Renda Fixa

Publicado em 03 de Janeiro às 12:00:42

Nova Marcação a Mercado: tudo o que você precisa saber sobre a nova regra

A marcação a mercado (MaM) é um dos mecanismos mais importantes para os investimentos, principalmente de renda fixa. Porém, muitos investidores não conhecem seu funcionamento e não sabem como ela pode afetar os resultados.

Com a intenção de mudar isso, novas regras foram previstas para a marcação a mercado em 2023. Logo, convém entender quais são as alterações para compreender como elas podem afetar a sua atuação no mercado de investimentos.

O que muda na nova marcação a mercado na renda fixa?

As alterações nas regras foram pensadas pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA).

Ela é uma entidade que apresenta um código de autorregulamentação para as instituições financeiras associadas. Com isso, é comum que a ANBIMA realize mudanças focando na melhoria do ambiente de investimentos.

A principal alteração para a marcação a mercado da renda fixa é a forma como o preço do título e, consequentemente, o patrimônio do investidor devem ser apresentados.

Atualmente, o valor de um título é mostrado de acordo com o capital inicialmente investido mais a rentabilidade do período.

Porém, se o título for resgatado de modo antecipado, provavelmente ele não valerá aquele preço. Como você já sabe, a aplicação tende a ser negociada por um preço maior ou por um preço menor, dependendo das condições do mercado.

Segundo as novas regras da ANBIMA, as instituições financeiras ficam obrigadas a apresentar o valor do investimento atualizado periodicamente. Assim, você saberá quanto é possível obter ao vender a aplicação naquele momento.

Qual o objetivo da mudança na marcação a mercado?

Um dos motivos para a implementação da mudança é trazer mais clareza para quem investe. Antes, por padrão, era necessário conferir o preço sem atualização das aplicações financeiras. Isso poderia levar quem investe a cometer um erro na estratégia.

Afinal, o investidor acharia que o título tem um preço maior ou menor do que efetivamente apresenta — e poderia ser surpreendido na hora da venda. Com as mudanças, a ANBIMA espera oferecer mais transparência e clareza a respeito das movimentações do mercado.

Ao mesmo tempo, é importante notar que o preço atualizado não garante que a venda ocorrerá por aquele valor. Além de incidir taxas e outros descontos, as condições podem não ser exatamente aquelas se o mercado estiver com baixa liquidez, por exemplo.

A mudança é obrigatória?

Como as regras já foram aprovadas e implementadas pela ANBIMA, a mudança ocorrerá de modo automático e obrigatório. Ou seja, sua corretora de valores deverá começar a apresentar as informações dos títulos de modo mais atualizado.

Também é obrigatório demonstrar a qual dia se refere o valor do título apresentado. Isso é especialmente relevante no caso de a atualização não ocorrer todos os dias.

Quais serão os títulos afetados?

Ao menos nos primeiros momentos da mudança, não serão todos os títulos de renda fixa que farão parte da nova regra de exibição de informações da marcação a mercado.

Segundo a ANBIMA, a nova determinação vale para:

  • certificado de recebíveis imobiliários (CRI);
  • certificado de recebíveis do agronegócio (CRA);
  • debêntures;
  • títulos do Tesouro Direto adquiridos via tesouraria.

Futuramente, outros investimentos poderão ser contemplados pela nova regra, embora nada tenha sido confirmado nesse sentido.

A frequência de atualização dos preços deve ser diária?

De acordo com as regras da ANBIMA, a atualização dos preços dos títulos e do patrimônio do investidor não precisa ser, necessariamente, diária. O obrigatório é que essa atualização ocorra, no mínimo, a cada mês.

Porém, as instituições têm liberdade para fazer atualizações em períodos menores, se desejarem. O importante é que as datas estejam claras, para que o investidor saiba se a informação é recente ou não.

Além disso, é interessante que as instituições busquem apresentar o valor de mercado mais atualizado possível, ajudando a visualização dos investidores.

Que investidores serão impactados?

A vigência das novas regras de atualização dos preços é válida tanto para investidores que são pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas. No caso das empresas, entretanto, as companhias de médio e grande porte estão excluídas das novas regras.

Vale considerar, ainda, os investidores qualificados e profissionais. Os qualificados são aqueles que têm certificação profissional do mercado financeiro ou têm mais de R$ 1 milhão investido.

Já os investidores profissionais têm ao menos R$ 10 milhões investidos ou são profissionais certificados do mercado financeiro. Em ambos os casos, eles podem solicitar que o padrão de apresentação dos preços volte a ser o anterior.

Onde as informações devem ser apresentadas?

Outro ponto relevante é que os dados atualizados dos investimentos pela marcação a mercado devem ser apresentados em todos os demonstrativos voltados aos clientes. Portanto, a informação precisa estar nos extratos, mas não apenas neles.

