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Publicado em 24 de Julho às 12:36:26

Temporada de Resultados 2T23: Datas e Expectativas

O panorama corporativo brasileiro para o segundo trimestre de 2023 (2T23) se mostra complexo, com diversas nuances setoriais. Mesmo com o avanço da reforma tributária e a estabilidade fiscal, muitas empresas, sobretudo aquelas voltadas ao consumo doméstico, enfrentam um cenário desafiador, buscando recuperar margens em meio a uma demanda tímida e inflação em alta.

No cenário bancário, destaque para a rentabilidade de Itaú e Banco do Brasil, enquanto Santander e Bradesco podem apresentar um desempenho abaixo do esperado, refletindo as preocupações com inadimplência. As empresas eólicas seguem atentas aos problemas com a Siemens Gamesa, enquanto o setor automotivo, apesar dos incentivos, encontra-se cauteloso devido a desafios creditícios. A educação tem sua atenção voltada ao FIES e à sazonalidade, com Yduqs possivelmente sendo a única a reportar lucro no período. Já o varejo, sensível às dinâmicas macroeconômicas, pode ter resultados ainda mais apertados do que no 1T23.

Outros setores, como saúde, saneamento, seguros e serviços financeiros, apresentam expectativas variadas, desde sazonalidades até impactos de taxas de juros. Enquanto isso, os frigoríficos têm perspectivas mistas e o setor de bebidas, como a Ambev, pode enfrentar desafios tributários. A indústria de papel e celulose se prepara para os impactos dos preços internacionais, e, apesar da queda nos preços do petróleo, as empresas do setor de petróleo e gás permanecem otimistas. Já o setor siderúrgico poderá enfrentar um período mais conturbado no 2T23.

Resumo Macro

No mercado interno, fomos surpreendidos positivamente pelo PIB, que por sua vez foi impulsionado principalmente pela agropecuária. Porém, setores como consumo das famílias, formação bruta de capital fixo e importações tiveram baixo crescimento devido à política monetária. Indicadores setoriais mostraram sinais mistos, com produção industrial caindo e vendas no varejo crescendo.

O mercado ainda segue de olho na próxima reunião do Banco Central, onde esperamos um corte inicial de 0,25 p.p. na taxa Selic, de modo a encerrar 2023 com uma taxa de 12% a.a.

Já no mercado externo, a expectativa de desaceleração econômica, mas excesso de poupança e forte criação de empregos ajudam a evitar recessão nos EUA. No entanto, a inflação resiliente pode levar a duas altas adicionais na taxa de juros até o final do ano, chegando a 5,75%.

Na Europa, a revisão do PIB da Zona do Euro do 1º trimestre levou a economia a uma recessão técnica. Indicadores mistos mostraram desempenho divergente entre setores. Inflação reduz em ritmo lento, podendo fazer com que o BCE aumente juros em mais duas altas. Temores sobre o fim do TLTRO foram dissipados, descartando crise bancária.

Por fim, indicadores divulgados em junho mostram recuperação lenta da economia chinesa, que por sua vez prometeu estímulos para o ano corrente. Baixa confiança de empresas e consumidores, crise no mercado imobiliário e desaceleração global seguem afetando o crescimento. Vendas no varejo avançaram abaixo do esperado, produção industrial e investimentos seguem em desaceleração.

Alimentos

No setor de frigoríficos, o maior destaque positivo deve ser Minerva (BEEF3). Com custos do gado em baixa no Brasil e Paraguai (e começando a arrefecer no Uruguai), a volta das exportações à China, e o início de maiores exportações aos EUA, Minerva deve apresentar crescimento de receita com melhores volumes e preços, além de uma expansão sequencial de margens. JBS (JBSS3) deve apresentar uma melhora sequencial de margens na maioria de suas operações e proteínas, com exceção da operação de bovinos nos EUA, que ainda deve sofrer com o ciclo pecuário negativo na região.

Em relação à Marfrig (MRFG3), seguimos cautelosos dado que a maior parte do faturamento da companhia é oriundo da América do Norte, região em que, como mencionado, o ciclo pecuário encontra-se negativo, fazendo com que o custo do gado permaneça alto. Por fim, também seguimos conservadores com BRF (BRFS3), em virtude de seu alto grau de alavancagem e nossa pouca visibilidade em relação a melhorias operacionais da empresa.

