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Publicado em 27 de Março às 12:20:26

Estabilidade de preços “versus” estabilidade financeira

Após os eventos das últimas semanas, a falência de três bancos regionais nos Estados Unidos e a “corrida” contra o Credit Suisse, a questão é se as medidas já adotadas pelos bancos centrais dos Estados Unidos (prover uma linha de crédito tendo como colateral títulos públicos a valor de face e não a preços de mercado), pelo FDIC (estender a garantia a todos os depósitos do Silicon Valley Bank e não apenas a aqueles com valor menor que US$ 250 mil), e pelo banco central da Suíça (linha de crédito de valor indefinido para ser utilizada pelo UBS, para a compra do Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões, como única solução viável para a crise do segundo maior banco do país), serão suficientes para acalmar a situação e resolver a grave crise bancária que se desenhou nos Estados Unidos e na Europa.

Os sinais ainda são preocupantes. Nos Estados Unidos, persiste a desconfiança nos bancos regionais e o First Republic Bank, um banco médio de São Francisco, estava sob intenso processo de perda de depósitos. Na Europa, a expectativa é que algum tipo de acomodação à junção dos dois bancos venha a ocorrer por razões de segurança e diversificação de portfólio por parte dos investidores.

Apesar da crise no mercado de crédito, o Comitê de Mercado Aberto do banco central americano (Fomc) decidiu aumentar a taxa de juros em 0,25 pontos de porcentagem. A decisão decorre dos elevados níveis de inflação na economia americana. Em discurso após a reunião, o Presidente do Fed chamou a atenção para os efeitos negativos da crise de crédito sobre a atividade econômica, o que poderá afetar decisões futuras, e foi interpretado como uma indicação de que a política monetária poderá ser menos contracionista no futuro.

A decisão foi correta. A taxa de juros é o instrumento adequado para atingir estabilidade de preços, enquanto medidas macroprudencias, como as adotadas pelos governos e bancos centrais na semana passada, são direcionadas para resolver problemas de estabilidade financeira.

Não aumentar a taxa de juros neste momento enviaria dois sinais negativos aos agentes econômicos: que o combate à inflação não é uma prioridade, o que poderia afetar negativamente as expectativas para a inflação, e que os riscos para a estabilidade financeira continuam elevados, o que poderia intensificar a fuga de depósitos dos bancos regionais americanos.

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