Se você quiser conferir suas posições de investimento, por exemplo, o distribuidor deve apresentar o preço a mercado dos títulos contemplados nessa regra. A ideia é manter a consistência da apresentação de informações.

Como será feito o cálculo dos preços dos títulos?

Para apresentar o preço dos títulos de modo atualizado, os distribuidores de investimentos precisarão recorrer a um método de cálculo do valor dos títulos.

A primeira sugestão da ANBIMA é utilizar os dados que a entidade disponibiliza sobre diversos títulos do mercado. Com essa medida, é possível apresentar o preço de acordo com essa base de informações — embora ela não contemple todos os títulos do mercado.

A instituição também pode contratar um precificador ou desenvolver a própria metodologia. Nessa situação, será preciso manter as informações de cálculo disponíveis para os investidores.

Quais são os critérios para a precificação dos títulos?

Como você viu, cada instituição financeira poderá utilizar a própria metodologia para atualizar o preço de negociação dos títulos. Porém, ao considerar o cálculo da ANBIMA como referência, existem alguns fatores que afetam mais os resultados obtidos.

Os principais elementos são:

  • últimos preços de negociação no mercado;
  • nível de liquidez das aplicações;
  • prazo ou duration;
  • rating do emissor de crédito;
  • tipo de rentabilidade;
  • setor de atuação;
  • nível de volatilidade do mercado;
  • entre outros elementos.

Dessa forma, você terá uma visão geral do preço dos títulos, considerando as diferentes condições do mercado e o interesse por essas aplicações.

Quais são os benefícios das novas regras da marcação a mercado?

Como você acompanhou, a implementação das novas regras da marcação a mercado para renda fixa trará um nível maior de transparência para os investidores. Antes, só era possível saber o preço do título em determinado momento ao prosseguir com a negociação de venda antecipada.

Já com a apresentação atualizada das informações, será mais fácil capturar oportunidades e mesmo entender como os títulos de renda fixa funcionam. Ainda, o investidor terá condições de tomar uma decisão com mais reflexão, evitando escolhas precipitadas.

Outro ponto relevante é que as novas regras podem ajudar a padronizar as informações sobre os títulos, favorecendo as comparações. Isso tende a apoiar o acompanhamento e a avaliação da carteira ao longo do tempo.

As novas regras afetam o rendimento dos títulos?

Apesar de essas serem novas regras para a marcação a mercado, elas não alteram a forma como os investimentos rendem ao longo do tempo. A única mudança envolve a apresentação dos dados, que se torna mais atualizada com as novas regras da ANBIMA.

Portanto, a marcação a mercado, que já incidia sobre os títulos, permanecerá a impactar os títulos resgatados antecipadamente. Para obter o retorno acordado, você deve levar o título até o vencimento.

A forma de investir em renda fixa mudará?

Assim como as novas regras de marcação a mercado não afetarão o rendimento dos títulos de renda fixa, elas não alterarão o modo de investir na classe. Você poderá negociar os títulos da mesma forma que antes.

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Ou seja, a aplicação inicial permanece da mesma forma, assim como a possibilidade de venda do título no mercado secundário, se aplicável — quando acontecerá a marcação a mercado.

Também não ocorrerão mudanças quanto ao seu direito sobre os investimentos. Portanto, você só observará mudanças na forma de acompanhar eventuais oscilações nos preços dos títulos — mas será impactado por elas apenas se decidir vender sua aplicação antecipadamente.

Como fica a nova marcação a mercado na renda fixa e o risco de liquidez?

Agora que você conferiu as principais mudanças na regra da marcação a mercado, é o momento de entender os impactos que ela pode causar no funcionamento do mercado. Embora as alterações não afetem o desempenho dos títulos, elas podem alterar o comportamento de investidores.

Um dos principais efeitos que pode acontecer é a redução do risco de liquidez para títulos que não podem ser resgatados antecipadamente. Nessas situações, as aplicações financeiras precisam ser vendidas no mercado secundário.

No entanto, nem sempre existem interessados nos títulos. Dependendo do cenário, a negociação pode se tornar inviável pela falta da contraparte para comprar a aplicação a ser negociada.

Com as alterações na marcação a mercado, isso pode mudar devido ao aprofundamento do conhecimento por parte dos investidores. Como os resultados dos títulos serão atualizados periodicamente, quem investe saberá com clareza quanto vale o investimento ao longo do tempo.

Isso pode ajudar na identificação de oportunidades de vender o título para lucrar ou de situações em que a antecipação possa gerar perdas, por exemplo. Do ponto de vista do investidor, a alteração nas regras pode favorecer a tomada de decisão com mais consciência.

