A semana se caracterizou por claros sinais de desaceleração da economia americana e forte aceleração da taxa de inflação. Queda da confiança dos consumidores, das vendas de novas moradias, do índice de atividade econômica do Federal Reserve de Chicago, dos indicadores antecedentes de atividade, os PMIs, e do PIB no segundo trimestre de 2022 de – 0,9% anualizado. É a segunda queda consecutiva do PIB dos Estados Unidos o que, para muitos economistas, caracterizaria uma recessão.
Ao mesmo tempo, a taxa de inflação continuou em trajetória de aceleração e as pressões inflacionárias continuam persistentes. O índice de preços dos gastos com consumo (PCE) atingiu 1,0% em junho em relação a maio e 7,1% em relação a junho de 2021, o núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, atingiu 0,6% e 4,4%, respectivamente, os gastos com consumo aumentaram 1,1% no mês, o mercado de trabalho continuou dando sinais de superaquecimento, com os custos do emprego aumentando 1,3% no segundo em relação ao primeiro trimestre de 2022 e 5,1% em relação ao segundo trimestre de 2021. Além disso, as expectativas de inflação em 12 meses seguem substancialmente acima da meta de 2% de estabilidade de preços. As expectativas medidas pelo Fed de NY registraram 6,8% em junho, já as da universidade de Michigan apresentaram leve arrefecimento saindo de 5,3% para 5,2%, na passagem de junho para julho.
Com estes dados, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, como esperado, aumentou a taxa básica de juros em 0,75 pontos de porcentagem pela segunda vez consecutiva e indicou que deverá fazer novos aumentos nas próximas reuniões do Comitê de mercado aberto (Fomc).
Em discurso que se seguiu à reunião, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que a autoridade monetária deve ter atingido o nível neutro da taxa de juros (entre 2,25% e 2,50% ao ano), ou seja, nem expansionista nem contracionista da atividade econômica, o que foi considerado por muitos economistas um equívoco, dado o elevado nível da taxa de inflação no país. Apesar desta declaração, dado a dinâmica da inflação e o grau de aperto do mercado de trabalho, que deve ser evidenciado nesta semana com a divulgação dos dados de criação de empregos (payroll), que deve apresentar uma taxa de desemprego de 3,6%, e de oferta de empregos (JOLTS), que deve apontar para cerca de 11 milhões de vagas de emprego abertas.
Nesse contexto, nossa avaliação é que, não apenas a taxa de juros está ainda muito abaixo do nível neutro, assim como os dados forçarão o Fed repetir a dose em sua próxima reunião, ou seja, aumentar a taxa de juros em 0,75 pontos de porcentagem. Dessa forma, acreditamos que o Fed encerrará o ano de 2022 com uma Fed Fund rate entre 3,75%-4,00%.