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Publicado em 28 de Agosto às 11:42:16

Cenário desafiador à frente

Após cerca de três meses positivo, o ambiente começou a se deteriorar no final do mês de julho. De lá para cá, a taxa de câmbio já desvalorizou cerca de 5%, a BOVESPA teve mais de dez pregões consecutivos de queda e os juros, principalmente os mais longos, entraram em elevação, apesar da decisão do Copom de iniciar o processo de redução da taxa SELIC em – 0,5 p.p. na reunião de agosto.

Pelo menos três fatores estão por trás desta mudança de comportamento dos preços. Primeiro, a avaliação de que está se tornando impossível atingir as metas de superávit primário propostas no arcabouço fiscal. Dada a dificuldade do governo de aprovar os aumentos de impostos necessários para cumprir as metas e os sinais de frustração do desempenho da receita tributária, está cada vez mais claro que as metas não deverão ser cumpridas, o que torna a evolução da relação dívida/PIB preocupante.

Segundo, a resiliência da economia americana, o que dificulta a queda da inflação na maior economia do mundo. Com isto, aumentou a probabilidade de que o banco central americano (FED), eleve novamente a taxa de juros da economia ainda este ano e que a taxa deverá permanecer em nível elevado por um período mais extenso que o inicialmente previsto. Este fator, combinado ao aumento de juros no Japão e redução de liquidez devido à venda de título pelo Tesouro dos USA, gerou aumento das taxas de juros dos títulos longos e pressão sobre a taxa de câmbio no Brasil. Com a redução da taxa de juros no Brasil, o diferencial de juros entre os dois países deverá diminuir, o  que torna os títulos brasileiros menos atraentes para os investidores estrangeiros.

Finalmente, a economia chinesa tem dado sinais de desaceleração mais intensa que o esperado. Tivemos deflação de – 0,3% do CPI e – 4,4% PPI entre junho de 2022 e junho de 2023, forte redução do crédito corporativo, diminuição das exportações e das importações, uma das maiores imobiliárias do país não conseguiu honrar seus compromissos financeiros, a taxa de desemprego dos jovens continua em elevação, enfim, os dados começam a sugerir uma economia muito próxima de recessão, o que reduz os preços das commodities e gera pressão sobre a taxa de câmbio no Brasil.

Em conjunto, estes três fatores indicam um cenário desafiador para a economia brasileira à frente.

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