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Publicado em 22 de Novembro às 14:03:09

Opinião: Entre a Euforia e a Recessão

O desempenho da economia brasileira em 2022 depende de três pilares: a retomada do setor de serviços devido à melhora da pandemia, a volta dos investimentos privados nos leilões de concessões e privatizações como resultado da maturação das reformas implementadas nos últimos cinco anos e a obediência ao teto dos gastos.

A redução do número de casos e de óbitos com o sucesso da vacinação, está permitindo o fim das medidas de isolamento social e de restrição à mobilidade urbana. A euforia gerada pelo aumento de bem-estar decorrente da volta à normalidade gerou forte aumento da demanda por serviços, principalmente serviços prestados às famílias (bares, restaurantes, alojamento, esportes, entre outros). Com isto, o setor cresceu 3,1% no primeiro trimestre, 2,1% no segundo e 3,0% no terceiro trimestre de 2021.

Enquanto no auge da segunda onda da pandemia, no primeiro trimestre do ano, foram destruídos – 571 mil postos de trabalho, no trimestre terminado em julho foram criados 3,5 milhões de postos de trabalho (PNADC). A taxa de desemprego caiu de 14,7% para 13,2% da força de trabalho.

Os leilões de privatização e de concessão de infraestrutura estão sendo muito bem sucedidos. Após os bons resultados do primeiro semestre (sistema de água e esgotos do Rio de Janeiro, Alagoas, Amapá, 22 aeroportos, 5 rodovias, entre outros), tivemos no segundo semestre o leilão do 5G, da via Dutra, a privatização da CEEE-T, todos muito concorridos, o governo já recebeu 27 demandas para a construção de ferrovias sob o regime de autorização, estão programados os leilões dos aeroportos de Congonhas e do Santos Dumont, Eletrobras e Correios, enfim, um aumento significativo da taxa de investimento privado.

O envio pelo governo da PEC que aumenta o valor do teto, danificou gravemente o terceiro pilar. A credibilidade do regime fiscal foi seriamente afetada. A reação negativa dos investidores foi imediata: desvalorização cambial, aumento das taxas de juros e queda dos preços das ações. E ainda persiste. As pressões inflacionárias se intensificaram, forçando o Banco Central a acelerar o aumento dos juros. O resultado é menos crescimento e aumento do custo do investimento. A disputa entre os fatores recessivos gerados pela perda de credibilidade fiscal e a euforia devido à volta à normalidade dominará os cenários político e econômico em 2022.

Texto publicado no Estadão em 20/11/2021

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