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Publicado em 01 de Agosto às 11:42:43

Inflação em queda: transitório ou tendência?

No mês de julho a taxa de inflação conforme medida pelo IPCA-15 atingiu 0,13%, desacelerando em relação ao mês de junho, quando a taxa atingiu 0,69% e abaixo da mediana das expectativas dos analistas (0,16%). Parte significativa da desaceleração foi concentrada em energia (- 4,6%) e gasolina (- 5,01%), uma consequência da redução do ICMS sobre estes bens. Com este resultado, a expectativa é de deflação no IPCA cheio do mês de julho, que deverá ainda incorporar a diminuição dos preços de telecomunicações.

Além destes itens afetados diretamente pela queda da alíquota de ICMS, alguns outros indicadores positivos podem ser destacados, como a redução do índice de difusão (porcentagem de bens que tiveram aumento de preços) pelo terceiro mês consecutivo, de 78,75% em abril para 67,85% no mês de julho, a diminuição da média dos núcleos (que exclui preços mais voláteis) pelo segundo mês consecutivo, de 1,10% em maio para 0,72% em julho e a desaceleração da inflação de bens industriais também pelo segundo mês consecutivo, de 1,62% em maio para 0,28% em julho.

Entretanto, a composição da inflação continua a preocupar. Em especial, a taxa de inflação de serviços, que responde diretamente a oferta e procura e, portanto, é mais afetada pela política monetária, ainda que tenha mostrado uma pequena desaceleração em relação a junho, continua muito elevada, e a taxa de inflação de serviços subjacentes (que exclui serviços cujos preços são mais voláteis) continua acelerando.

A pergunta é se este comportamento da inflação de serviços já reflete as quedas substanciais na taxa de desemprego, de 14,9% para 9,8% da força de trabalho entre o primeiro trimestre de 2021 e o trimestre terminado em maio de 2022 e um mercado de trabalho mais apertado, ou se é recomposição de margens de lucro. Afinal, esta foi a atividade econômica mais afetada pela pandemia, permanecendo praticamente fechada durante quase um ano. Com a redução do número de casos e de óbitos e o fim das medidas de lockdowns e restrições à mobilidade urbana, a retomada do setor tem sido extremamente forte, favorecendo a recomposição de margens. Neste caso, a aceleração da inflação de serviços seria temporária, arrefecendo quando os preços voltarem à “normalidade” com a volta da competitividade no setor. Somente os próximos números de inflação poderão dar a resposta a esta dúvida.

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