Já em relação ao mercado, há chance de a liquidez ser favorecida. Afinal, a presença de mais títulos sendo negociados no mercado secundário pode fomentar a atração de outros investidores.

Com a mudança, o ambiente de investimento pode se tornar mais robusto, facilitando a negociação das aplicações financeiras e diminuindo o risco de liquidez.

Como fica a tributação em renda fixa?

Apesar das mudanças nas regras previstas para a marcação a mercado, não ocorrerão alterações na forma como os investimentos de renda fixa são tributados. No caso daqueles que não são isentos de Imposto de Renda (IR), a alíquota continuará dependendo da tabela regressiva.

Veja qual é a relação entre as alíquotas e o período que o dinheiro permanece investido:

  • até 180 dias: 22,5%;
  • de 181 a 360 dias: 20%;
  • de 361 a 720 dias: 17,5%;
  • acima de 720 dias: 15%.

Além disso, há investimentos que podem ser tributados pelo Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Ele também é regressivo, com alíquota zerada se o resgate ocorrer a partir do 30° dia de aplicação.

O que pode mudar na tributação é a apresentação dos valores devidos. Se você quiser saber o quanto terá que pagar de imposto em um título, a base de cálculo de referência será o valor da marcação a mercado apresentado.

A ideia, portanto, é mostrar o quanto você pagaria de imposto caso o investimento fosse resgatado naquele momento. Note, entretanto, que nem sempre essa informação é apresentada — então a nova regra de apresentação da marcação a mercado pode não influenciar no resultado.

A renda fixa não é tão fixa? Como assim?

Com base no que você viu sobre a marcação a mercado, é possível concluir que também podem ocorrer perdas com um investimento de renda fixa. Ao contrário do que muitos acham, portanto, a classe não é tão fixa.

Ademais, a apresentação do preço atualizado pode assustar investidores que não verão mais o valor do título subindo a cada dia. Porém, você deve ter em mente que as possíveis perdas só acontecem se você decidir resgatar o título antes do vencimento em um período de desvalorização.

Ou seja, para investimentos de renda fixa planejados e que serão levados até o vencimento, você não precisa se preocupar com o risco de receber valores menores.

Além disso, vale saber que a marcação a mercado não é um mecanismo ruim. Na verdade, ela traz liquidez e possibilidade de existência de um mercado secundário.

Pense em quem investiu R$ 10 mil em um título que rende 10% ao ano, com prazo de 2 anos. Após 1 ano, essa pessoa tem R$ 11 mil brutos, certo? Porém, nesse momento, a taxa Selic se encontra a 11%.

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Sem a marcação a mercado, o investidor tentaria vender o título rendendo 10%, sendo que os novos títulos emitidos têm um rendimento maior. Logo, o mais provável é que ele não conseguiria realizar a negociação.

Com a marcação a mercado, há o impacto no preço de venda, permitindo que os investidores possam se desfazer de suas aplicações. Isso é uma vantagem. Dependendo da situação, entretanto, há prejuízo — se o preço de venda for menor que o montante investido.

O que é marcação a mercado?

Ela consiste em um mecanismo de precificação de títulos de renda fixa e de cotas de fundos de investimento.

De modo geral, a marcação a mercado serve para determinar qual seria o preço de um investimento caso ele fosse resgatado naquele dia. Especialmente nos títulos de renda fixa, ela ajuda a identificar a flutuação dos preços das aplicações financeiras.

Qual é o principal objetivo da marcação a mercado?

Após compreender o que é a marcação a mercado, fica mais fácil entender que ela está relacionada à precificação de determinados investimentos. Como você viu, na renda fixa esse mecanismo de precificação serve para atualizar o preço dos títulos no caso de um resgate antecipado.

Isso porque cada título de renda fixa tem um prazo de vencimento. Para os investidores que aguardam o prazo, a rentabilidade será exatamente a que foi contratada. Mas se você precisar ou quiser fazer o resgate antes, o preço precisa ser atualizado.

Assim, com a marcação a mercado você tem uma ideia de quanto o seu título está valendo a cada dia, considerando as condições da aplicação e do mercado. Desse modo, você pode definir se é mais interessante manter o título na carteira ou resgatá-lo, por exemplo.

No caso das cotas de fundos de investimento, o principal objetivo da marcação a mercado é garantir que não haja a transferência de riqueza entre os cotistas. Dessa forma, cada um tem direito a receber o valor atualizado em relação ao patrimônio do fundo, de acordo com a própria participação.

Como se faz a marcação a mercado?

O próximo aspecto para entender sobre a marcação a mercado envolve o funcionamento dela. Para ela ser realizada, existem alguns fatores que interferem na precificação — e o principal deles é a curva de juros ou yield curve.

