Após o surpreendente resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, não apenas pela pequena diferença de votos entre os dois principais candidatos, mas principalmente pela vitória dos partidos de centro direita nas eleições legislativas, nas quais conquistaram mais de 50% das cadeiras tanto na Câmara quanto no Senado, os dois primeiros colocados na eleição presidencial começaram a negociar os apoios para o segundo turno.
Nesta negociação, o Presidente Bolsonaro saiu na frente. Recebeu o apoio explícito dos governadores Romeu Zema e Cláudio Castro, ambos reeleitos no primeiro turno em Minas Gerais e no Rio de Janeiro respectivamente, o segundo e o terceiro maiores colégios eleitorais do país, o apoio “incondicional” do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, o maior colégio eleitoral do país, e dos governadores do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, de Goiás, Ronaldo Caiado e do Paraná, Ratinho Júnior, entre outros. Além dos apoios do senador eleito do Paraná, Sérgio Moro e do procurador Deltan Dellagnol, ambos da Lava Jato.
Ao mesmo tempo, o ex-Presidente Lula recebeu o apoio explícito do PDT e do ex-candidato Ciro Gomes, da ala mais tradicional do PSDB, inclusive do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, e da ex-candidata Simone Tebet, mas não de seu partido, o MDB, e dos formuladores do Plano Real.
É difícil, a priori, saber se estes apoios trazem votos suficientes para o Presidente a ponto de compensar a diferença de cerca de 6 milhões de votos favorável ao ex-Presidente Lula no primeiro turno. Mas é um apoio que, por ser bastante amplo, deve inviabilizar a estratégia do ex-Presidente Lula de criar uma “frente ampla pela democracia”, isolando o Presidente Bolsonaro.
Estrategistas da campanha do ex-Presidente passaram a sugerir a necessidade de que sinais concretos de aproximação com o centro do espectro político sejam feitos. O agradecimento pelo apoio dos formuladores do Plano Real e a sugestão para que o ex-Presidente faça um convite ao ex-Ministro Henrique Meirelles como o possível Ministro da Fazenda vão nesta direção.
Dada a forte resistência do PT e de outros partidos da aliança do ex-Presidente a ceder o cargo mais importante da esplanada para um não militante (veja a entrevista de Guilherme Boulos ao Roda Viva), este convite somente seria feito como uma última cartada para evitar uma provável derrota.