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Publicado em 11 de Agosto às 11:10:36

Resultado Trimestral (2T21): Notre Dame Intermédica (GNDI3), Qualicorp (QUAL3) e Marfrig (MRFG3)

Avaliação dos Resultados  

NOTRE DAME INTERMÉDICA (GNDI3): Apesar do forte crescimento de receita em comparação ao 2T20 de 23%, impulsionado pelo maior número de vidas no seu portfólio, GNDI não conseguiu escapar do seu primeiro prejuízo ajustado. O grande vilão do trimestre continuou sendo a Covid-19, que impactou negativamente o resultado devido ao maior tempo médio de internação e a maior utilização de leitos. Com o avanço da vacinação no Brasil e consequentemente, o menor número de pacientes com Covid-19 para as operadoras, prevemos o 4T21 mais parecido com os níveis normais de sinistralidade, e, consequentemente, um 3T21 melhor que o atual período. Do lado positivo, vemos uma forte atividade de fusões e aquisições, com a entrada de novas praças e uma ótima habilidade de ganho de escala na integração das novas adquiridas, refletido no menor custo de serviços. Assim, esperamos uma melhora gradual dos resultados nos próximos trimestres. 

QUALICORP (QUAL3): Quali apresentou um trimestre difícil, com as principais linhas (receita, EBITDA e lucro) abaixo de nossas expectativas. O principal motivo negativo do trimestre foi o alto cancelamento de planos de saúde, que praticamente cancelou as adições brutas, deixando a meta de crescimento de 40/45 mil vidas por mês insuficiente para crescer a carteira no trimestre. Esse cancelamento é devido pelo reajuste de cerca de 23% acordado no início do ano, depois da suspensão do reajuste causado pela pandemia. Além disso, maiores despesas com pessoal, marketing e remuneração variável, impactaram negativamente o resultado. Do lado positivo, a empresa mostrou um crescimento relevante na sua carteira PME, alinhado com sua estratégia de aumentar em 10x sua carteira, que hoje, está na casa das 56 mil vidas. Estimamos que esse mercado possui potencialmente 5 milhões de vidas que ainda não são atacadas pela empresa. Com isso, nos mantemos cautelosos com a empresa, porém não a ponto de mudarmos a tese. 

MARFRIG (MRFG3): Conforme nossa previsão, a empresa reportou um resultado recorde. O cenário extremamente favorável nos EUA, com ampla disponibilidade de gado e forte demanda por carne bovina, levou a empresa a reportar um crescimento de 9,0% a/a de lucro líquido, chegando a R$ 1,7 bilhão. A Marfrig foca suas operações no mercado americano, que é de onde vem cerca de 75% de sua receita total historicamente. Estávamos esperando R$ 1,4 bilhão de lucro e o consenso de mercado era de R$ 1,2 bilhão. Já tínhamos o conhecimento da situação favorável para a empresa, portanto, mesmo que o lucro tenha sido acima das expectativas, não consideramos que foi uma surpresa. 

Notre Dame Intermédica (GNDI3): Vacina de Covid-19 para GNDI, já! 

GNDI apresentou um prejuízo líquido ajustado de R$10 milhões, revertendo o lucro líquido ajustado apresentado no mesmo período do ano anterior. Em consequência, seu EBITDA caiu de R$510 milhões no 2T20 para R$119 milhões nesse trimestre. No 2T21, foram adicionadas 572 mil vidas no portfólio da companhia. 

Pontos Positivos 

  • Entrada no território gaúcho com a aquisição do CCS – Centro Clínico Gaúcho, que traz uma carteira de 175 mil beneficiários, caso os órgãos reguladores aprovarem.  
  • Despesas gerais vieram comportadas, somando R$234 milhões, apresentando uma redução de 8,5% na comparação anual, mesmo com a inclusão de MedSanitas e Biosaúde 
  • Resultado de baixa inadimplência e ganhos de escala. 

Pontos Negativos  

  • Sinistralidade caixa atingiu nível recorde no trimestre, 82,7%, devido à média de internações aproximadamente 50% maiores do que no trimestre anterior. 
  • Com o maior endividamento bruto e os desembolsos relacionados à aquisição da MedSanitas e o Grupo Hospitalar de Londrina, o indicador Dívida Líquida/EBITDA ajustado alcançou 1,3x no trimestre, um aumento de 13x na comparação anual. 

Qualicorp (QUAL3): Vão precisar dobrar a meta

Quali apresentou lucro líquido de R$90 milhões, uma queda de 28% a/a e de 21% t/t, abaixo das nossas expectativas. A margem EBITDA também sofreu, com queda de 15 pp na variação anual e 4,6 pp na trimestral, atingindo 45%. Já seu portfólio total se manteve constante na variação trimestral, terminando o trimestre com 2,5 milhões de vidas. 

Pontos Positivos 

  • Capacidade de cumprir com a meta de vendas no segmento adesão prometido no trimestre anterior. 
  • Parceria com o Banco Inter para vendas de planos de adesão pelo aplicativo, uma oportunidade que visa atender os 10,5 milhões de clientes do banco que não possuem planos de saúde advindos da plataforma. 

Pontos Negativos  

  • Alto cancelamento de planos devido ao alto reajuste de planos de saúde. 
  • Dívida líquida mais que dobrou em comparação ao trimestre anterior e ao mesmo período do ano passado, por consequência da menor geração de caixa. 

Marfrig (MRFG3): Muito bom… por ora. 

Como mencionado anteriormente, a Marfrig teve um trimestre muito forte. Sua operação nos EUA, através da subsidiária National Beef, teve um crescimento de 13,8% a/a de EBITDA, chegando em R$ 722 milhões e um avanço de margem EBITDA de 0,8 p.p. para 24,5%. A operação na América do Norte teve um forte aumento de 12,5% em seu volume total de vendas, com um total de 507 mil toneladas de carne vendidas. Já na operação da América do Sul, o EBITDA teve forte redução de 70,5% a/a, atingindo R$ 181 milhões com margem de apenas 3,6%. No consolidado, o EBITDA da empresa ficou em R$ 3,9 bilhões, uma redução de 3,6% quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Fica evidente a importância do mercado americano para obter boa performance. 

Pontos Positivos 

  • Concentração no mercado americano deve continuar beneficiando a Marfrig no curto prazo; 
  • Utilização de caixa para a distribuição de dividendos de R$ 958 milhões (R$ 1,4 por ação); 
  • A empresa se beneficia com o real desvalorizado frente ao dólar, dado a exposição de 90% da receita a moeda americana; 
  • Menor nível histórico de alavancagem (1,5x dívida líquida/EBITDA) traz a oportunidade de mais investimentos 

Pontos Negativos  

  • Ciclo extremamente benéfico nos EUA não vai durar para sempre – acreditamos em uma normalização no médio/longo prazo. 
  • Custos no Brasil muito altos, pressionando margens e diminuindo lucros em sua operação no país, que corresponde por 24% de sua receita total. 
  • Falta de contêineres e de navios de embarque causou problemas logísticos de exportação.
  • Olhando para frente, esperamos ver uma normalização nos spreads (diferença entre preço do gado e preço da carne), o que terá impacto negativo nas margens da empresa.
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