Sendo assim, a movimentação da taxa básica de juros da economia pode fazer com que um investimento de renda fixa se valorize ou se desvalorize, caso ocorra o resgate antecipado.

No geral, o comportamento é inversamente proporcional. Ou seja, o aumento dos juros agora desvaloriza os títulos já existentes, pois eles ofereceram no passado juros mais baixos. Já a queda da taxa de juros atual costuma valorizar as aplicações antigas.

Exemplo prático

Para compreender melhor o impacto da marcação a mercado, vamos a um exemplo. Considere que você investe em um título prefixado que rende 12% ao ano. No momento da aplicação, a Selic — taxa básica de juros brasileira — é de 13,75% ao ano.

Contudo, antes do vencimento do seu título, a Selic cai para 11% ao ano. Logo, o seu título rende mais do que os títulos que serão vendidos depois da mudança. Afinal, as novas aplicações serão emitidas com um rendimento menor devido à Selic mais baixa, certo?

Então é provável que haja valorização da sua aplicação. Isso significa que, se você resgatar o título antecipadamente, pode ganhar mais do que o rendimento obtido até o momento. Mas o contrário também pode acontecer.

Se a Selic subir a 14,50% ao ano, por exemplo, os novos títulos emitidos terão uma rentabilidade maior que a sua aplicação. Como resultado, se você resgatar o investimento antecipadamente, é provável que venda o título por um preço menor.

Os efeitos da marcação a mercado tendem a ser mais intensos em títulos prefixados e híbridos, já que há um componente de taxa fixa em ambos. Por outro lado, os títulos pós-fixados acompanham naturalmente as taxas de juros.

Como você viu, para evitar os impactos desse mecanismo de precificação, basta levar os títulos até o vencimento. Nessas condições, o valor recebido seguirá as condições previamente acordadas sobre a rentabilidade.

Qual a diferença de marcação na curva e marcação a mercado?

Com o que você já aprendeu até aqui, ficou claro que a marcação a mercado atualiza os preços dos investimentos diariamente, certo? Porém, é importante saber que também existe a chamada marcação na curva.

Nesse caso, não há a atualização frequente dos preços dos ativos. Em vez disso, o valor permanece sendo o valor investido ou o resultado com a rentabilidade, se aplicável. Esse era o principal modo de visualização dos investimentos de renda fixa antes das mudanças.

Para entender melhor, considere o exemplo anterior, de um investimento de R$ 10 mil em um título com 10% de rendimento anual. Após 1 ano, o valor da marcação na curva será de R$ 11 mil, pois é o resultado bruto da aplicação no período.

Porém, esse não é o valor a ser resgatado, caso o investidor faça a venda naquele dia. Logo, o valor apresentado pela marcação a mercado é diferente. Em um cenário com uma taxa de juros menor, o montante atualizado do título pode ser maior — e vice-versa.

Portanto, a diferença entre marcação na curva e a mercado está relacionada à mudança realizada pela ANBIMA. Antes da alteração, os valores dos títulos eram apresentados com base na marcação na curva. Com as alterações, eles passam a considerar a marcação a mercado.

A marcação a mercado vale para quais ativos?

Para complementar sua compreensão sobre a marcação a mercado, também é necessário saber que ela não incide sobre todos os investimentos do mercado financeiro. Nos ativos de renda variável negociados na bolsa de valores, por exemplo, o fenômeno não é presente.

No geral, a marcação a mercado se aplica a fundos de investimentos e aos títulos de renda fixa — especialmente prefixados e híbridos. Nessa classe de investimentos, ela incide tanto sobre os títulos públicos quanto sobre os títulos privados.

Quais ativos não estarão sujeitos à marcação a mercado?

Como você viu, da mesma forma que a marcação a mercado incide sobre investimentos específicos, há diversos investimentos que ela não impacta. Os investimentos de renda variável, por exemplo, dependem do próprio comportamento do mercado, e não da taxa de juros.

Além disso, lembre-se de que, sobre as novas regras, os títulos públicos negociados no Tesouro Direito e títulos privados que não fazem parte do crédito privado não serão afetados — ao menos não em um primeiro momento.

Logo, certificados de depósito bancário (CDBs), letras de crédito imobiliário (LCIs) e do agronegócio (LCAs) são algumas aplicações que não serão afetadas pelas mudanças no início. Mas a dinâmica pode ser modificada no futuro.

Neste artigo, você descobriu quais são as novas regras da marcação a mercado para a renda fixa e o que elas podem trazer para os investidores. Como vimos, a mudança será a apresentação dos valores dos títulos, sem impactos sobre a rentabilidade ou a tributação dos investimentos!

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