Melhoras impulsionadas por menores provisões
Os bancos devem continuar a entregar melhoras relevantes nos resultados do 2T21, principalmente em relação ao 2T20 quando anteciparam substancialmente provisões de crédito duvidoso para fazer frente a potenciais perdas com a pandemia. A rentabilidade dos bancos privados deve voltar aos patamares próximos a 20% esse ano, com uma combinação de melhoras no custo com provisores para crédito, controle de custo e volume de crédito crescendo em dois dígitos.
Do lado negativo, as receitas de serviços devem continuar pressionadas por conta da crescente competição com novas entrantes, seguros deve sofrer com perdas relacionadas a segunda onda da Covid e os spreads devem continuar pressionados pela crescente competição e regulação. A alta da Selic tem um impacto negativo para os bancos que não fazem hedge, mas esperamos que no médio prazo seja repassado para os spreads de crédito.
De forma geral, acreditamos que o Bradesco e Santander devam entregar melhores resultados entre os bancões com boa rentabilidade. A nossa maior dúvida em relação ao 2T do Bradesco é sua unidade de seguros que deve sofrer com a pandemia esse tri (saúde e vida). O Itaú deve entregar um lucro muito pário com o 1T21, mas com uma melhora na qualidade do seu resultado (menor ganho com tesouraria e crescimento de receita de crédito com clientes). Já o lucro do 2T21 do Banco do Brasil (BB) deve melhorar em relação ao 1T21, mas a grande questão deva ficar para o resto do ano com a pressão no custo de funding com a alta da Selic maior que o esperado, já que o banco não faz um hedge ativo de suas receitas de juros. Reiteramos nossa preferência por Bradesco entre os bancos por conta de uma melhor relação risco-retorno ao nosso ver, com valuation mais atraente que os outros pares privados e com uma boa dinâmica de crescimento.
Expectativas para principais bancos
Bradesco (BBDC4). Após um forte resultado no 1T21, estimamos que o Bradesco entregue um 2T em linha com o tri passado, mas muito superior ao 2T20. A nossa expectativa de crescimento de lucro é de 1% t/t e 70% a/a, puxada anualmente pela queda de 55% a/a do custo de crédito (provisionamento) e trimestralmente pelo avanço de 5,2% t/t de receita de juros. Esperamos que a carteira de crédito cresça 2,6% t/t e 13,2% a/a em decorrência da boa performance principalmente em imobiliário e consignado. Do lado negativo, esperamos uma queda de 6,5% t/t e 5,2% a/a nas receitas de taxas em função do resultado de seguros impactada pela segunda onda da pandemia de Covid-19.
Santander (SANB11). Estimamos que o lucro do Santander deva crescer 2,9% t/t e 93% a/a também com destaque para a queda de provisionamento de 51% a/a. Para a carteira, esperamos um avanço de 1,9% t/t e 13,1% a/a com o crescimento dos segmentos transacionais como cartões e cheque especial. Com o spin off da Getnet, tanto as receitas de tarifas quanto as despesas administrativas devem cair, compensando uma, a outra. A conjuntura sugere uma rentabilidade acima dos 20% de ROE, mantendo a liderança entre os grandes bancos brasileiros. Lembrando que apesar dos bons resultados o índice de cobertura de 160% é bem abaixo dos pares que rodam na faixa de 200-250%, o que diminui a margem para aumentos na inadimplência e eventuais reversões de provisões.
Itaú (ITUB4): A nossa estimativa para o Itaú é de crescimento do lucro de 1,6% t/t e 55% a/a, impulsionado pelo provisionamento 33,7% menor a/a. Esperamos que a carteira de crédito avance 1,3% t/t e 13,7% a/a, puxada principalmente pelo bom desempenho em pessoas físicas, uma tendência que temos observado para todo o setor. Apesar da saída da XP, as receitas de taxas devem se manter estáveis t/t e crescer 12,5% a/a, em parte pelo melhor desempenho em cartões, segmento cujos produtos foram reformulados e por conta de um resultado fraco no ano passado devido à pandemia. Acreditamos que o resultado seja melhor percebido pelo mercado pelo melhor desempenho da margem de juros com clientes vis-a-vis a margem de tesouraria, vista no 1T como resultado não recorrente pelo mercado.
Banco do Brasil (BBAS3). Estimamos que o lucro do BB cresça 4,4% t/t e 25,2% a/a, puxado pela queda de 30,5% do provisionamento a/a. As receitas de juros devem apresentar uma queda de 2,2% a/a e aumento de 2,3% t/t. A maior pressão de margem a/a para o BB é consequência do mix concentrado em consignado, linha cujo reajuste de preço é limitado por lei. Esperamos a carteira avançando 2,8% t/t e 10,5% a/a com melhor desempenho em pessoas físicas e agro. A maior questão fica para como o aumento da Selic, que irá pressionar o custo de funding do banco que já sofre com o pouco crescimento de volume de crédito comparado aos pares privados.
Momento do Setor
O setor bancário teve impactos negativos com a pandemia. Dentre os principais observados em 2020, estão o aumento do provisionamento para arcar com a inadimplência e a diminuição dos spreads em decorrência da diminuição da Selic. Para os resultados do segundo trimestre esperamos ver a continuidade da recuperação, puxada principalmente pela menor necessidade de provisionamento dadas as reservas acumuladas e a baixa inadimplência que está se materializando no ano. Contudo, a alta da Selic impactou mais rapidamente as despesas financeiras, preço que se paga para captar recursos, do que as receitas advindas dos empréstimos, gerando ainda mais pressão nos spreads.
Os impactos diferenciam-se entre os bancos, pois alguns deles possuem instrumentos de hedge que reduzem os efeitos da variação da Selic, como é o caso do Itaú, por exemplo. Além disso, alguns bancos, como caso do Bradesco, estão mais provisionados, fazendo com que possam provisionar menos ou até reverter suas reservas.
Vale ressaltar que os bancos em grande parte se adaptaram às restrições de locomoção geradas com a pandemia, fechando agências e reduzindo o pessoal, fatores que ajudaram a controlar a despesa administrativa e foram grandes vetores para justificar a lucratividade de alguns bancos no primeiro trimestre.
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