Expresso Bolsa
O IBOV terminou a quarta-feira com uma alta de +1,67% atingindo os 101,4k. O mercado brasileiro refletiu em grande parte o bom-humor com a temporada de balanços melhor do que esperado, bem como os sinais do Fed sobre um possível posicionamento mais leve no ciclo de apertamento monetário nas próximas reuniões. Vale lembrar que, ontem, o Fed elevou os juros americanos em +0,75%, como uma tentativa de controle da inflação.
Novos relatórios
🚑 Odontoprev (ODPV3): Análise do resultado 2T22: Um empurrãozinho de novos beneficiários
As adições líquidas de 170k beneficiários no 2T22 foram positivas para Odontoprev, mas a tradução disso em um tímido crescimento de receita de 2% t/t e 5,8% a/a (muito abaixo da inflação no período) demonstram a insustentabilidade do crescimento da companhia. Houve ainda certa normalização da sinistralidade (42,1% no 2T22), o que já era esperado, alcançando patamares perto do pré-pandemia.
🛒 Assaí (ASAI3) | Análise 2T22: Acima de nossa expectativa
O top pick do setor de supermercados apresentou um ótimo resultado para o 2º trimestre. Apesar de vermos uma pressão ano contra ano, as margens vieram acima de nossa expectativa. Destaque para última linha do atacarejo, que reportou um lucro líquido 14% acima de nossa estimativa.
🛒 Grupo Pão de Açúcar | Análise 2T22: Crescendo abaixo da inflação
Grupo Éxito crescendo bem e GPA Brasil diluindo crescimento. Revertendo o lucro de R$ 55 m no 2º trimestre de 2021, o GPA apresentou um prejuízo líquido de R$ 142 m no 2T22, 8,7% abaixo de nossa estimativa (R$ 155 m). Sem muitas surpresas em relação, avaliamos o resultado como NEUTRO e reiteramos a recomendação de MANTER para o PCAR3.
🏦 Bradesco (BBDC4) | Prévia 2T22: mais morno com risco de piora na inadimplência
Esperamos que o Bradesco tenha um tri um pouco mais morno, com crescimento de lucro de 1,2% t/t e 9,2% a/a. Com uma carteira de PF proporcionalmente mais alta que seus pares, o risco na piora do ciclo de crédito fica mais evidente no Bradesco. Esperamos que inadimplência continue piorando. Do lado positivo, O resultado deve ser beneficiado pelo melhor mix de crédito, bom ritmo de crescimento da carteira e normalização do resultado de seguros.
O que aconteceu no Mercado?
Santander (SANB11): Desafio à frente!
O resultado. O Santander reportou um lucro de R$ 4,08b (+0,8% t/t e -2,08% a/a), praticamente em linha com as nossas expectativas (+1,1%) e do consenso (+2,63%). No entanto, assim como no 1T, a qualidade do resultado veio pior do que esperávamos. O lucro antes do imposto caiu 12,3% t/t e 26,7% a/a.
Custo de crédito. O custo de crédito foi o principal detrator do resultado, com a as provisões avançando impressionantes 24,6% t/t e 72,8% a/a. Do lado positivo, o maior controle na originação de crédito, que penaliza o crescimento da carteira em relação a pares, parece surtir efeito. A inadimplência (NPL 90) retraiu 0,02 pp t/t, mantendo-se em 2,9%. O alto provisionamento e inadimplência controlada, elevaram a cobertura (90 d) para 224% (+9,33 pp t/t).
Fique ligado! O crescimento de lucro t/t e bom ROE de 20,8% no trimestre podem ser atribuídos ao imposto. Já esperávamos uma alíquota efetiva baixa (29,1%), mas bem acima dos 15% reportados. Uma alíquota efetiva tão baixa não deve se sustentar no 2S, fazendo com que o resultado operacional seja mais visível. Por um lado, a cobertura de provisões adicionais poderá ainda contribuir para o resultado operacional, dado que esperamos um arrefecimento das provisões já no 4T. Por outro, a normalização da alíquota efetiva e maior pressão de custos com o dissídio de salários deve jogar contra. Com um 2S desafiador à frente, seguimos pouco otimistas para o Santander no ano em relação a seus pares.
Ambev (ABEV3): Custos seguem pressionando
Resultado 2T22. Com um aumento de 6,1% a/a no volume vendido, a Ambev avançou sua receita líquida para R$ 18 bi no 2T22, representando um aumento de 14,5% em relação ao 2T21. Isso se deve ao maior nível de consumo no Brasil, com menos restrições e aumento de encontros social no país.
Custos elevados. Mesmo com avanços nas principais linhas da companhia, vimos também um grande aumento no custo do produto vendido (CPV): alta de 18% a/a, chegando a R$ 9,3 bi. Além disso, a margem EBITDA da companhia retraiu 2,9 p.p., vindo de 33,7% no 2T21 para 30,8% no 2T22.
Cenário segue desafiador. Os aumentos nos grandes números da Ambev demonstram um sinal positivo de que o consumo está melhor, porém esse efeito vem de uma base de comparação bastante fraca – o 2T21 foi ruim para a companhia, então faz sentido vermos aumentos nesse tri. Na nossa visão, o cenário macro desafiador (inflação e commodities ainda em alta e juros aumentando) deve continuar pressionando a maior cervejaria do Brasil, que terá dificuldades em melhorar sua rentabilidade.
