Expresso Bolsa
O Ibovespa encerrou a sexta-feira com uma queda de –2,86%, atingindo os 111,1k, puxado novamente pelas baixas das mineradoras e siderúrgicas em meio a um cenário mais desafiador na China.
Ainda, a bolsa refletiu o movimento de queda das bolsas americanas que ocorreu durante o feriado, além das declarações do presidente do Fed sobre uma potencial alta dos juros americanos em 0,50% na próxima reunião, o que trouxe uma maior aversão ao risco pelos investidores.
O que aconteceu no Mercado?
IRB (IRBR3) | Resultado no vermelho!
O IRB divulgou um prejuízo de R$ 50,9m em fev/22. No primeiro bimestre, o prejuízo foi de R$47m. O resultado foi pressionado pela elevada sinistralidade, de 81% no mês. No bimestre a sinistralidade foi de 72,8% (vs. 70,6% no mesmo período de 2021).
Queda nos prêmios! O prêmio emitido teve uma queda de 9,5% a/a. Os prêmios nacionais cresceram 30,6% e os no exterior tiveram retração de 47%. O IRB vem focando em suas operações nacionais, estratégia que explica a queda nos prêmios no exterior.
Fique ligado! Ainda estamos pouco otimistas com o IRB para 2022. Dentre as razões estão: (i) constante consumo de capital e necessidade de novos aportes; (ii) continuidade dos impactos de contratos descontinuados (efeito cauda); (iii) incerteza em relação ao ROE (retorno sobre patrimônio) de longo prazo), e; (iv) pressão na sinistralidade do seguro rural. O cenário negativo justifica a recomendação de VENDER.
BIDI11
Alongando dívida com fornecedores
A construtora Tenda enviou carta aos fornecedores indicando que aumentará o prazo de pagamento de materiais para no mínimo 60 dias, acima dos 30 dias que era praticado. A Tenda enfrenta dificuldades para aumentar preços (que deve ter uma folga no 2T22) e com o aumento de custos de materiais de construção. Apesar de negociar a 0,5x P/BV, não enxergamos este momento como ponto de entrada, por entendemos que a Tenda deve apresentar resultados negativos por mais trimestres e novos ajustes nos orçamentos de obras, além de depender de 3 pontos que não devem apresentar melhorias no curto prazo: (i) queda na inflação de materiais, (ii) aumento do poder de compra das famílias de baixa renda e (iii) novas mudanças no programa Casa Verde e Amarela. (Estadão e Genial)
TIMS3
Sinergias previstas de R$ 16b com fatia da Oi
A TIM, após adquirir sua fatia da Oi Móvel, adquiriu cerca de metade do espectro (faixa de frequência para realização dos serviços móveis) e dos sites, além de 40% dos clientes da Oi. Dessa forma, a empresa estimou obter R$ 16b em sinergias no longo prazo marcadas pela receita adicional e economia com investimentos e despesas, bem como cortes de custos eliminando duplicidade de equipamentos. A empresa realizará hoje 10h00 uma teleconferência para mais detalhes sobre a operação. (Valor, TIM e Genial)
MINERAÇÃO
Reflexos do Covid na China
A situação do Covid na China vem gerando cada vez mais preocupação nos mercados, derrubando as bolsas de Xangai ao mesmo tempo que os lockdowns aplicados não conseguem lidar com o avanço acelerado do surto. Com isso, em meio às restrições de circulação e as desconfianças sobre a meta de crescimento chinesa, o preço do minério vem despencando, com quedas superiores a 6% em alguns índices (cerca de –8% em Singapura e –6% em Qingdao, próximo a $138/t). Isso deve marcar um dia difícil para as mineradoras e siderúrgicas. (Broadcast e Genial)
VLID3
Nova debênture
O conselho de administração da Valid aprovou a realização da 9a emissão de debenture no valor de R$ 250m, vencimento de 5 anos e remuneração de 100% do DI acrescida de spread de, no máximo, 3,2%. Os recursos obtidos pela companhia serão destinados ao reperfilamento da dívida e reforço do caixa. Estamos positivos com relação a Valid, em função: (i) da normalização da emissão de documentos, que deve impulsionar receitas; (ii) continuidade da demanda por cartões bancários, dada competição no segmento; (iii) melhora na estrutura de capital. As dinâmicas positivas e valuation de 4,6x EV/EBITDA 22 justificam a recomendação de COMPRAR.
De olho na economia
Com o prolongamento da guerra, inflação e recessão entram no horizonte 💣
Os sinais são de que a guerra no leste europeu vai ser longa aumentam a cada dia. A decisão dos países Ocidentais de enviar armas pesadas para a Ucrânia, inclusive armas de ataque, deverá aumentar a capacidade de resistência do país à invasão russa.
Ao mesmo tempo, a Ucrânia está demandando permissão para entrar na União Europeia. A Finlândia e a Suécia declararam intensão de entrar na aliança militar ocidental, a OTAN. A Rússia já anunciou que, caso isto ocorra, não poderá mais se comprometer em manter o Ártico desnuclearizado.
Por outro lado, a Rússia, após concentrar suas tropas no leste da Ucrânia, voltou a bombardear cidades, inclusive na capital Kiev, e entroncamentos rodoviários e ferroviários no oeste do país, com o objetivo de evitar que estas armas cheguem às mãos dos ucranianos.
Ao mesmo tempo, tenta evitar seu total isolamento econômico através de acordos bilaterais principalmente com países do Oriente e a China dá sinais de que pretende adotar uma política de aproximação com a Rússia. Finalmente, caso a exigência da Rússia de que somente vai aceitar pagamentos pelo gás natural do país em sua própria moeda, o Rublo, caso seja bem sucedida, criaria uma moeda internacional paralela, com lastro nesta commodity, o que reduziria consideravelmente o poder dos países Ocidentais de isolar financeiramente o país.
A guerra vai ser longa, a oferta de commodities importantes como trigo, milho, frango, petróleo, gás natural, fertilizantes, minerais, entre outras, vai permanecer escassa, os preços elevados, o que, combinado às políticas fiscais e monetárias excessivamente estimulativas dos países desenvolvidos, deverá aumentar as pressões inflacionárias e forçar os bancos centrais a adotar políticas monetárias mais restritivas. O resultado será mais inflação e menos crescimento ou, até mesmo, uma recessão mundial.