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Publicado em 14 de Janeiro às 14:16:07

Expresso Bolsa Semanal: Inflação em 7% nos EUA, 10% no BR, declaração do FED e IBOV subindo

Ativos de risco têm semana desafiadora com queda das principais bolsas globais, alta do VIX (índice do medo) e ganhos para algumas commodities, principalmente energéticas e agrícolas. O cenário para este ano vem se desenrolando em torno de uma inflação persistente, quedas dos índices de atividade econômica (Mundo e Brasil) ao mesmo tempo que declarações importantes dos membros do Federal Reserve (Fed) reforçam uma mudança de postura, mais inclinada para retirada de estímulos no decorrer de 2022. No Ibovespa, destaque positivo para empresas ligadas à commodities e shoppings após divulgação de prévias operacionais. Do lado negativo, empresas growth com múltiplos altos, tecnologia e ligadas ao varejo foram os destaques negativos.

EUA: Inflação e declarações do Fed

A variação do índice de preços do consumidor (CPI) foi de 0,5% em dezembro ante um crescimento de 0,8% em novembro na série com ajuste sazonal. Este resultado ficou acima da mediana das projeções de mercado de 0,5%. Por sua vez, a taxa de inflação nos últimos 12 meses foi de alta de 7%, a maior variação anual desde 1982, ficando em linha com o consenso de mercado. Veja uma análise completa sobre a inflação nos EUA.

US CORE INFLATION & FED TARGET RATE

Entendemos que hoje o Fed está atrás da curva, ou seja, com um nível de juros e estímulos que não condizem com as condições macroeconômicas (inflação e mercado de trabalho) e, assim, ele precisará atuar o quanto antes. As declarações feitas nessa semana mostram que os membros do Fed estão com uma postura mais hawkish e entendemos que durante este ano os mercados irão precificar essas medidas de normalização monetária. Neste cenário, setores mais ligadas à economia real e com empresas de múltiplos mais (Value) tendem a ter maior parcela de alocação nas carteiras de investidores globais, do que empresas de crescimento ou ativos mais voláteis.

Essa rotação já vem acontecendo desde o final do ano passado e fica mais visível quando avaliamos a performance do índice de ações não lucrativas (calculado pelo Goldman Sachs) e do ETF ARKK, que contempla empresas inovadoras e que tem um desempenho excepcional em 2020.

PERFORMANCE ARKK & NON-PROFITABLE US TECH COMPANIES

CHINA: Ponto de inflexão?

Há algumas semanas, estávamos mais otimistas com China, acreditando que após as Olimpíadas de Inverno que se iniciam no começo de fevereiro, poderia trazer uma maior flexibilização sobre a política de casos zero de Covid-19, mas não parece ser a realidade. Nossas expectativa se baseavam nas necessidades do governo voltar a estimular a economia por conta de uma desaceleração visível e esperada para os próximos trimestres.

Portanto, China deve ser monitorada sobre a expectativa de possíveis anúncios que venham a contribuir para uma mudança de postura do governo local para estabilizar a economia mas, enquanto isso não ocorre, empresas de matérias básico e commodities correlacionadas podem passar por uma lateralização após forte recuperação nos meses anteriores.

BRASIL: Seguindo os passos do mundo

Sobre forte influência do noticiário e desempenho dos ativos globais, o Ibovespa teve uma semana positiva por conta do bom desempenho das commodities e do setor bancário. A demanda por investimentos mais ligadas a economia real, em conjunto com a atratividade de preços encontrados em ativos brasileiros, trouxeram uma combinação interessante e que pode persistir nas próximas semanas.

Em relação aos dados macro, houve a divulgação dos dados de inflação que superaram as expectativas do mercado, Inflação acumulou alta de 10,06% em 2021, bastante disseminada pelas categorias e também mostrou uma melhora da situação das vendas no varejo, com avanço de 0,6% m/m.

Pela reação vista nos mercados, entendemos que ainda teremos um ano bastante desafiador, porém, com boa parte desse cenário negativo já precificado pelo mercado. Construção Civil, Varejo, Shoppings, Small Caps podem se tornar atrativos por conta dos níveis de preços em que essas ações são negociadas hoje. Entendemos que os dados mais recentes (dados de alta frequência) já mostram nas últimas semanas, uma deterioração adicional não captada pelos dados divulgados que fazem referência ao mês de novembro, porém, entendemos que existem empresas líderes em seu setor de atuação negociadas em bolsa que devem ser menos impactadas.

Seguimos monitorando possíveis mudanças nas narrativas do mercado já que a próxima semana poderá trazer notícias negativas relacionadas a pressões por maiores gastos do governo e assim será importante observar como os mercados irão reagir a essa situação de pressão fiscal.

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