Payroll: sem sinais de recessão
Em julho, houve criação líquida de 528 mil empregos em setores não agrícolas (Nonfarm Payroll), ante um resultado revisado (+26 mil) de 398 mil vagas em junho. O resultado veio significativamente mais forte do que o aguardado pelo mercado que tinha como expectativa menos da metade do número de vagas preenchidas no mês (250 mil). O preenchimento de vagas de emprego foi bastante disseminado em julho.
A média de ganhos salariais por hora aumentou US$ 0,15 (0,5%), vindo pior do que a expectativa de mercado que aguardava por uma alta de 0,3%, alcançando o nível de US$ 32,27 por hora trabalhada. Com este resultado, nos últimos 12 meses, o salário médio por hora acumula alta de 5,2%, também ficando acima da projeção de mercado de 4,9%.
Com números fortes, o mercado interpretou que haverá uma necessidade de atuação mais forte por parte do Fed dentro do processo de subida de juros nos EUA. Sem sinais de recessão, e com a inflação salarial acima do esperado, ficou claro que tudo o que foi feito até o momento trouxe pouco efeito na economia real. Na semana que vem teremos a divulgação dos números de inflação (CPI) e que serão acompanhando de perto pelo mercado. Até lá, ações mais sensíveis às movimentações das taxas de juros nos EUA poderão ter momentos de maior volatilidade.
Mais um conflito, China vs Taiwan (EUA)
Após a visita da representante do congresso americano, Nanci Pelosi, a Taiwan os mercados passaram por alguns dias de volatilidade diante de uma potencial depreciação da relação entre as duas principais economias globais.
De um lado, a China reivindica a soberania sobre a ilha e enxerga o encontro da comitiva americana com o presidente taiwanês como uma provocação, do outro, Pelosi afirmou que solidariedade com Taiwan é “crucial”. Desde o final de semana passado, exercícios militares têm sido executados na região tanto por americanos quanto por chineses e a retórica bélica tem se acentuado.
Apesar da tensão, os mercados até o momento não tem dado relevância à este evento, porém, acreditamos que o mesmo deve ser um fator de atenção para as próximas semanas.
SELIC: queda à vista?
Na última quarta-feira o Banco Central (BCB) elevou, de forma unânime, a Selic em 0,5 p.p. Dessa forma, a Selic atingiu 13,75% a.a., o valor mais alto desde dezembro de 2016. A mensagem passada pelo BCB é de que estamos muito próximos do fim do ciclo de alta dos juros, onde para a próxima reunião ficou aberta a possibilidade de mais uma alta, de no máximo 0,25 p.p. Como consequência, os ativos domésticos (construção civil, varejo, Small Caps) apresentaram uma ótima performance.
Nossa opinião é que um dos fatores de pressão para os ativos domésticos (inflação + selic elevados) podem começar a contribuir positivamente já que agora o mercado se prepara para uma inversão do ciclo. Porém, ainda enxergamos com cautela o cenário à frente. Eleições e subida de juros no mundo desenvolvido ainda podem exercer pressão negativa.
Para aquele investidor de longo prazo, em busca de um primeiro sinal para entrada ou aumento de exposição em ativos domésticos, saiba que ele foi dado.
Comentário sobre o COPOM pelo nosso time de especialistas
Temporada de Balanços
Temporada de balanços segue a todos vapor na B3. A próxima semana será intensa e com muita empresas de peso divulgando seus resultados. A eficiência operacional (margens) está fazendo a diferença na avaliação do mercado sobre a capacidade das empresas em lidar com o atual contexto macroeconômico.
⚡ AES Brasil (AESB3) | Análise 2T22: Ainda não foi dessa vez… 🔻
Uma vez mais a empresa apresentou um resultado decepcionante, frustrando as nossas expectativas quanto a um trimestre sem o impacto negativo dos custos derivado do cenário hidrológico ruim. Apesar de mais um resultado fraco, reforçamos que não achamos a AES Brasil um case ruim ou caro. Achamos o ativo bem gerenciado e com um plano de expansão de capacidade interessante.
🏦 Bradesco (BBDC4) | Análise 2T22: Ainda bem que tem seguro; resultado linha com expectativas ⚠️
Sem muitas surpresas em termos absolutos, o lucro recorrente de Bradesco de R$ 7,04b (+3,2% t/t e 11,4% a/a) veio em linha com nossas expectativas e do mercado, impulsionado principalmente pelo desempenho favorável da margem financeira com clientes, seguros e receita com serviços. O ROE evolui 0,24 pp t/t para 18,5%. Do lado detrator, a margem com mercado foi negativa e o grau de elevação das provisões veio acima do esperado, puxada pelo contínuo aumento da inadimplência e surpreendentemente rápido consumo do colchão de cobertura.
