O governo divulgou sua nova política industrial, com o nome de Nova Indústria Brasil. Segundo o documento, o objetivo da nova política é estancar a queda da participação do setor industrial no PIB da economia brasileira. O programa é amplo e se propõe a cumprir seis “missões”, que consistem em desenvolver as seguintes atividades econômicas:
as cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais; um complexo econômico industrial da saúde; Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis; transformar digitalmente a indústria; a bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energética, e finalmente, a tecnologia de interesse para a soberania e a defesa nacionais.
Cada uma dessas “missões” tem metas ambiciosas, que devem ser atingidas até 2026. A título de exemplo, podemos destacar: aumentar de 23% para 50% a participação do setor agroindustrial no PIB agropecuário; ampliar de 42% para 70% a participação da produção das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas, etc.; aumentar de 59% para 85% a participação da produção brasileira na cadeia da indústria de transporte público sustentável; transformar digitalmente 90% das empresas industriais brasileiras; entre muitas outras.
Para atingir estes objetivos, o governo se propõe a investir R$ 300 bilhões até 2026, sendo R$ 250 bilhões via empréstimos do BNDES à taxa de juros de TR + 2,0% ao ano, exigência de conteúdo nacional e preferência em compras governamentais.
A proposta é pouco específica, tem caráter muito geral e, desta forma, de difícil avaliação. Apresenta poucas novidades em relação à política industrial implementada durante o segundo mandato do Presidente Lula da Silva e o primeiro mandato da Presidente Dilma Rousseff, que culminou na maior recessão da história do país em 2015/2016. Como naquele período, os principais instrumentos a serem utilizados serão: crédito subsidiado do BNDES, exigência de conteúdo nacional e preferência nas compras governamentais.
A reação inicial dos investidores foi negativa. Em primeiro lugar, devido ao efeito sobre equilíbrio fiscal (aumento de gastos sem fontes de receitas) e, segundo, ao aumento do gasto parafiscal através de empréstimos do BNDES com taxas de juros subsidiadas, o que reduz o espaço para quedas adicionais da taxa de juros pelo Banco Central. Fantasmas do passado assombrando o futuro.