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Publicado em 23 de Setembro às 16:16:00

Expresso Bolsa Semanal: Política monetária restritiva, baixo crescimento, aversão à risco

Semana foi marcada por decisões de política monetária dos principais bancos centrais globais. A percepção sobre a necessidade de uma política mais restritiva levou o mercado a passar por uma correção. Dados de atividade na Europa trouxeram preocupação que se somaram ao noticiário sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. Aqui no Brasil, apesar do comunicado duro, investidores acreditam que o ciclo de alta da Selic chegou ao seu fim, o que foi positivo para ativos ligados à economia doméstica.

Queda de Juros somente em 2024

Esse foi o recado do último FOMC, comitê de política monetária nos EUA, ao sinalizar uma preocupação no combate a inflação ao mesmo tempo em que deixou claro que irá fazer de tudo para leva-la para sua meta. Nenhum outro ciclo de alta juros começou tão intenso, algo que não era visto desde 1980.

O gráfico de pontos (Dot plot) do FOMC foi hawkish, com projeções bem acima das expectativas do mercado para o final de 2023.

ANÁLISE COMPLETA: Fed sobe juros em 75 bps e sinaliza inflação na meta em 2025

Nível de atividade na Europa assusta investidor

Na ressaca das elevações de juros do Fed e do BoE, entre outros BCs esta semana, o investidor se assustou com o novo plano econômico do Reino Unido, que anunciou uma série de cortes de impostos enquanto o país se prepara para uma recessão. Mais cedo, na Zona do Euro, os PMIs de manufatura e serviços vieram abaixo das expectativas e em nível contracionista. A tempestade perfeita ainda contou com a divulgação de dados de inflação alcançando recordes históricos nessa semana.

STOXX 600, um dos principais índices de ações europeias, entrou em bear market após queda acumulada superior a 20% desde o último topo.

Próximo passo, redução da Selic?

Banco Central (BCB) decidiu manter a taxa Selic em 13,75% a.a. Apesar da manutenção, o comunicado enfatiza que o Banco Central não hesitará em retornar o processo de elevação dos juros no futuro. Porém, se verificarmos as reações do mercado podemos concluir que o investidor “comprou a tese” de final de ciclo após fechamento da curva de juros e desempenho acima da média de ações ligadas à economia doméstica.

ANALISE COMPLETA COPOM: Banco Central decide manter taxa Selic em 13,75% a.a.

Maior juro real do mundo

Após as decisões de política monetária adotadas nessa semana o Brasil ainda segue com o maior juros real do mundo (Juros-Inflação). Patamar que ajudou a sustentar o Real (BRL) mesmo com fortalecimento do dólar frente à outras moedas.

ESTRATÉGIA: como estamos nos posicionado

(1) Empresas ligadas a commodities (Negativa): visão negativa para commodities e no setor agrícola diante do contexto macroeconômico global. Essas empresas ainda são opções interessantes para investidores que gostam de ações boas pagadoras de dividendos. Contudo, como buscamos um posicionamento tático, optamos por ser conservadores, até entendermos se existe espaço ou não para uma alocação com menor volatilidade.

(2) Empresas ligadas à economia local (Positiva, com ressalva): a sinalização do final do ciclo de alta de juros e os resultados resilientes na última temporada de balanços nos fazem acreditar que esse grupo de empresas pode apresentar boas oportunidades. Não fosse o cenário global desafiador e as eleições no Brasil, estaríamos mais confiantes em aumentar nossa exposição a esta classe. Porém, ainda preferimos adotar uma postura conservadora, ao focar empresas que apresentaram bons resultados, seguem com preços atrativos e apresentam menor volatilidade.

(3) Dólar (Neutra): enxergamos pontos à favor e contrários ao Real. Do lado positivo, atratividade dos juros e expectativa de crescimento econômico acima da média global, por outro lado, a busca por investimentos mais conservadores diante da volatilidade global poderá exercer força contrária.

(4) BDRs (Negativa): seguimos com visão negativa para o desempenho das ações no exterior, principalmente na Zona do Euro. Política monetária restritiva nos EUA também atua como vento contrário para ações americanas.

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