Já olhando para o setor de bebidas, esperamos um trimestre bom para Ambev (ABEV3), a qual deve apresentar crescimento de top-line e margens sequencialmente melhores. Os destaques positivos devem vir da operação Cerveja Brasil, e os negativos da Argentina e do Canadá. Vemos ventos favoráveis para a companhia nos trimestres seguintes, mas ainda não enxergamos grande potencial de crescimento para a empresa. Seguimos ainda monitorando os impactos da implementação do Imposto Seletivo proposto na reforma tributária (quer incidirá sobre produtos prejudiciais à saúde, como bebidas alcoólicas).

Bancos

Em geral, para o 2T23 esperamos que os bancos sigam as dinâmicas apresentadas no primeiro trimestre do ano. Esperamos que as instituições sigam com uma originação de crédito mais restrita, devido a maior seletividade com o objetivo de reduzir os atuais níveis de inadimplência. Já as receitas de serviços devem continuar pressionadas devido ao mercado de capitais ainda fechado com a recente crise de pedidos de recuperações judiciais, além de menores taxas arrecadadas com conta correntes. Por fim, os níveis de provisão de crédito duvidoso (PDD) devem continuar em patamares elevados, já que a inadimplência ainda não mostrou sinais de estabilização. Por tanto, estimamos que os resultados seguem polarizados com Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) entregando boa rentabilidade (ROE de 20%) e Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) com baixo ROE, um pouco acima de 10%.

Educação

O segundo trimestre para as empresas de educação não deve trazer muitas novidades dada a sazonalidade do negócio ser voltada aos trimestres ímpares. O cenário para educação tem mostrado indícios de melhora, como sinalizado pela boa captação do primeiro ciclo. Contudo, mesmo com um contexto macroeconômico com perspectivas de corte na taxa de juros, ainda não devemos observar uma retomada de demanda no curto prazo visto que a graduação é um produto de ciclo longo, refletindo tais efeitos mais à frente.

No 2T23, as atenções estarão voltadas para sinalização das companhias ante curva de captação do segundo ciclo (que tem seu ápice de aceleração em agosto/setembro) e para novidades do programa do FIES que deve ser lançado em breve.

Acreditamos que a Yduqs (YDUQ3) deve ser a única empresa sob nossa cobertura a reportar lucro líquido no trimestre, pela sua menor alavancagem financeira. Enquanto isso, Cogna (COGN3) e Anima (ANIM3) ainda sofrem pressão no bottom line por conta do atual nível de juros e devem reportar prejuízo.

Energia

No setor de energia, esperamos resultados sem grandes surpresas. No primeiro trimestre do ano, as empresas de geração já realizaram os movimentos de contratação de seu portfólio para proteção contra os baixos preços de energia para os próximos anos, o que nos faz esperar resultados mais em linha com o histórico da empresa, sem grandes surpresas. Para as empresas de transmissão, é característico da operação resultados constantes com crescimento atrelado a inflação e a consolidação dos novos ativos adquiridos no último leilão, a depender da empresa. Dada essas caraterísticas, podemos esperar o anúncio de dividendos, referentes ao primeiro semestre do ano.

Papel e Celulose

Com a queda forte nas curvas internacionais da celulose, com a fibra curta atingindo uma média de US$520/t no 2T23 vs. US$760/t no 1T23, acreditamos que haverá um efeito direto no preço realizado do volume de celulose por partes empresas brasileiras de papel e celulose.

Para o trimestre, esperamos que a Klabin (KLBN11), com exposição de apenas 1/3 da receita para a celulose de mercado, mostre maior resiliência, mesmo com a unidade de papel ainda devagar em termos de volume. Na outra ponta, a Suzano (SUZB3), com exposição de 90% para a celulose de mercado, deve ter grande retração em seu resultado, mesmo com o seu hedge cambial ajudando a compensar a queda do dólar durante o período.

