A Genial, em parceria com a Quaest, divulgou hoje (10) a primeira pesquisa com deputados federais. O levantamento é o maior já feito nesta categoria e entrevistou 185 políticos com mandato em exercício na Câmara Federal. O intervalo de coleta foi de 13 de junho e 6 de agosto.
Para assegurar o equilíbrio representativo, os entrevistados equivalem a 36% do total de deputados, considerando região e posicionamento do partido. A margem de erro da pesquisa é de 4,8 pontos percentuais.
Governo Lula
Quando questionados sobre como avaliam o Governo Lula, 35% dos deputados consideram positivo, 30% regular e 33% negativo. A avaliação dos parlamentares é muito similar à opinião pública identificada na pesquisa de junho, mas diverge do olhar do mercado financeiro –o que é compreensível, visto que a classe representa interesses e características socioeconômicas bem definidas.
Na comparação com a gestão de Bolsonaro, 43% dos políticos consideram o governo Lula melhor, enquanto 12% apontam como igual e 36% dizem que é pior. Os demais não quiseram ou não souberam responder. Mais uma vez, a distribuição da opinião identificada na Câmara é muito similar com a opinião dos eleitores consultados para o último levantamento.
Sobre a direção de gestão que o país está seguindo, a maioria dos deputados acha que estamos no caminho certo, assim como os populares consultados.
Avaliação dos ministros
Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Governo Lula, é o mais bem avaliado. Ele é o único avaliado com atuação positiva por mais da metade dos respondentes (52%), também é o chefe de pasta com rejeição mais baixa (20%), empatado com Simone Tebet, do Planejamento, e Alexandre Silveira, de Minas e Energia. Flávio Dino, Rui Costa, ministro da Casa Civil, é o preterido da lista, com 25% de avaliações positivas e 41% de avaliações negativas.
A predileção pelo trabalho feito por Haddad pode ser atribuída à atuação do ministro, que se propôs a fazer articulação direta com os parlamentares para aprovar projetos prioritários de sua agenda.
Relação com o Congresso
Quanto ao relacionamento entre os membros da casa baixa do Legislativo e o presidente, 24% consideram positiva, enquanto 32% julgam regular e 41% negativa. Para dois terços dos consultados, o Governo dá menos atenção aos parlamentares do que deveria. Ainda, se o assunto é sobre a própria influência no Orçamento, 40% acham que está dentro do ideal e 35% acham que deveria ter mais influência.
Se partimos para a capacidade da gestão de aprovar sua agenda no Congresso, mais da metade dos parlamentares diz que as chances são altas e que o fator determinante para que isso aconteça é o cumprimento dos acordos com os líderes dos partidos e a liberação de grana para as emendas.
Para o Congresso, neste momento, a pauta central do Governo deveria girar em torno das medidas de arrecadação. Isso conversa com o cumprimento do arcabouço fiscal que propõe zerar o déficit público já no próximo ano, em 2024, fazendo-se necessário aumentar a arrecadação. Nesta agenda, os parlamentares apontam que é mais provável que o governo consiga aprovar a taxação de apostas online (65%) e a extinção dos JCP (50%).
O ponto sensível de aprovação, na opinião de mais da metade dos políticos, está na taxação dos fundos exclusivos, uma das medidas levantadas por Haddad. O projeto do chefe da Fazenda é para incidir come-cotas nos fundos dos super ricos, como forma de antecipar o imposto de renda que pode levar décadas e mais décadas para ser arrecadado, uma vez que, hoje, só é pago no resgate dos valores. A expectativa é que a estratégia gere arrecadação na casa dos bilhões.
Principais problemas do Brasil
A opinião dos deputados federais quanto às questões mais graves do país é semelhante à da população. Para 38% dos consultados no Congresso, economia é a mais urgente, com ênfase para os juros elevados –situação que está em processo de reversão, uma vez que o Copom iniciou o ciclo de cortes da Selic.
Na sequência, vem questões sociais (23%), com desigualdade e fome em foco. O Brasil voltou para o Mapa da Fome em 2018 após ter saído dele em 2014.
O ponto de desencontro entre os problemas mais sérios na visão dos deputados e população está na saúde. Enquanto a opinião pública coloca a questão na terceira posição (13%), os parlamentares jogaram-na para a última das preocupações.
Petróleo na Amazônia
Na última terça-feira (9), no primeiro dia da Cúpula da Amazônia, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, teceu críticas a Lula, que considera estudar a possibilidade de explorar petróleo na foz do Rio Amazonas. Para o chefe de Estado colombiano, a política tem se mostrado incapaz de “se destacar dos interesses econômicos que derivam do capital fóssil”.
Entre os membros do Congresso, independentemente da posição ideológica, o petróleo amazônico não parece ser uma questão: 72% acham que a Petrobras deveria explorar a região.
Política e religião
Entre os consultados para a pesquisa, a maioria tem crenças cristãs. Católicos são 52% e evangélicos somam 30%. Destes, 44% têm seu trabalho no Congresso influenciado pela religião.
O peso maior da influência religiosa é identificado entre os deputados orientados à direita e evangélicos, mas os demais não ficam para trás com grande diferença.
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