Atualize seus conhecimentos com o tudo sobre renda fixa (13/03 a 17/03) do Analisa. Principais informações sobre o que aconteceu no mercado de renda fixa na semana, com análise do mercado externo, local e o que mais será relevante nos próximos dias.
Renda Fixa: Brasil
O principal driver dos juros locais, como nas ultimas semanas, segue sendo o movimento nos juros americanos, as treasuries, que vem operando em forte queda devido aos problemas envolvendo o setor de bancos, mais especificamente os bancos regionais de médio/pequeno porte
Os dados de atividade, como o numero da PNAD, continua mostrando arrefecimento, com aumento na taxa de desemprego, o que é positivo para uma possível queda na taxa Selic, por reduzir pressão inflacionária.
Observando as projeções nos juros, o mercado já passou a precificar com 30% de probabilidade, que o Banco Central irá reduzir a Selic meta para 13,50% na reunião que acontecerá em maio.
Portanto, para o Banco Central poder iniciar uma politica monetária mais expansiva, falta os núcleos de inflação começarem a vir mais baixos, pois o efeito do cenário externo, somado aos sinais de queda na atividade, podem jogar a favor de uma Selic mais baixa mais a frente.
Renda Fixa: Exterior
Nesta semana, as taxas de juros das treasury registraram fortes baixas, em especial para os prazos de dois anos que recuaram pouco mais de 70 bps.
Esses movimentos decorreram da maior procura por segurança e da expectativa de o Fed irá alterar seu plano de voo para a política monetária.
Os problemas dos bancos regionais, desencadeados após as liquidações do Silicon Valley Bank, Signature Bank de Nova York e o Silvergate Bank e do socorro dos grandes bancos do First Republic Bank, outro banco de médio porte, levaram os investidores a se desfazerem de suas ações e a apostarem que o Fed reduzirá a Fed Fund Rate a partir do segundo semestre, para evitar uma recessão.
O índice KBW das ações destes bancos regionais acumula uma perda de pouco mais de 20% neste mês, sendo quase 10% na última semana.
Já na zona do euro, confirmando a indicação feita na reunião de fevereiro, mesmo em meio aos últimos acontecimentos do sistema financeiro internacional, o Banco Central Europeu decidiu por elevar a taxa básica de juros em 0,50 p.p., fazendo com que as taxas de empréstimo, refinanciamento e de depósito ficassem em 3,75%, 3,50% e 3,0%, respectivamente, os maiores níveis desde 2008.
Curva de Juros e Inflação
Foi uma semana muito positiva com relação ao movimento nos juros, muito devido ao movimento que aconteceu, principalmente, nos juros americanos, além das definições aparentemente positivas sobre o arcabouço fiscal.
Olhando as projeções para a Selic nas próximas reuniões, já existe 30% de chance do BCB cortar 25bps na reunião de maio, e, terminaria o ciclo dos juros com a Selic terminal em 12%.
Olhando a inflação implícita através das NTN-Bs e DIs, observou-se após algumas semanas, uma leve queda, mas ainda em patamares muito acima da meta do BCB e do que se observa na inflação projetada pelos economistas no boletim Focus.
Boletim Focus
Os destaques do Boletim Focus desta semana ficam para as projeções de IPCA para o longo prazo. Nesta leitura, a mediana do IPCA para 2023 recuou de 5,96% para 5,95%. Porém, a estimativa para o IPCA de 2025 subiu pela quinta semana consecutiva, saindo de 3,80% para 3,9%, e para 2026, de 3,79% para 4%, sendo que a meta atual do Banco Central para esses anos é de 3%.
As projeções de taxa Selic (fim de período) e de taxa de câmbio (reais em dólar) permanecem inalteradas para 2023 e 2024. 12,75% e 10,00% são as respectivas projeções para 2023 e 2024 da taxa Selic, enquanto 5,25 e 5,30 são as projeções de câmbio, respectivamente.
Essas estimativas de inflação muito acima da meta do BCB podem dar indicações de que a meta pode ser elevada na decisão do CMN.
Top pick da semana
CRA JBS – Vencimento 11/2030 – Juros Semestrais – Rating AAA Fitch – Duration 5,6 anos – Taxa: IPCA + 6,60% a.a. Isento de IR.
A JBS é atualmente o maior produtor de proteínas e a segunda maior empresa de alimentos do mundo. A companhia opera no processamento de carnes bovina, suína, ovina e de frango, e também atua na produção de alimentos de conveniência e valor agregado. Além disso, comercializa produtos de couros, higiene, colágeno, embalagens metálicas, entre outros.
Pontos Fortes: O aumento populacional e elevação da renda per capita são fatores que favorecem a tendência de aumento no consumo de proteína animal no médio e longo prazo e acreditamos que a JBS tem condições de aproveitar esse movimento através de um diversificado portfólio de produtos, com dezenas de marcas reconhecidas no Brasil e no exterior, tendo presença em 15 países e atendendo cerca de 275 mil clientes ao redor do mundo.
A partir de seu porte, a empresa consegue ainda capturar ganhos de escala, otimização da produção, redução de custos fixos e uma posição privilegiada para negociar preços de compra e venda com seus fornecedores e clientes. A dinâmica de custo é essencial no setor e precisa ser acompanhada de perto.
Riscos: A empresa possui grande exposição à pecuária de corte (carne bovina in natura), uma atividade de ciclo longo em que a resposta da produção a estímulos externos, como os preços recebidos, acontece de forma muito lenta.
Em momentos do ciclo onde existe escassez de oferta por exemplo, os preços do boi gordo aumentam e comprimem as margens de lucro dos frigoríficos (maior custo). Hoje o ciclo completo dura em torno de 5 a 6 anos.
Por ser uma empresa exportadora e globalizada (com plantas em diferentes países), a JBS fica exposta às oscilações cambiais – que podem afetar diretamente os resultados. Também destacamos os riscos sanitários inerentes ao setor como um todo e eventuais embargos aos produtos ou países onde a empresa possui operação.
Análise do Crédito: A JBS possui disponibilidade de caixa superior a 3x o valor de sua dívida de curto prazo, que representa 11,5% do endividamento total– sendo que o prazo médio do principal da dívida é de 10 anos.
Segundo o último reporte de resultados da empresa, a dívida é 89,5% em dólar, com custo aproximado de 4,58% ao ano, e 10,5% em real com custo de aproximadamente 6,96% ao ano. A relação Dívida Líquida/EBITDA que mede a alavancagem financeira encerrou o 3T22 em 2,08x. A empresa é avaliada com um rating AAA pela Fitch Ratings.
Renda fixa: o que esperar para a próxima semana?
O destaque da agenda será a reunião do Copom, nos dias 21 e 22 de março. A expectativa é de que o Banco Central mantenha a taxa Selic em 13,75%. Os investidores esperam encontrar algum sinal no comunicado com a decisão sobre o abrandamento da política monetária.
No dia 24, o IBGE divulgará a variação do IPCA-15 de março. O mercado projeta uma alta de 0,68%, ante 0,76% em fevereiro.
Nos EUA, a reunião do FED, nos dias 21 e 22 de março, será o destaque da agenda. A expectativa é de que ocorrerá nova elevação de 0,25 ponto percentual da Fed Fund Rate.
Na Inglaterra, a política monetária também será destaque. Os investidores esperam que o Banco da Inglaterra prossiga com sua política de elevação dos juros e aumente a taxa básica de juros em 0,25pp,para 4,25% ao ano. A decisão será anunciada no dia 23/03.