GOLL4
Resultado em linha e revisão do guidance positiva
A Gol reportou números em linha com as nossas estimativas. A receita líquida atingiu R$3,24b, resultando num EBIT recorrente de R$50,8m. O grande destaque positivo foi o aumento do Yield, que atingiu 43 centavos, a acima dos 41,4 projetados. A boa gestão dos yields compensou o aumento no custo do combustível. A empresa também revisitou seu guidance para 2022, embora a expectativa de crescimento de ASK seja menor agora, a empresa aumentou as expectativas de crescimento de receita devido ao novo patamar de tarifas. (GOL e Genial)
AERI3 WEGE3
GE corta fornecimento de turbinas eólicas no Brasil
A GE Renewable Energy, uma das maiores fornecedoras de turbinas eólicas do Brasil, não irá mais produzir seus aerogeradores no país. A companhia disse que mesmo após encerrar a operação, irá continuar com os projetos já contratados e dando manutenção às turbinas em operação. Essa decisão é positiva a WEG, visto que a GE era uma competidora direta no fornecimento de aerogeradores, e negativamente a Aeris, já que a gigante americana era um dos maiores clientes da empresa. (Brazil Journal e Genial)
MINERAÇÃO
Faturamento do setor mineral cai –24% no 1S22
O setor mineral brasileiro teve um faturamento de R$ 113,2b no 1S22 (-24% a/a), com produção de 441 Mt (-9% a/a). O desempenho negativo foi em grande parcela influenciado pela queda nas exportações, indo para US$ 21,1b (-23,8% a/a), com um volume de 160,8 Mt (-7,9% a/a). As grandes razões para tais quedas estão relacionadas com a redução da atividade chinesa em virtude dos lockdowns cujos sinais de melhora estão mais lentos que o esperado. (Ibram, Valor e Genial)
SIDERURGIA
Fica o alerta!
O grupo anglo-australiano Rio Tinto (competidor da Vale) sinalizou o fim da era dos retornos recordes para a mineração, após divulgar uma grande queda no lucro do 1S22 e reduzir em mais de 50% o pagamento de dividendos. A percepção negativa de recessão, aliado a custos mais elevados acabaram pressionando as margens. E como se não bastasse, a incerteza com a situação imobiliária chinesa vem contribuindo para a preocupação com demandas futuras. Isso é um grande alerta para os números que a Vale divulgará hoje pós-fechamento. (Valor e Genial)
BANCOS
Inadimplência subindo
Segundo dados do Banco Central, o saldo das operações de crédito cresceu 0,8% m/m e 16,8% a/a em abril. A inadimplência subiu 1 pp m/m para 2,7%. Entre as empresas a inadimplência ficou estável m/m. Entre as famílias a inadimplência subiu de 3,4% em março para 3,5%. (Bacen, Valor e Genial)
De olho na economia
Sem surpresas, investidores reagem com entusiasmo ao aumento dos juros nos Estados Unidos
Como era amplamente esperado pelos investidores, o Comitê de Mercado Aberto do Banco Central americano (Fomc) decidiu aumentar a taxa básica de juros em 0,75 pontos de porcentagem ontem. Com isto, a taxa dos Fed Funds deverá variar no intervalo de 2,25% a 2,50% ao ano. É a segunda elevação consecutiva de 0,75 p.p.
O comunicado que se seguiu à reunião trouxe poucas novidades em relação ao comunicado da reunião anterior. A autoridade monetária se declarou preocupada com o grau de aperto do mercado de trabalho, com as graves dificuldades econômicas decorrentes da guerra no leste europeu e com os desequilíbrios entre oferta e procura decorrentes da pandemia.
Nesse contexto, a avaliação dos membros do Comitê é que novas elevações da taxa de juros serão necessárias no futuro e que estão totalmente comprometidos em levar a inflação para a meta.
Em discurso após a divulgação do comunicado, o Presidente Jerome Powell se mostrou particularmente preocupado com a aceleração dos reajustes de salários e indicou que provavelmente a taxa de juros atingiu o nível neutro, que não gera aceleração ou desaceleração da atividade econômica, mas que a política monetária precisará ser moderadamente restritiva para conseguir levar a inflação para a meta.
Segundo ele, ainda que muito provavelmente será necessário novo aumento “incomumente elevado” da taxa de juros na próxima reunião do Comitê, as próximas decisões deverão depender de como os dados de inflação irão se comportar nos próximos meses.
Como este resultado já havia sido antecipado pela maioria dos investidores, os preços dos ativos financeiros, que já vinham em trajetória de valorização desde o início da seção, tiveram reação bastante positiva. No mercado financeiro internacional, o índice DXY (que mostra a trajetória do Dólar frente a seis moedas fortes) caiu, as bolsas americanas aceleraram a valorização e as taxas dos Treasuries caíram, enquanto, no mercado interno, o Real e o IBOVESPA aceleraram a trajetória de valorização e as taxas de juros caíram.
Cripto
A capitalização total de mercado dos criptoativos cresceu cerca de US$ 100 bi nas últimas 24h, ultrapassando novamente a marca de US$ 1 tri. A movimentação de alta teve início após o anúncio do aumento de 75 bps nas taxas de juros dos EUA pelo FED.
Após atingir o menor valor semanal ontem, abaixo de US$ 21k, o BTC valorizou 8% em questão de horas após a decisão do FED, e voltou a ser negociado acima de US$ 23k. O rápido movimento de alta surpreendeu alguns participantes do mercado que apostavam na baixa dos criptoativos. Foram liquidados mais de US$ 400m em posições short.
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Renda Fixa
Ontem o dia foi pautado pela decisão do FOMC, e a reação do mercado foi de uma postura mais dovish, onde tivemos o USD se desvalorizando contra seus pares com as treasuries caindo.
Localmente, tivemos a mesma reação, com outra valorização do real e mais queda da curva de juros. Esse movimento no mercado de juros nos últimos dias pode ser explicado por uma percepção de que o Copom manterá sua postura hawkish, alinhada com fluxos estrangeiros que vem melhorando, tudo isso somado a essa postura do FED.