Imobiliárias

As construtoras surpreenderam positivamente neste trimestre. De um lado, as construtoras com foco no Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) seguiram apresentando bons resultados operacionais, com lançamentos crescentes e vendas aceleradas para Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3). Tenda (TEND3) e MRV (MRVE3), que vinham decepcionando nos últimos trimestres, passaram a colher os frutos da mudança de estratégia com maior foco em rentabilidade e agora voltaram a apresentar números operacionais mais fortes. Além disso, devemos ver uma melhoria significativa nas margens de ambas e menor queima de caixa, se aproximando do breakeven. Por fim, RNI (RDNI3) deve ter um trimestre mais neutro, com margem estável e vendas praticamente em linha com as do ano passado.

 Do outro lado, as construtoras de médio/alto padrão também mostraram melhorias operacionais significativas, com vendas e lançamentos acelerando. No entanto, ainda esperamos que as construtoras deste segmento sigam com margens prejudicadas, tanto devido aos impactos do INCC em 2021/2022 quanto aos descontos oferecidos nos últimos trimestres. A melhoria nas vendas implica em uma tendência de retirada dos descontos e expectativas de melhoria nas margens nos próximos trimestres.

Indústria

No setor industrial, WEG (WEGE3) adiantou a divulgação de seus resultados, que por sua vez nos surpreenderam positivamente. Além de receitas crescentes tanto na comparação anual quanto na trimestral, também tivemos um aumento de margens e principalmente do ROIC, que finalizou o trimestre em 34,4%. Mesmo com o câmbio médio inferior em relação ao trimestre passado, a composição favorável do mix de produtos vendidos e o movimento de estabilização de custos ajudaram a contribuir para novas melhoras na margens operacionais. O resultado foi impulsionado principalmente por uma demanda ainda forte dos produtos de ciclo longo, principalmente T&D nos EUA e até mesmo Brasil. Outro ponto que nos chamou atenção foi o desempenho acima do esperado na Europa, com crescimento de 48% t/t, quase 29% acima das nossas estimativas.

Já no eólico, esperamos um trimestre similar ao 1T23, com concentração de volumes no mercado local e melhora na margem bruta devido a novos repasses de preços. Os volumes devem permanecer estáveis, com o mercado monitorando o evento Siemens Gamesa e as possíveis consequências na indústria eólica. No começo do mês a fabricante de turbinas admitiu a descoberta de defeitos em um dos projetos de turbinas.

Por fim, quando olhamos para o setor automotivo, apesar do programa de incentivo do governo, devemos observar volumes tímidos vindos de OEMs devido ao cenário ainda restrito de crédito, juros elevados e implementação do Euro 6. Olhando para o mercado externo, os volumes ainda fortes devem contrabalancear o câmbio médio 5% inferior na comparação trimestral. Acreditamos que o cenário interno para o setor como um todo deve começar a melhorar a partir do terceiro trimestre, com cortes de juros e melhora na concessão de crédito.

Mineração

Nossas expectativas são mistas perante as mineradoras sob nossa cobertura, com uma estimativa geral de contração no preço realizado pela queda na curva de referência, que fechou em uma média de US$111/t no 2T23 vs. US$125/t no 1T23. Do lado de volumes, acreditamos em uma progressão sequencial pela sazonalidade mais favorável em relação a dinâmica de chuvas.

No caso da Vale (VALE3), esperamos um forte aumento nas vendas t/t, com os empecilhos logísticos que reduziram substancialmente os embarques de minérios finos no Sistema Norte. Com a situação no terminal Ponta da Madeira já normalizada, acreditamos que haverá uma forte recuperação dos números da companhia, mesmo com quedas nos preços realizados e custos ainda persistentes devido as dinâmicas do estoque em trânsito, que carrega os efeitos de C1/t do trimestre passando ainda para dentro do 2T23. Já o caso da CSN Mineração (CMIN3), apesar do melhor mês de sua história em termos de volume em maio, pela resolução dos empasses logísticos causados pelo deslizamento de terra na linha da MRS, esperamos que a queda no preço realizado e aumento no custo frete seja mais que suficiente para trazer resultados mais fracos t/t.

