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Publicado em 24 de Março às 17:51:24

Impostos e popularidade

Nas últimas semanas várias pesquisas de opinião, inclusive uma produzida pela Quaest/Genial, foram divulgadas mostrando uma queda na aprovação do governo e do Presidente Lula da Silva. Como resposta à queda de popularidade, o Presidente realizou uma reunião ministerial, forçando o Ministro da Fazenda a adiar uma viagem já marcada para a Alemanha.

As declarações dos membros do governo antes e depois da reunião mostram perplexidade, que ele pego de surpresa e que não tem um diagnóstico concreto do que está acontecendo. No geral, apontam para falhas na comunicação e dificuldade dos Ministros de fazer chegar à população o que está sendo feito.

Nossa avaliação é que o problema é mais estrutural que de comunicação. Em primeiro lugar, apesar de não ter completado nem a metade do mandato, este é um governo “velho”. Todos os projetos são originários de governos anteriores, principalmente dos mandatos da ex-Presidente Dilma Rousseff (Minha Casa Minha Vida, PAC, Bolsa Família, política de valorização do salário mínimo, entre outras), que foi um desastre. É como se fosse um resgate do Dilma-2. Um Dilma-3.

Segundo, e talvez ainda mais importantes, a aprovação da PEC da transição no final de 2022, que aumentou o teto do gasto em R$ 180 bilhões, forçou o Ministro da Fazenda a dedicar o primeiro ano de governo a negociar com o Congresso medidas de aumento de impostos para gerar as receitas indispensáveis para evitar uma crise fiscal já no início do mandato.

Apesar das declarações de que os aumentos de impostos irão recair sobre os ricos e poupar os pobres, a história mostra que dificilmente isto é conseguido. A reoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia e a volta do ICMS sobre combustíveis, são paradigmáticos. Quem vai pagar esta conta? O efeito sobre os preços já aconteceu.

Terceiro, o crescimento de 2,9% do PIB em 2023, apesar de positivo, foi concentrado na agropecuária e na extrativa mineral. Setores com pouco spillover para o resto da economia. Foi também concentrado no primeiro semestre. No segundo semestre o PIB estagnou. A taxa de investimento caiu 3 pontos de porcentagem do PIB no ano.  

É difícil um governo ser popular se o que tem a oferecer de novo é aumentar impostos para financiar aumento de gastos e intervenção do Estado na economia. Aumentar impostos nunca é popular. Mesmo se por razões meritórias.

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