Com o cenário desafiador para este ano, o fator juros no Brasil e no mundo deverá influenciar bastante nas estratégias das empresas sobre a distribuição de dividendos em 2023.
Olhando para a estratégia de recebimento de proventos, os investidores devem estar atentos às dinâmicas setoriais e às situações individuais das empresas. Companhias com baixa necessidade de investimento projetada, baixo nível de alavancagem e com resultados operacionais crescentes são boas apostas para quem busca por dividend yield em 2023.
Como estamos analisando qual seria o retorno do investidor através de proventos em um horizonte de tempo de um ano, tomaremos como base a premissa de que o preço pago por cada ação seria equivalente ao fechamento do último dia útil do ano anterior.
Nessa análise retroativa, estamos estimando o Yield On Cost do investidor. Então, por exemplo, se o investidor comprou uma ação no último dia útil de 2022 e essa ação custou R$ 100. Se em 2023 ele receber R$ 1 de dividendo, seu Yield On Cost será de 1%.
As maiores ações pagadoras de dividendos em 2022
Assim como esperávamos, o ano de 2022 foi um ano cheio de emoções! Além de toda volatilidade trazida pelo período eleitoral no cenário local, o resto do mundo foi marcado por conflitos geopolíticos, novas ondas de Covid-19 na China e aumento das taxas de juros como medida de contenção ao processo inflacionário pós pandêmico.
Se em 2021 a retomada econômica decorrente do processo de reabertura fez com que as commodities disparassem de preço, em 2022 os reflexos do conflito entre Rússia e Ucrânia, iniciado em 24 de fevereiro de 2022 ajudaram a manter o preços do petróleo e dos grãos elevados por mais tempo do que o esperado. De um lado os ativos de “valor” acabaram tendo um bom desempenho, do outro os ativos de “crescimento” sofreram por conta da subida de juros.
Quando olhamos para o cenário local, esses movimentos internacionais acabaram premiando os investidores posicionados no setores de petróleo, gás e biocombustíveis, siderurgia, metalurgia e mineração. Ao longo do ano, essas empresas apresentaram boa geração de caixa e acabaram remunerando muito bem seus acionistas.
As ações de Petrobrás (PETR4 e PETR3) fecharam o ano com mais de 50% de dividendos, somando os proventos (Dividendo e JCP) pagos ao longo de 2022. E sabemos que muitos investidores estão preocupados com os dividendos da Petrobras em 2023.
Toda reestruturação interna e desinvestimentos feitos pela Petrobras ao longo do governo Bolsonaro deram resultado. A paridade de preços em relação do barril no mercado internacional durante a alta do petróleo colaborou para que a empresa gerasse um volume robusto de caixa. Mesmo com toda volatilidade na bolsa brasileira, a empresa conseguiu ser destaque no quesito de remuneração de dividendos aos acionistas da Petrobras.
Antes de analisarmos quem são as possíveis campeãs no quesito dividendos para 2023, é importante sabermos quais eram as expectativas do mercado para 2022 e se elas se concretizaram ou não.
Quando olhamos para o índice Ibovespa, as empresas que mais surpreenderam positivamente o mercado em 2022 foram, Petrobras (PETR4 e PETR3), Taesa (TAEE11), Gerdau (GGBR4), Cemig (CMIG4) e Copel (CPLE6).
Já as surpresas negativas ficaram por conta das empresas que historicamente são geradoras de caixa, mas que acabaram tendo seus resultados comprimidos em 2022. Braskem (BRKM5) e Cyrela (CYRE3), Qualicorp (QUAL3), Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e B3 (B3SA3) foram as empresas que mais frustraram as expectativas do mercado no quesito dividendos.
Por conta das incertezas decorrentes da pandemia, alguns setores historicamente conhecidos como “vacas-leiteiras” acabaram optando por não pagar tantos dividendos. A seguir são apresentados os dividendos pagos por setor que compõem o Índice Ibovespa ao longo dos últimos 6 anos:
Como sabemos que o Índice Ibovespa é apenas uma pequena amostra da nossa bolsa, olharemos agora para uma cesta maior de ações, numa composição com mais de 380 empresas listadas e com 41 subsetores.
As maiores pagadoras de dividendos em 2023
Reafirmando o que já dissemos anteriormente, o próximo ano deve ser desafiador para as ações brasileiras. A expansão fiscal pode pressionar a inflação, exigindo uma taxa de juros em patamar mais alto por mais tempo.
Setores mais alavancados podem sofrer com o movimento de alta da Selic (Saúde, Varejo e Transportes) apresentando maiores gastos com despesas financeiras e, portanto, podem ser destaques negativos na distribuição de dividendos em 2023. Por outro lado, setores que se beneficiam de juros mais altos ou empresas exportadoras podem ser uma válvula de escape para os acionistas.
Dividendos 2023: Análise Setorial
No setor de seguros, dado o elevado nível de juros, devemos observar a combinação de bom nível de receita, com queda de custo (diminuição da sinistralidade) gerando um impacto positivo no resultado financeiro e por consequência aumentando o lucro das empresa do segmento. O alto volume de prêmios emitidos acompanhados de reprecificação da carteira e redução da sinistralidade podem contribuir positivamente para a geração de caixa das empresa.
