Em linha com a correção nos preços do petróleo no mercado internacional, a Petrobras informou nesta segunda-feira que reduzirá o preço médio de venda do litro da gasolina nas refinarias às distribuidoras em 4,85%, levando-o a R$ 3,53 por litro. Desse modo, esse se faz o terceiro reajuste no preço da gasolina em menos de 30 dias, diminuindo o gap entre o preço doméstico e o internacional. Mas, na atual conjuntura, o questionamento que surge é: qual o impacto da diminuição do preço do combustível na inflação?
Desde 2016, a Petrobras segue a chamada PPI – ou Preço de Paridade Internacional –, uma política de preços que prevê reajustes na gasolina e no óleo diesel com base nas cotações do petróleo, na taxa de câmbio e nos custos de importação. O principal objetivo da política é evitar um descolamento excessivo entre o preço da gasolina no mercado doméstico e o do mercado internacional. Em nossas estimativas, mesmo com o mais recente reajuste, ainda há uma defasagem de 5% entre ambos os preços, isto é, o preço doméstico se encontra 5% abaixo da paridade internacional.
Sobre a conjuntura atual, fatores exógenos têm contribuído para uma depreciação do preço do petróleo, como por exemplo os maiores estoques dos Estados Unidos, a expectativa de desaceleração da China e a consequente menor demanda relativa por commodities. De acordo com a Opep em relatório recente, a demanda por petróleo deve crescer 3,1 milhões de barris por dia em 2022 – uma queda em relação a sua última projeção. Após o pico de quase US$ 130 dólares por barril, impulsionado pela escassez de oferta ocasionada pelo conflito no Leste Europeu, o petróleo afundou cerca de 20%.
Toda a dinâmica atual do preço do petróleo tem sido bem vinda pelas autoridades monetárias ao redor do mundo, que têm a difícil tarefa de estabilizar o nível de preços de suas respectivas economias, haja vista que o combustível é um item bem relevante na cesta de consumo das famílias. Diga-se de passagem, os reajustes feitos anteriormente pela Petrobras já levaram a revisões baixistas consideráveis nas projeções para o IPCA de 2022, bem como a redução das alíquotas do ICMS e do PIS/Cofins. Dito isso, revisamos nossa projeção de 6,8% para 6,7%, considerando um repasse parcial do reajuste ao consumidor final, que irá retirar 16 bps da inflação deste ano.