Renda Fixa

Publicado em 24 de Janeiro às 15:46:48

Questionamentos à independência do Banco central geram ruídos nos juros | Tudo Sobre Renda Fixa

Atualize seus conhecimentos com o tudo sobre renda fixa (16/01 a 20/01) do Analisa. Principais informações sobre o que aconteceu no mercado de renda fixa na semana, com análise do mercado externo, local e o que mais será relevante nos próximos dias.

Renda Fixa: Brasil

No cenário local, uma semana que abriu negativa após o anúncio de pacote de ajuste fiscal Fernando Haddad na tarde de sexta-feira, continuou a ser movimentada por falas polêmicas do Presidente Lula em relação ao reajuste do salário mínimo, mudança em taxações, e a independência do Banco Central.  

Coincidindo com o lançamento do boletim Focus, as notícias de que o presidente estudava subir o valor do salário mínimo acima dos R$1.320 previstos no orçamento foi o primeiro indício do que se tornaria uma semana desordenada e de cautela para investidores locais e estrangeiros no país.   

Posteriormente, falando com algumas centrais sindicais, a discussão do reajuste chegou até R$1.342. Lula também chegou a defender com maior firmeza a isenção de cobrança de imposto de renda para salários de até R$5.000, além de uma maior taxação de grandes fortunas e de dividendos. Como esperado, o mercado não reagiu bem. 

No mesmo dia em uma entrevista, a maior polêmica da semana: foi questionado o nível da taxa Selic, argumentando contra a sua eficácia atual para combater a inflação, e que não acredita na independência do Banco Central, o que fez com que os juros subissem fortemente, como o DI com vencimento em Janeiro 2027, que subiu 60bps.

O fogo teve que ser apagado pelo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e por Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento, reforçando a independência absoluta do BC, mas não suprimindo totalmente o sentimento de atenção ao cenário do país.  

Renda Fixa: Exterior

Nos Estados Unidos, a curva de juros continua com bastante volatilidade. Com a decisão do FOMC se aproximando, as apostas são de mais uma subida de 50bps, levando a taxa para 4,75% a.a.

Alguns economistas já passam a projetar que na reunião de março, a subida será de 25bps, devido a inflação estar se mostrando mais controlada.

Na Zona do Euro, as expectativas são similares: após o lançamento do CPI, foi possível observar que a inflação na região chegou a 9,2% a/a, em linha com a expectativa do mercado e desacelerando pelo segundo mês.

Porém, seguindo as falas da presidente do BCE em Davos, Christine Lagarde, é esperado que os juros continuem subindo, a fim de alcançar a meta de inflação de 2% a.a.

Na China, o PIB avançou aproximadamente 3% a.a. em 2022, abaixo da meta de 5,5% a.a. estipulada pelo governo, mas com uma leitura trimestral melhor do que a esperada pelo mercado.

Se apoiando na superação da onda atual de contágio do coronavírus, a economia do país ainda vê alguns desafios pela frente, visto o desaquecimento e a dificuldade atual de fornecimento de energia e commodities pela Europa.  

Curva de Juros e Inflação

Todos os vértices, tanto de juros nominais, representados pelos DIs futuros, quanto de juros reais, representados pelas taxas das NTN-Bs, encerraram a semana em alta (únicos vértices que tiveram queda nas taxas foram das NTN-Bs de vencimento curto, B24 e B26).

Como pôde ser observada uma maior proporção de aumento entre os juros nominais do que entre os juros reais, a inflação implícita aumentou significativamente.

Esse movimento foi basicamente reflexo de toda a incerteza institucional e de questões fiscais advindas das falas do presidente.

Com isso, os vencimentos mais longos foram os que tiveram pior desempenho, pois eles demonstram com mais veemência a elevação nos riscos de uma possível perda de independência do Banco Central e de descontrole de gastos públicos.

Desempenho dos índices de Renda Fixa

Consequentemente, muitos dos índices de renda fixa tiveram desempenho negativo nessa semana. O único destaque positivo fica com índice IMA-B5, relacionado aos títulos públicos indexados à inflação com vencimento de até 5 anos – consolidado como um índice muito menos sensível as variações na taxa de juros.  

Boletim Focus

Um dos motivos para o forte ajuste nos juros, foram os dados do boletim Focus no dia 13. As expectativas de inflação tanto para 2023 como para os anos subsequentes aumentou, enquanto a expectativa da Selic para 2025 subiu 25 pontos percentuais.

No Focus dessa semana, se destaca novamente a alta da expectativa de IPCA para todos os anos pesquisados. Em relação à taxa Selic, a expectativa de 2023 se manteve no mesmo nível, enquanto as dos próximos anos subiram 25 pontos percentuais.  

Crédito privado

Um dos destaques (negativos) desta semana no mercado de crédito privado foi o vencimento antecipado dos títulos de dívida das Americanas.  

Além disso, após a crise na varejista e a notícia de recuperação judicial, alguns de seus títulos, como por exemplo os emitidos no ano de 2020, conseguiram perder 80% do seu valor considerando o preço que os mesmos começaram a valer com adicional de juros.  

No mais, a empresa, que chegou a ter um rating de AA+ antes da crise, conseguiu finalmente ser rebaixada para D pela Fitch e pela S&P, representando alto risco de calote para com seus investidores.  

Leilões do Tesouro Nacional

Para os Leilões do Tesouro Nacional dessa semana, se destaca uma maior absorção no leilão de NTN-Bs, enquanto uma menor absorção se deu nos NTN-Fs e LTNs em relação à última semana. Nesse último, o Tesouro resolveu fazer uma menor emissão de títulos, já observando o estresse do mercado após as falas, na quarta-feira de noite, do Presidente Lula, visando um menor impacto nas taxas de juros futuros.  

Renda fixa: o que esperar para a semana?

  • IPCA-15 (ajuste mensal) de janeiro.
  • Publicação do CAGED de dezembro.
  • Prévias dos PMIs (Purchasing Manager’s Index) da Zona do Euro, Alemanha, EUA, e China. 
  • Publicação do PIB do 4º tri dos Estados Unidos.  

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