Home > Análises de Mercado > Expresso Bolsa Semanal: Dívida Americana; Inteligência Artificial; Arcabouço Fiscal

Publicado em 26 de Maio às 14:47:44

Expresso Bolsa Semanal: Dívida Americana; Inteligência Artificial; Arcabouço Fiscal

A semana foi marcada por debates em torno do limite da dívida nos EUA, bem como a divulgação de indicadores macroeconômicos que indicam uma economia americana ainda robusta, o que resultou em um fortalecimento do dólar e um aumento nas taxas de juros nos Estados Unidos. No cenário brasileiro, a ratificação do texto relativo ao arcabouço fiscal e as estatísticas da inflação impulsionaram um sólido desempenho das ações atreladas à economia local.

Acordo Iminente para Elevação do Teto da Dívida nos EUA Busca Evitar Crise Econômica

Nesta semana, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder republicano Kevin McCarthy estão avançando em um acordo para elevar o teto da dívida do governo, fixado atualmente em 31,4 trilhões de dólares, por dois anos, enquanto limitam os gastos em a maioria dos itens.

O impasse de meses a respeito do teto da dívida tem assustado Wall Street, pressionando as ações americanas e aumentando os custos de empréstimo do país. A Secretária Adjunta do Tesouro, Wally Adeyemo, afirmou que as preocupações sobre o teto da dívida já elevaram os custos de juros do governo em 80 milhões de dólares até agora​​.

A aprovação do acordo exigirá a passagem pela Câmara dos Representantes controlada pelos Republicanos e pelo Senado controlado pelos Democratas, o que pode ser complicado, uma vez que alguns Republicanos e muitos Democratas expressaram descontentamento com a perspectiva de compromisso​​.

Um default dos EUA poderia desestabilizar os mercados financeiros globais e empurrar o país para uma recessão. A agência de classificação de crédito DBRS Morningstar colocou os Estados Unidos em revisão para um possível rebaixamento na quinta-feira, ecoando advertências semelhantes de Fitch, Moody’s e Scope Ratings​​.

O mercado geralmente apresenta uma reação moderada a esses debates, permanecendo relativamente estável até o último momento, quando sinais palpáveis sugerem um possível colapso econômico. Existem suposições que apontam que a ampliação do limite de endividamento pode mitigar uma ameaça financeira imediata, mas pode contribuir para a redução de liquidez a longo prazo, à medida que o Tesouro retoma a emissão de títulos. Essa situação poderia impor limitações ao bom rendimento dos ativos de risco nos próximos períodos.

Inteligência Artificial é bolha?

A Nvidia, fabricante de chips e uma das líderes na era da Inteligência Artificial (IA), está à beira de atingir a avaliação de US$ 1 trilhão na bolsa de valores dos EUA. Esta conquista, alcançada apenas por algumas empresas de referência, como Apple, Alphabet, Microsoft e Amazon, surge após um aumento de mais de 20% nas ações da empresa nesta semana. O motivo do crescimento é a perspectiva de receita para o segundo trimestre, anunciada pela empresa, que superou em 50% as expectativas dos analistas.

Esse forte desempenho reflete a habilidade única da Nvidia em produzir chips que permitem treinar aplicações de IA. Isso reforça a tese de IA que tem dominado a dinâmica internacional recentemente.

Em um único dia após a divulgação do balanço, a empresa ganhou quase US$ 200 bilhões em valor de mercado. O grande salto da Nvidia elevou sua capitalização de mercado para cerca de $ 950 bilhões, sendo o maior ganho de todos os tempos para uma empresa americana em termos absolutos. Este feito se torna ainda mais impressionante se a Nvidia conseguir manter seus ganhos durante o dia de negociação.

Arcabouço fiscal continua frouxo. Mas Câmara sinaliza responsabilidade

A Câmara dos Deputados aprovou um novo arcabouço fiscal para o país, substituindo o teto de gastos. Durante a tramitação do projeto, o relator introduziu algumas mudanças significativas.

