Finalmente nos dando um Refresco!
Seguimos com a recomendação de manter. Apesar da recuperação apresentada pela empresa neste trimestre, não acreditamos que ainda seja o momento de rever nossas estimativas à medida que ainda vemos a empresa convergindo às nossas estimativas em termos de rentabilidade. Não consideramos um case caro – muito pelo contrário, vemos a empresa negociando a uma TIR implícita interessante em níveis reais e um desconto expressivo em relação a sua base de remuneração regulatória (BRR), que atualmente está em 0,47x. Entretanto, com o acirramento da crise hídrica, observamos os demais nomes do setor sofrendo e também entrando em níveis que consideramos atrativos e ficando cada vez mais baratas. Para fins de comparação, quando lançamos nosso início de cobertura do setor de saneamento, Copasa estava negociando na casa dos R$17/ação. Por enquanto, preferimos manter a nossa recomendação para a ação inalterada.
Análise de resultado
Sólidos resultados. EBITDA reportado acima do consenso. Consideramos os números reportados como positivos. Neste trimestre, a empresa entregou um mix de boas notícias sob múltiplos fronts. Na receita, observamos uma recuperação derivada do número de conexões de água e esgoto (+2,7% e +3,8%, respectivamente) como também nos volumes faturados de água e esgoto (130m³ e 98,8m³, crescimento de +1,5% e +2,1%, respectivamente). A aplicação do reajuste e da revisão tarifária nas tarifas somadas ao maiores volumes propeliu a receita líquida da empresa em 10,7% a/a. O EBITDA no 2T21 foi de R$582 milhões, acima do consenso do mercado e dos nossos números. Tal performance foi possível devido ao controle de custos, que cresceu apenas +2,8% a/a, possivelmente devido aos recentes esforços relacionados aos programas de demissão voluntárias.
Como resultado da boa performance operacional, o lucro líquido foi de R$331 milhões (+16,7% a/a) e um ROE 12M de 14,6% (vs. 15,5% em nossas estimativas, o que nos faz nos sentirmos confortáveis com nossos números para a empresa). Tais números podem parecer triviais para um case de saneamento – e deveria ser, pois apresentam crescimento orgânico nas conexões e volumes faturados, comum ao negócio que a empresa está inserido – mas permita-nos discordar por um momento: vale lembrar que a empresa passou por uma série de desafios nos últimos trimestres (pandemia, uso da empresa como “colchão” financeiro para população de baixa renda e mais recentemente o anúncio de racionamento devido à crise hídrica). Ou seja, uma mera “normalização” dos resultados operacionais é mais do que bem-vinda e vem para dar um refresco para os acionistas da empresa, à medida que a performance das suas ações nos últimos meses tem deixado a desejar.
Pontos Positivos
- Maior rentabilidade do setor
- Recuperação dos números operacionais apesar do racionamento
- Tende a ser generosa no pagamento e dividendos
Pontos Negativos
- Maior risco regulatório do setor, em nossa leitura
- Privatização nunca foi considerada pelo governo do Estado do Paraná
- Hidrologia ruim segue sendo um risco para todas as empresas de saneamento