responsável por fornecer o núcleo da rede 5G para a Vivo. A finlandesa proverá funções de sinalização e controle no novo núcleo da rede 5G standalone, realizando parte da autenticação e mobilidade dos usuários além de garantir estabilidade e confiabilidade nas conexões. (Valor e Genial)

PGMN3
Compra da Extrafarma avança no CADE
A superintendência do CADE divulgou um despacho recomendando a aprovação do acordo. O único remédio estabelecido foi o desinvestimento em menos de 12 lojas da Extrafarma. Agora, falta a aprovação do tribunal do órgão. Nesse contexto, a aquisição está de acordo com o planejado pela Pague Menos. Com a revisão da projeção de sinergias com a aquisição, a estimativa passou para a faixa de R$ 180 a R$ 275 m. Na nossa visão, isso pode ajudar a Pague Menos a recuperar seu market share. (Neofeed e Genial)

EDUCAÇÃO
Guerra de preços continua
O setor de educação voltou a apresentar crescimento nas captações em cursos presenciais. De acordo com a Abmes, o número de ingressantes na modalidade caía todos os anos desde 2014, revertendo esta tendência com o arrefecimento da pandemia. Apesar de ser uma boa notícia, o fato vem acompanho de 3 poréns: (i) fraca base de comparação, (ii) queda do ticket médio devido à alta concorrência e demanda fraca e (iii) pouca diferenciação entre as faculdades (a escolha do aluno se baseia em localização e preço, não em qualidade). (Valor e Genial)

De olho na economia

COVID-19, lockdowns e desaceleração da China preocupam

Os dados da China continuam a mostrar forte desaceleração da economia. Os indicadores antecedentes, os PMIs, mostram queda acentuada da atividade.

Os índices divulgados na semana passada vieram todos muito abaixo do nível que indica retração (50 pontos). O PMI composto atingiu 37,2 pontos enquanto o PMI do setor de serviços foi ainda menor, 36,2 pontos.

Estes dados refletem o aumento do número de casos e de óbitos pela pandemia e os efeitos da política de COVID Zero. Por esta política, o aparecimento de um pequeno número de casos em uma cidade desencadeia medidas de lockdowns, isolamento social, restrições à mobilidade tanto dentro da cidade quanto entre ela e outras cidades do país.

Aproximadamente 36 cidades da China estão em lockdown, sendo que Xangai, a maior cidade (25 milhões de habitantes) e o maior porto do país, está em lockdown há mais de 30 dias. Relatos de moradores dão conta de que os habitantes da cidade estão tendo dificuldade para encontrar alimentos, o que tem gerado forte insatisfação popular, revoltas localizadas, panelaços, etc.

Uma forte desaceleração da economia chinesa é negativo para a atividade mundial, com recrudescimento dos gargalos no sistema produtivo e no setor de transportes, falta de componentes industriais, etc., mas é particularmente negativo para o Brasil.

A China é nosso maior parceiro comercial e o principalmente mercado para nossas commodities. Uma desaceleração acentuada da China, na medida em que reduz a demanda e os preços das commodities exportadas pelo Brasil, afeta negativamente a taxa de câmbio, a taxa de inflação e o crescimento da economia brasileira.

Cripto

O mercado cripto começa a semana em queda. Esta é a sexta semana consecutiva de baixa, caracterizando a maior sequência de quedas semanais desde 2014. O Bitcoin (BTC) acumulou mais 8% de queda durante o final de semana, chegando aos US$32,8k na manhã de hoje, menor valor registrado desde Jan/22. O BTC está com a maior correlação com o mercado tradicional desde sua criação. Com o cenário macroeconômico desafiador para ativos de risco, dificilmente observaremos uma reversão de tendência no curto prazo.