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Publicado em 14 de Abril às 16:57:31

Expresso Bolsa Semanal: Juros nos EUA estressam o mercado

Semana bastante positiva para commodities globais, principalmente energéticas, diante de sinais de que o conflito entre Rússia e Ucrânia ainda deve prosseguir por um tempo. Ações globais recuaram por pressões relacionadas a curva de juros nos Estados Unidos, rendimento de 10 anos atinge maior máxima desde 2018. No Brasil, ações defensivas foram os destaques positivos, enquanto empresas de menor capitalização e/ou mais alavancadas apresentaram as maiores quedas diante de uma nova alta dos juros futuros. Dados sobre vendas no varejo foi surpresa positiva.

EUA: Cenário de Inflação preocupa, mercado de renda fixa altamente impactado.

Um dos destaques da semana ocorreu da continuidade do movimento de abertura das taxas de juros no mundo, principalmente nos EUA e que deve continuar a ser o grande foco dos mercados nas próximas semanas ou meses. Historicamente, toda vez que os juros abrem em magnitude e velocidade como que estamos vendo em 2022 é sinal de que algo está errado e pode anteceder movimentos mais intensos de quedas para ações globais.

O aumento nos rendimentos dos títulos norte-americanos não impacta somente o investidor de renda fixa mas toda pessoa física e jurídica que tem algum tipo de financiamento. Já começamos a ver sinais de que esses custos estão aumentando inclusive para as empresas globais mais seguras. Indicador do custo de empréstimos, calculado pela Bloomberg, para refinanciar dívidas vencidas (rolagem) subiu para o nível mais alto desde 2009, na época da crise de crédito global.

Custo global de títulos de refinanciamento sobe para o maior desde 2009

Os juros estão subindo pois o investidor está precificando que o Federal Reserve ou Fed (Banco Central Americano) irá precisar subir os juros para desacelerar a economia e assim, conter a inflação. Nessa semana, foram divulgados os dados de preços ao consumidor nos EUA (CPI), que subiram em março para o maior nível desde 1981, reforçando a pressão sobre o Federal Reserve para aumentar as taxas de forma mais agressiva.

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Inflação mais alta gera, como principal consequência, uma mudança nos hábitos de consumo das pessoas, principalmente aquelas de renda mais baixa, que em particular, estão começando a mudar os padrões de gastos ao cortar itens mais caros e não essenciais.

O aumentos nos preços dos alimentos está impactando também na prestação de serviços ao forçar restaurantes, mercearias e varejistas a reajustar suas estratégias de vendas para vender mais caro ou diminuir suas margens de lucratividade.

Essa situação marca uma grande ruptura em relação a 2021, quando os consumidores, ainda cheios de estímulos monetários e fiscais por conta dos aumentos salariais conquistados, continuaram gastando em um ritmo frenético, mesmo com a inflação anual subindo para uma alta de quatro décadas.

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Não somente alimentos estão mais caros, mas também os custos de moradia, com taxas de hipoteca nos EUA estão disparando, e chegando a 5% pela primeira vez em mais uma década. Taxas de hipoteca mais altas estão aumentando a pressão sobre possíveis compradores em um mercado onde os preços de compra ainda estão disparando dois anos após o boom imobiliário pandêmico. 

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Inflação tem sido um problema global, e entender como a atuação dos principais bancos centrais globais frente a essa situação será feita é de suma importância para compreender como os ativos irão se comportar. Entendemos que diante disso, países europeus poderão ser os mais impactados por serem altamente dependentes da Rússia e da China, dois países que estão em situação complexa pela Guerra ou pela Covid-19.

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Uma das maneiras que o investidor encontra de se proteger desse cenário inflacionário ocorre ao se posicionar em commodities. Uma pesquisa mensal do BofA mostrou que o mercado nunca esteve tão comprado em commodities como atualmente, ou seja, a posição técnica nesta classe de ativo merece atenção.

Brasil: Situação fiscal volta ao radar

Acreditamos que as ações brasileiras poderão continuar a passar por um período de turbulência como o visto nas últimas semanas, por impacto da curva de juros nos EUA, dúvida sobre crescimento econômico, continuidade do fluxo para países emergentes e pela situação fiscal brasileira em um ano eleitoral.

A surpresa positiva ficou por conta dos dados relacionados as vendas no Varejo. O número surpreendeu positivamente o mercado, que trabalha com um cenário de desaceleração ou baixo crescimento econômico para este ano.

Vendas no varejo (Fev/22): Setor varejista cresce 1,1% m/m: O volume de vendas do comércio cresceu 1,1% m/m em fevereiro frente a janeiro, resultado melhor que a projeção mediana do mercado (0,2% m/m, Broadcast). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior o volume de vendas apresentou variação positiva de 1,3% a/a.

Pesquisa Mensal de Serviços (Fev/22): Serviços recuam 0,2% m/m em fevereiro: Em fevereiro, o setor de serviços recuou 0,2% na comparação com janeiro, pior que a expectativa mediana do mercado que aguardava um avanço de 0,7% (Broadcast), ficando abaixo do piso das projeções (0,3%). Na comparação interanual, houve crescimento de 7,4% a/a (resultado influenciado pela base de comparação baixa).

BÔNUS: CONSTRUTORAS – Prévias 1T22

Com 6 prévias do mercado imobiliário lançadas, resumimos nossa visão da seguinte forma: Cury – muito positivo, Iguatemi – muito positivo, Plano&Plano – positivo (melhoria nas vendas e bom nível de lançamentos), Lavvi – marginalmente positivo (manutenção de VSO alta, lançamento próximo à média de 2021), Melnick – negativo (deterioração das vendas e bom nível de lançamentos), Even – negativo (deterioração das vendas).

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