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Publicado em 08 de Agosto às 11:54:24

A declaração de independência do Banco Central do Brasil

Na última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (COPOM) decidiu aumentar a taxa básica de juros da economia brasileira (SELIC) em 0,5 pontos de porcentagem, para 13,75% ao ano. Ao mesmo tempo, no comunicado que se seguiu à reunião, anunciou que “avaliará ajuste residual de menor magnitude na próxima reunião”. Nossa interpretação desta frase é que o COPOM considera que os dados hoje disponíveis indicam que este deverá ser o último ajuste no atual ciclo de aumento da taxa de juros. Finalmente, encerrando o seu ciclo de aperto monetário de 11,75 pontos percentuais em um ano e meio.

Após a decisão do Copom, houve uma forte reação nos mercados de juros futuros em um movimento de fechamento da curva. Desde então, os vértices intermediários acumulam quedas de até 47,5 bps (ODF27), refletindo a precificação de um BC mais dovish e o aumento do risco de uma forte desaceleração global, puxada pelo aperto monetário nas principais economias desenvolvidas. Dessa forma, o mercado eliminou nos últimos dias a precificação de um incremento de 50 bps na taxa Selic ainda neste ano.

Entretanto, dado o cenário internacional desafiador, devido à guerra no leste europeu, a aceleração da inflação no mundo, o aperto da política monetária nos Estados Unidos e o consequente fortalecimento do Dólar no mercado internacional, além da proximidade das eleições presidenciais no Brasil, entre outros fatores, seria muito arriscado se comprometer com a interrupção do processo faltando ainda 45 dias para a próxima reunião. A solução foi indicar que irá parar e, ao mesmo tempo, deixar a porta aberta para um novo ajuste, caso as condições assim o demandem.

A próxima reunião do COPOM será nos dias 20 e 21 de setembro, menos de 15 dias antes das eleições presidenciais. Caso as condições assim demandem e o Banco Central realmente cumpra a promessa de dar um ajuste residual na SELIC, seria a primeira vez na história recente que o Banco Central aumentaria a taxa de juros tão próximo das eleições. Ao anunciar que “avaliará ajuste residual”, o Comitê indica que está confiante de que terá autonomia para fazer novo aumento, caso os dados mostrem necessidade para tal. Uma declaração de independência do Banco Central do Brasil.

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