Esperamos que grandes bancos se mantenham abaixo do nível histórico de distribuição de proventos. O rápido e forte aumento da Selic tem impactado no resultado de tesouraria e aumento de Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) por parte dos bancos. As boas apostas estão nos bancos com carteira de crédito com menor participação de pessoa física, pois assim reduzem o risco de inadimplência.
No setor elétrico, chamamos atenção para a possibilidade de dividendos extraordinários em 2023. Vale a pena destacar que as empresas do setor elétrico conseguem pagar dividendos para além do lucro se a alavancagem estiver controlada.
Mesmo com possíveis novos leilões de transmissão em 2023, algumas transmissoras de energia podem se beneficiar do fim do ciclo de investimentos. Com maior porcentagem de projetos em operação, passa a existir mais espaço para distribuição de proventos. Acreditamos que o setor deve voltar a ser destaque no repasse. Do lado de geração, a sobra de capacidade instalada deve jogar o preço da energia para baixo ao longo do ano.
Do lado da indústria, mesmo com os efeitos de uma recessão econômica global, o Brasil segue cada vez mais competitivo em termos de custos. Com energia e mão-de-obra mais baratas, as empresas exportadoras podem se beneficiar e ganhar participação de mercado.
Lembrando que 2023 pode ser o primeiro ano de produção normalizada de veículos, e, caso isso aconteça, observaremos um movimento de recomposição de estoques por parte das montadoras e concessionarias ao redor do mundo, mantendo os níveis de produção nos patamares atuais, mesmo com uma demanda mais fraca.
O setor de siderurgia é outro que se beneficia da normalização da produção de automóveis, já que é uns dos principais fornecedores de insumos. Por outro lado, o efeito da desaceleração econômica durante 2022 deve continuar a ser sentindo em 2023. Mesmo com possíveis novos investimentos contratados para infraestrutura no país e possíveis novos incentivos ao setor da construção civil no Brasil.
No campo das commodities, as dinâmicas são muito diferentes entre si. Mesmo com a reabertura gradual da China, as mineradoras devem enfrentar um ano cheio de incertezas pela frente.
As consequência do processo de reabertura pode dificultar a manutenção do preço do minério em patamares acima da US$100 ao longo do ano. Embora seja um setor volátil, ainda sim deve continuar pagando bons dividendos em 2023.
O setor de alimentos, que teve sua geração de caixa impactada pelo ciclo positivo do gado nos EUA e câmbio favorável, não deve ter outro ano tão animador. Já observamos a virada do ciclo no mercado americano e vemos muito mais pressão inflacionário sobre os frigoríficos.
Com o preço de grãos em patamares elevados e aumento do custo do gado, devemos observar compressão nas margens operacionais, podendo se refletir em menor geração de caixa e consequentemente menor distribuição de proventos. Para as empresas com produção concentrada na América do Sul o cenário é o oposto e por consequência devem entregar maior geração de caixa.
Se a alta dos grãos afeta negativamente os produtores de proteínas, o impacto nas empresas Agrícolas é positivo. Além disso, fatores climáticos vêm colocando os níveis de produção na América do Norte e na Argentina abaixo do ótimo. No Brasil o cenário é positivo, com produções recordes e câmbio favorável, podemos ver o setor forte em 2023 e por consequência pagando um boa quantidade de dividendos para seus acionistas.
No setor de petróleo, o baixo nível de investimento em produção e exploração gera uma produção ainda abaixo da ideal, o que estruturalmente coloca pressão sobre os preços do petróleo para 2023.
Mesmo em um cenário de recessão global, a reabertura da economia chinesa pode se sobressair e pode aliviar as quedas nas curvas futuras. O mercado está apostando em mudanças na política de distribuição de dividendos em 2023 da principal petroleira do país. Nesse cenário, caso não haja interferência na política de preços, ainda assim podemos observar bons níveis de retornos via proventos.
Ações com maior Dividendos para 2023
Segundo as estimativas do mercado, as maiores pagadoras de dividendos em 2023 serão:
- Petrobras (PETR4) com 22,1% de rendimento de dividendos estimado
- Petrobras (PETR3) com 20,9% de rendimento de dividendos estimado
- Banco do Brasil (BBAS3) com 14,0% de rendimento de dividendos estimado
- Bradespar (BRAP4) com 13,7% de rendimento de dividendos estimado
- Eztec (EZTC3) com 10,0% de rendimento de dividendos estimado
Ações com maior Dividendos para 2023 – Genial Analisa
Segundo as estimativas do time de analistas Genial Analisa, as maiores pagadoras de dividendos em 2023 serão:
- BrasilAgro (AGRO3) com 20,5% de rendimento de dividendos estimado
- Banco do Brasil (BBAS3) com 13,8% de rendimento de dividendos estimado
- Csn Mineracao (CMIN3) com 11,8% de rendimento de dividendos estimado
- Taesa (TAEE11) com 11,2% de rendimento de dividendos estimado
- Gerdau (GGBR4) com 10,1% de rendimento de dividendos estimado