Atualize seus conhecimentos com o tudo sobre renda fixa (06/02 a 10/02) do Analisa. Principais informações sobre o que aconteceu no mercado de renda fixa na semana, com análise do mercado externo, local e o que mais será relevante nos próximos dias.
Renda Fixa: Brasil
A semana de renda fixa no Brasil foi marcada por um sentimento diário de deja-vu, enquanto o presidente Lula e o PT continuaram com críticas ao Banco Central, a taxa Selic e a meta de inflação. Além disso, tivemos a divulgação da ata do Copom após a decisão de manutenção da taxa de juros em 13,75%, que acabou apaziguando um pouco os ânimos do mercado em relação às expectativas de inflação, trazendo reconhecimento aos esforços do Ministério da Fazenda para diminuir a dívida pública.
As críticas ao BC da semana começaram já na segunda-feira, na cerimônia de Mercadante como presidente do BNDES, enquanto relatos saíram no dia seguinte sobre o presidente colocar na diretoria do órgão pessoas de confiança, para fazer oposição ao presidente RC Neto.
Após os ânimos ficarem muito exaltados, o ministro Alexandre Padilha, como já havia feito antes, chegou para apaziguar, afirmando que as discussões sobre metas e a independência do BC não eram pautas no Planalto, e continuou abaixando o fogo na quinta, enquanto Gleisi Hoffman, presidente do PT, em movimento contrário, defendia que o presidente do órgão fosse convidado a prestar esclarecimentos ao Congresso.
A briga entre os órgãos fiscais e monetários parece acirrada e realmente longe de acabar, mas a possibilidade de um acordo pode estar próxima: na reunião do Conselho Monetário Nacional semana que vem, que pode introduzir o tema das metas de inflação para debate. A fim de facilitar a redução dos juros para correr atrás de uma meta mais plausível, o efeito realizado pode não o desejado, sendo o maior medo do mercado uma espiral da inflação para cima.
Renda Fixa: Exterior
O cenário de renda fixa nos Estados Unidos foi marcado por um novo discurso hawkish de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve. Segundo o mesmo, enquanto o mercado de trabalho continuar forte no país (após o payroll da última semana mostrar diminuição no desemprego), novos aumentos nas taxas de juros serão necessários.
Se espera então, no consenso de mercado, novos aumentos de 25 bps ao menos nas próximas duas reuniões, ao passo que a autoridade se encontra firme no objetivo de atingir a meta de inflação de 2%, que julga como “padrão global“.
Já na Europa, a mesma tendência hawkish das últimas semanas. Segundo Isabel Schnabel, membra do conselho do BCE, as taxas se manterão altas até evidências de que a inflação retornou à meta, a fim de finalmente fomentar o poder de compra da população.
Curva de Juros e Inflação
Em similaridade à semana passada, em que os vértices mais longos das curvas futuras de juros viram aumento, o movimento dessa foi igual, se consolidando cada vez mais nos níveis acima de 13% e seguindo o risco fiscal cada vez mais próximo decorrente da possível mudança na meta de inflação, que pode levar o governo a gastar mais.
Já os vértices curtos, tanto nos vértices nominais quanto nos reais, viram significante declínio, em razão dos resultados do IPCA de janeiro saírem melhor que o esperado pelo consenso, e levando a inflação anual decorrer de 5,79% para 5,77%.
Retornos dos índices de renda fixa
Dentro dos índices de renda fixa, nota-se um desempenho positivo semanal para todos os listados, com atenção especial ao IMA-B5 e ao IRF-M 1+. Já em relação ao retorno mensal, percebe-se um desempenho nem tão positivo assim, levando em consideração as perdas das últimas semanas.
Boletim Focus
O Boletim Focus dessa semana acabou saindo um pouco melhor do que o esperado, com expectativas inflacionárias para 2023 e 2024 subindo 3 bps, enquanto a Selic se manteve intacta para 2023, com expectativas aumentadas para os anos seguintes.
Crédito Privado
Chegou a vez de Oi, Marisa e Azul mostrarem novos problemas financeiros, após o caos instaurado pela Americanas no mercado de crédito privado no começo de janeiro, e a Light iniciar um processo de reestruturação de capital.
Começando pela Oi, após encerrar seu período de recuperação judicial em dezembro, a empresa segue com uma dívida de aproximadamente R$29 bi, entrando na Justiça novamente com um pedido de proteção contra credores, provavelmente se preparando para uma segunda RJ – tendo sua nota de crédito global abaixado pela S&P de CCC- para D, representando situação de calote e prejudicando muitos fundos com exposição às suas debêntures nessa semana.
Já a Marisa, após divulgar a renúncia de seu CEO na terça, também anunciou processo de reestruturação de capital, a fim de renegociar suas dívidas, que chegaram a R$603,4 mi no 2T do ano passado, comprometendo 1,4 mil fundos expostos às suas ações e debêntures.
Do lado da Azul, que busca refinanciar suas dívidas num mercado de crédito atual apertado, chegou a ter uma de suas debêntures com queda mensal de quase 10% em seu preço, além de ter sua nota de crédito global abaixada para CCC- pela Fitch.
Leilões do Tesouro Nacional
Na terça-feira, tivemos um leilão fraco tanto de NTN-Bs quanto de LFTs, representando um mercado não contente com a oferta do Tesouro, atrás de maior prêmio após grande volatilidade no mercado no início da semana. Já na quinta-feira, tivemos um leilão de completa absorção de títulos pré-fixados, mais conformado com o prêmio ofertado sobre os títulos após uma boa leitura do IPCA mensal pela manhã.
Renda fixa: o que esperar para a próxima semana?
- Dados da inflação americana (CPI) no dia 14
- Divulgação do índice de inflação IGP-10 de janeiro no dia 15
- Produção industrial de janeiro dos EUA no dia 15
- Divulgação do índice IBC-Br pelo BC no dia 16