Foi retirada a possibilidade de que as despesas possam crescer no limite máximo permitido em 2024 (2,5% em termos reais), voltando à regra de 70% do aumento da receita. No entanto, 2024 ainda possui uma regra distinta, permitindo um crescimento de despesas superior aos anos subsequentes.

Uma segunda alteração importante foi a introdução de gatilhos para reduzir o crescimento dos gastos, caso as metas de superavit primário não sejam alcançadas. No entanto, devido à ativação desses gatilhos só ocorrer dois anos após o descumprimento das metas e o gatilho mais relevante – o aumento real do salário mínimo – ter sido excluído, esse mecanismo provavelmente será pouco efetivo para recolocar os gastos na trajetória das metas de superavit primário.

Apesar de o novo arcabouço aprovado ainda não ser capaz de estabilizar a dívida pública como proporção do PIB e estar mais baseado em aumentos de receitas do que em redução de gastos, pela primeira vez, um projeto mais restritivo do que o enviado pelo governo foi aprovado, o que pode ser um bom sinal para o futuro.

Desaceleração do IPCA-15 é excelente notícia para Banco Central

A desaceleração do IPCA-15 em maio foi uma notícia positiva para o Banco Central, trazendo alívio após o aumento da inflação em abril. A inflação de abril foi de 0,61%, superando as expectativas dos analistas de 0,55%, com uma aceleração geral nos preços. No entanto, o IPCA-15 de maio veio abaixo das expectativas, registrando 0,51% contra a previsão de 0,65%.

Diferente de abril, maio mostrou uma desaceleração em quase todos os segmentos. A média dos núcleos caiu de 0,45% para 0,42%, os preços livres de 0,31% para 0,29%, e os preços dos produtos industriais de 0,38% para 0,23%. Os serviços apresentaram deflação de -0,06%, e os serviços subjacentes desaceleraram de 0,51% para 0,45%.

Ainda é cedo para justificar o otimismo de alguns analistas que já preveem uma queda na taxa SELIC em agosto de 2023, porém, as ações ligadas a economia doméstica foram bastante beneficiadas nas últimas semanas por conta do fechamento da curva de juros. Se essa tendência inflacionário persistir, poderá existir espaço para uma queda de juros no final do terceiro trimestre deste ano.

Santo de casa faz milagre!

No primeiro trimestre de 2023, as empresas listadas na B3, a bolsa de valores do Brasil, tiveram resultados financeiros acima das expectativas, surpreendendo o mercado, mesmo diante de adversidades econômicas. O desempenho forte foi notado especialmente nas empresas voltadas à economia doméstica. Tenha acesso ao relatório completo.

Apesar de uma queda no número de empresas com receita líquida acima das estimativas (de 25% para 20%), houve aumento nos resultados alinhados com as expectativas e estabilidade nas surpresas negativas, indicando que a performance geral se manteve sólida.

Destaca-se o aumento notável no EBITDA (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e no Lucro Líquido, indicadores importantes de desempenho financeiro. A proporção de empresas cujo EBITDA e lucro líquido superaram as expectativas aumentou consideravelmente, demonstrando que, apesar das dificuldades, muitas empresas expandiram suas margens e aumentaram a lucratividade.

Em um ambiente desafiador, com inflação alta e taxa Selic em 13.75%, a maioria das empresas conseguiu superar as expectativas dos investidores. A melhora na precificação do Ibovespa está ligada a esses resultados surpreendentes e alimenta o otimismo para melhores resultados à frente, mesmo com um cenário macroeconômico incerto. Uma possível redução na taxa Selic ainda em 2023 pode impulsionar ainda mais os resultados futuros.

Varejo em Foco | Revelando os Desafios e Números do 1T23

As varejistas precisaram equilibrar o seu fraco crescimento de receitas, sem deixar a margem operacional escorregar. Das 11 empresas de varejo sobre a nossa cobertura, 55% apresentaram um resultado em linha ao esperado e 27% abaixo de nossa estimativa.

Acesse o disclaimer.

Leitura Dinâmica

Recomendações