Quarta-feira teremos um dos mais aguardados anúncios do Copom, que definirá se o ciclo de juros se encerrou ou não. Como sinalizado na última ata do Comitê, ficou para esta reunião avaliar a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, ou optar pela manutenção da taxa de juros no atual patamar por mais tempo, como forma de assegurar a convergência da inflação. Nossa avaliação é que no período entre reuniões, foi possível observar um conjunto de informações atuando em ambas as direções no que diz respeito à pressão sobre os preços da economia brasileira.
Por um lado, o IPCA de agosto (-0,36%) nos levou ao segundo mês de deflação consecutivo, beneficiado pela correção nos preços dos combustíveis, sobretudo da gasolina que recuou 11,64% no mês de agosto, impactando em -0,67 p.p. a inflação do mês. Esta forte contração, pelo segundo mês consecutivo, do preço dos combustíveis reflete os impactos das medidas de renúncia fiscal aprovadas no Congresso nos últimos meses e da moderação dos preços das commodities nos mercados internacionais, serão fatores importantes para a desinflação nos próximos meses devido ao efeito base (inércia) menor, que beneficiará a convergência da inflação para a meta. As nossas projeções apontam que o mês de setembro também será marcado por uma deflação, contribuindo ainda mais com a redução do efeito inercial para os próximos meses. Além disso, é possível que já estejamos sentindo os impactos iniciais do ajuste monetário sobre a atividade econômica, em especial na redução das concessões de crédito (3º mês consecutivo de contração), impactando negativamente o setor varejista, que vem apresentando significativo arrefecimento nas últimas leituras.
Por um lado, o IPCA de agosto (-0,36%) nos levou ao segundo mês de deflação consecutivo, beneficiado pela correção nos preços dos combustíveis, sobretudo da gasolina que recuou 11,64% no mês de agosto, impactando em -0,67 p.p. a inflação do mês. Esta forte contração, pelo segundo mês consecutivo, do preço dos combustíveis reflete os impactos das medidas de renúncia fiscal aprovadas no Congresso nos últimos meses e da moderação dos preços das commodities nos mercados internacionais, serão fatores importantes para a desinflação nos próximos meses devido ao efeito base (inércia) menor, que beneficiará a convergência da inflação para a meta. As nossas projeções apontam que o mês de setembro também será marcado por uma deflação, contribuindo ainda mais com a redução do efeito inercial para os próximos meses. Além disso, é possível que já estejamos sentindo os impactos iniciais do ajuste monetário sobre a atividade econômica, em especial na redução das concessões de crédito (3º mês consecutivo de contração), impactando negativamente o setor varejista, que vem apresentando significativo arrefecimento nas últimas leituras.
Por outro lado, a aprovação de medidas que visavam estimular a economia não veio sem custos. A deterioração do risco fiscal foi responsável por elevar as expectativas de inflação para horizontes mais longos, refletindo o elevado grau de incerteza sobre a trajetória da dívida brasileira nos próximos anos. Ademais, a percepção, cada vez mais consolidada, de que seja qual for o próximo governo, este passará por uma inevitável, ainda que parcial, revisão do atual arcabouço fiscal brasileiro adicionará incertezas que podem prejudicar a convergência da inflação à meta. Por exemplo, para tornar o valor de R$ 600 do Auxílio Brasil será necessário acomodar R$ 56 bilhões dentro do Teto de Gastos em 2023. Caso os dois principais candidatos da disputa eleitoral se mantenham fiéis ao seu discurso de manutenção deste valor, fica evidente que o próximo ano será marcado por novas conversas em torno do Teto de Gastos, a reprise de uma novela na qual não vale a pena ver de novo. Soma-se a isso, as leituras do IPCA que mostram que as medidas subjacentes seguem significativamente elevadas, sinalizando que a desinflação dos componentes mais persistentes exigirá uma política monetária em território contracionista por um longo período.
Nesse contexto, nossa avaliação é que o efeito líquido dos vetores que influenciam a dinâmica de preços faz com que o risco de desancoragem da inflação fique ligeiramente maior do que o observado na reunião anterior do Copom, porém não suficiente para um aumento residual da taxa. Dessa forma, devido ao efeito atrasado da política monetária (3 trimestres) sobre a economia real e do elevado grau de incerteza que rodeia as projeções de inflação para horizontes mais longos, acreditamos que, por ora, não há a necessidade de um novo aumento na taxa de juros. A nossa avaliação reflete também o fato de que o efeito total da política monetária, mais potente do que o observado nos ciclos anteriores, ainda não impactou a economia, sustentando nosso argumento de que a decisão mais adequada é de encerrar o ciclo de alta de juros. Entretanto, seguimos céticos em relação a data do primeiro corte da taxa de juros, haja vista que as incertezas fiscais farão com que a taxa de juros permaneça em 13,75% a.a. pelo menos até maio de 2023.