💊 Fleury (FLRY3) | Análise trimestral 2T22 – Assim a chaleira apita ✅
Nossa Top Pick para o setor de saúde, o Fleury bateu receita bruta recorde de R$ 1,19b no 2T22, puxada pelo crescimento em novos elos, genômica e no número de exames em medicina diagnóstica. A mudança de mix no core business está impulsionando o volume de análises clínicas, mas com uma redução de ticket médio, que mesmo assim tem se traduzido em incrementos de receita. O pagamento da aquisição de Marcelo Magalhães e a emissão de uma nova debênture levam o endividamento para 1,8x EBITDA no 2T22.
⛏️ Gerdau (GGBR4) | Resultado 2T22: Um passo à frente dos demais ✅
Classificamos o resultado da companhia como positivo por algumas razões principais: fortes números da unidade norteamericana, impulsionada sobretudo pela construção não-residencial, bons números da unidade brasileira e surpresas na operação sulamericana. A operação de aços especiais também não foi diferente, apresentando números sólidos. A empresa teve o seu melhor segundo trimestre da história, um novo recorde, mas os dividendos deixaram um pouco a desejar.
🐮 JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) | Prévia do Resultado 2T22 🔻
A dinâmica de oferta e demanda mais desafiadora no mercado de carne bovina nos EUA está causando problemas de rentabilidade para os grandes frigoríficos com operações focadas no país. A JBS e a Marfrig se encaixam nessa descrição, e apesar de enxergarmos alguns aspectos positivos, pensamos que ambas as empresas sofrerão diante do cenário durante o 2T22.
🛍️ Lojas Renner (LREN3) | Análise 2T22: Atenção, a “brusinha” está on! ✅
Em termos consolidados, a Lojas Renner registrou um faturamento líquido de R$ 3,6b (+45% a/a; +39% a/a). Em nosso relatório de prévia de resultados para o 2T22, afirmamos que estávamos adotando uma postura muito mais otimista do que o consenso do mercado. Com um resultado 10% acima de nossa estimativa, a varejista mandou um trimestre sensacional para o mercado.
🚗 Movida (MOVI3) | 2T22: Receita para cima… margens para baixo 🔻
A Movida reportou os resultados abaixo das nossas expectativas no 2T22. No geral, o resultado operacional segue muito forte, com a empresa apresentando mais um trimestre de crescimento. Nas linhas de cima os resultados vieram em linha com o esperado, porém, nas linhas de baixo observamos um lucro inferior às nossas expectativas.
💊 Pague Menos (PGMN3) | Análise 2T22: Perdendo market share 🔻
A Pague Menos teve um trimestre de difícil ingestão, com um desempenho de vendas mais fraco durante o período. Margem ao invés de crescimento, a Pague Menos precisou equilibrar na balança e segurar o crescimento de seu “top line” em detrimento da sua rentabilidade. Avaliamos o resultado como neutro e mantemos a recomendação YE22 de R$ 11.
🏦 Porto (PSSA3) | Análise 2T22: Pior que o esperado. Cadê a rentabilidade que estava aqui? 🔻
Já esperávamos um lucro fraco para a Porto para o tri. Mesmo assim, o lucro recorrente de R$ 89,4m (-76,4% a/a, -48,9% t/t e ROE de 3,8%) veio 46% abaixo das nossas expectativas e 70,5% abaixo do mercado. Apesar do bom crescimento de receitas, com avanços robustos em todas as verticais, as margens continuaram sendo penalizadas.
💊 Raia Drogasil (RADL3) | Análise 2T22: Prescrevendo rentabilidade ✅
A Raia Drogasil apresentou resultados com margens bem acima de nossa expectativa. Analisando sob a ótica do método de contabilização IFRS 16, a companhia entregou a maior margem EBITDA de sua história. Estamos muito satisfeitos em manter RADL3 como top pick do setor, reiteramos nossa recomendação COMPRAR com preço-alvo YE22 de R$ 23.
📞 TIM (TIMS3) | Resultado 2T22: Absorvendo os impactos ⚠️
Os principais pontos a serem destacados foram: 1) o crescimento de receita puxado sobretudo pelos serviços móveis, já incorporando parte da nova base da Oi Móvel; 2) expansão dos custos em ritmo inferior à da receita, impactada pelas pressões inflacionárias, maiores gastos com rede, propaganda e marketing e as questões envolvendo a Oi Móvel.
🏭 Tupy (TUPY3) | 2T22: Mais sinergias, mais margem! ✅
A Tupy divulgou resultados fortes relativos ao 2T22, mesmo com uma taxa de câmbio menor e volumes relativamente estáveis, a empresa ainda assim superou nossas expectativas de receita, EBITDA e lucro líquido. O grande destaque positivo foi o incremento de margem por mais um trimestre seguido, o que nos mostra que a empresa vem obtendo sucesso na captura de sinergias da incorporação da Tekisd e no repasse de custos. Acreditamos que o mercado deve reagir positivamente com o resultado.