Após transformar as emendas parlamentares do Orçamento de autorizativas em impositivas em 2015, o relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2024, apresentado pelo relator Danilo Forte, estabeleceu um calendário que obriga o governo a empenhar os recursos para o pagamento das emendas até julho do ano corrente. Em outras palavras, até o mês de julho de 2024, todos os recursos necessários para pagar as emendas parlamentares precisam estar reservados.
Ainda que pareçam tecnicalidades, estas reformas mudam o poder relativo entre Executivo e Legislativo, além de pulverizar os recursos orçamentários, o que dificulta ou até mesmo inviabiliza a execução de projetos de investimento de grande alcance pelo governo Federal.
A transformação das emendas parlamentares de autorizativas em impositivas, significou uma mudança importante no balanço de poder entre Legislativo e Executivo. Antes, como o Executivo era apenas autorizado, mas não obrigado, a pagar as emendas, a liberação dos recursos das emendas era utilizada como moeda de troca para aprovar as propostas do Executivo no Congresso.
A partir da mudança, o governo pode apenas escolher quando pagar. O que aumentou o poder do Legislativo em relação ao Executivo, na medida em que o Executivo perdeu sua principal moeda de troca nas negociações com o Legislativo. Caso a proposta da LDO seja aprovada, o poder de escolher quando as emendas serão pagas também será retirado do Executivo. Todos os recursos necessários para executar as emendas terão de estar disponíveis 5 meses após o início do ano legislativo em fevereiro.
Como mais de 95% das despesas do orçamento são obrigatórias, como salários do funcionalismo, aposentadorias, bolsa família, benefício de prestação continuada, seguro desemprego, entre outras, ou são despesas indispensáveis para o funcionamento do governo, ao tornar as emendas impositivas e definir um cronograma para seu pagamento, além de mudar o balanço de poder entre Legislativo e Executivo, diminui substancialmente o volume de recursos à disposição do Executivo para implementar seus projetos.
Com isso, tornam o sistema político mais democrático, menos centralizado e cria incentivos para que os partidos negociem a incorporação das emendas parlamentares nos programas de governo e não apenas na execução do orçamento, como no semipresidencialismo.