Atualize seus conhecimentos com o tudo sobre renda fixa (30/01 a 03/02) do Analisa. Principais informações sobre o que aconteceu no mercado de renda fixa na semana, com análise do mercado externo, local e o que mais será relevante nos próximos dias.
Renda Fixa: Brasil
No cenário local, o tom da semana foi ditado por um Banco Central com comunicado de tom duro após a decisão de manutenção da taxa Selic em 13,75%, além de um início de perseguição do Partido dos Trabalhadores e de Lula ao BC independente e o nível da taxa de juros atual.
Da parte do Banco Central, o que se pôde tirar do comunicado foi que o órgão está em sincronia com a opinião de grande parte do mercado, ao relatar atenção com o provável aumento da dívida no governo atual, apontando para uma manutenção da taxa Selic por grande parte de 2023 e até 2024 (fortalecendo ativos indexados ao CDI por mais tempo),para colocar a inflação na meta.
Em relação às falas de Lula, teme-se uma futura interferência do governo no BC após o fim do mandato de Roberto Campos Neto, ou até indicando um diretor mais alinhado ao governo do que ao mercado.
Há uma clara divergência entre o governo atual e o Banco Central não apenas política mas econômica, principalmente quando fazemos referência aos constantes ataques da cúpula alta do PT ao nível da Selic, agitando o mercado. que urge por estabilidade no país.
Renda Fixa: Exterior
No cenário internacional, destacam-se também as decisões do FED e do BCE sobre as suas respectivas taxas de juros.
Nos Estados Unidos, seguindo o consenso de mercado, o Federal Reserve decidiu tentar iniciar o seu soft landing da economia, visando nenhuma ou mínima recessão em seu horizonte. Aumentando seus juros em apenas 25 p.p., acredita-se em um estágio inicial de um processo desinflacionário, contrariado por um mercado de trabalho ainda aquecido.
De fato, segundo o payroll americano lançado nessa sexta-feira, a taxa de desemprego do mês de janeiro veio com uma queda de 0,1 p.p., divergindo do consenso de mercado, que esperava uma alta de mesma proporção – fortalecendo as expectativas de contínuos aumentos pelo FED nas próximas reuniões em março e maio.
Já na Europa, nada mais que o esperado. Elevando as taxas em 0,5 p.p. e para 2,5%, o BCE continua com seu ritmo hawkish, a fim de finalmente chegar à meta de inflação de 2%, em um cenário inflacionário pressionado pela reabertura da China e a retirada dos estímulos fiscais aos preços de gás e energia.
Curva de Juros e Inflação
Em semana inicialmente com viés positivo após ajuste de posições da alta da última semana, a curva de juros terminou a sexta-feira ainda negativamente influenciada pelas decisões de taxa de juros pelo Copom e pelo FED, além das polêmicas falas de Lula e do Partido dos Trabalhadores.
Desse modo, as taxas de DIs futuros terminaram em grande alta nesta semana, principalmente nos vértices mais longos, em quase 35 bps, culminando em uma alta semanal dos juros nominais.
Os juros reais também viram um maior aumento em seus vértices mais curtos, representados pela cautela com a taxa Selic no horizonte atual, culminando novamente em um aumento da inflação implícita.
Retornos dos índices de renda fixa
Dentre os índices de renda fixa, se nota um desempenho negativo dos índices IMA-B, atrelados ao IPCA, enquanto o IRF-M 1+, atrelado aos títulos prefixados com prazos acima de um ano, observou um leve aumento.
Boletim Focus
Seguindo a tendência inflacionária da semana do dia 23 ao 27, o Boletim Focus lançado nessa semana apresentou novamente alta nas projeções de inflação para os próximos anos, indo de encontro ao movimento observado nas inflações implícitas nos juros futuros.
Fora isso, destaca-se a expectativa de apreciação cambial para esse ano, visto os movimentos de valorização do real sobre o dólar futuro nos últimos dias.
Crédito Privado
Seguindo o caos instaurado no mercado de crédito após a crise da Americanas, agora chegou a vez da Light. Após contratar a mesma assessoria que atuou na recuperação judicial da Oi, a empresa carioca teve teve seu rating abaixado pela Fitch de AA para CCC, ligando o sinal de alerta para seus investidores.
O grande problema da situação se encontra na renovação da concessão de distribuição de energia pela empresa, que vence em 2026. Representando uma grande parte do seu EBITDA Ajustado, após contratar uma empresa focada em reestruturação de capital, fica a dúvida sobre a renovação do contrato.
Em cenário de risco acentuado pelo caso Americanas, os papéis da empresa começaram a ser vendidos cada vez mais, derrubando o preço de suas de suas debêntures, na maioria incentivadas, devido à marcação a mercado, e tendo seus spreads aumentados significativamente.
Leilões do Tesouro Nacional
Nos leilões do Tesouro Nacional dessa semana, destaca-se uma grande absorção das NTN-Fs e da primeira emissão de NTN-Bs. No entanto, é de se notar que os títulos LTN (pré-fixados) foram pouco absorvidos – já que são mais voláteis em relação às mudanças nas taxas de juros.
Renda fixa: o que esperar para a próxima semana?
- Ata do Copom no dia 7
- Lançamento do IGP-DI pela FGV no dia 7
- Discurso de Jerome Powell no dia 7
- IPCA de janeiro no dia 9