Siderurgia

Ainda sentindo reflexo da desaceleração econômica, nossa expectativa é de números mais fracos para o 2T23, com contração de margens, mas em escala diferente para as três companhias cobertas. A nossa Top Pick Gerdau, deve apresentar uma queda mais leve t/t, perdendo volume geral após uma forte recuperação de market share no último trimestre, enquanto os custos se mantem levemente pressionados e sem muito espaço para ganho de diluição.

Enquanto isso, estimamos números piores para a Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3), com a primeira sofrendo pela sua forte exposição ao setor automotivo e seu ambiente desafiador, perdendo tanto na parte de volume como no preço, corrigindo negativamente ~80% da base de clientes do segmento nesse trimestre, além de uma dinâmica específica da companhia ligado ao aumento do custo de aquisição de placas pressionando o COGS/t. Já CSN vem tentando reajustar seu preço para os clientes, porém o efeito positivou acabou sendo neutralizado por novos descontos feitos em seguida, reflexo da paridade com o aço importado, que após quedas na referência chinesa junto com o dólar, operam um plano com prêmio de +20%. Além disso, as ineficiências produtivas do 1T23 ainda devem ter um impacto negativo no COGS/t do 2T23, enquanto a unidade de cimentos e mineração devem trazer números mais fracos t/t, apesar de ganho de volume pelo final do período maior de precipitação.

Óleo e Gás

Para o setor de óleo e gás, o segundo trimestre foi marcado por uma queda no preço do petróleo, que certamente irá resultar em receitas menores e margens um pouco mais apertadas. Por outro lado, o preço do barril ainda se encontra em níveis bem confortáveis para as empresas sob nossa cobertura. Assim, ainda que sejam afetadas pela queda dos preços, não é algo que irá afetar a saúde delas. Em adição a esses fatores, destacamos que esse segundo trimestre foi um período de consolidação de vários ativos para algumas das empresas sob nossa cobertura, aumentando sua produção diária significativamente e, ainda que já precificada, o aumento da produção é sempre positivo aos cases.

Saúde

Para o setor de saúde, o segundo trimestre geralmente apresenta sazonalidade. Por um lado, para as operadoras de planos de saúde, o período de temperaturas mais frias gera maior uso dos planos de saúde, o que impacta negativamente a sinistralidade. Por outro lado, para os prestadores de serviços hospitalares esperamos maior nível de taxa de ocupação, o que deve impulsionar os resultados.

Saneamento Básico

No geral, esperamos resultados em linha dentro do setor de saneamento. Sem muitas novidades dentro desse segundo semestre, as empresas devem reportar bons números, mas sempre em linha com o passado de suas companhias. Acreditamos ainda que o que pode vir a destravar valor no setor seria o evento de privatização. De qual das empresas? Essa é a pergunta de R$1 milhão.

Seguradoras

No geral, esperamos que as seguradoras – Porto (PSSA3) e BB Seg (BBSE3) – devem continuar apresentando bons resultados para o 2T23, com prêmios emitidos crescendo e resultado financeiro contribuindo positivamente, beneficiando a geração de lucro e aprimorando o indicador de rentabilidade (ROE). Já para o IRB (IRBR3), esperamos que a empresa continue com a agenda de melhorias, mas ainda apresentando volatilidade em seus resultados, com operacional negativo e prêmios emitidos em contração.

Serviços Financeiros

Em serviços financeiros a dinâmica deve ser mista, já que as companhias apresentam atuações diferentes. A B3 (B3SA3) deve ser mais favorecida com a retomada do volume financeiro diário médio (ADTV) devido ao arrefecimento das curvas de juros e expectativa de redução da taxa Selic, o que trouxe um melhor momentum para o mercado de ações no 2T. Em termos de lucro, esperamos um resultado relativamente em linha com o 1T23. A Cielo (CIEL3) deve melhorar sua dinâmica de margem principalmente com a nova regra do intercâmbio do cartão pré-pago e aumento de preços feitos ao final do 1T23, mas deve ser impactada negativamente por uma fraca dinâmica do volume financeiro transacionado (TPV) devido a perda de market share e cenário macroeconômico ainda desafiador. Por fim, a Valid (VLID3) deve apresentar dinâmicas parecidas com o primeiro trimestre, beneficiada pela nova estrutura de capital da empresa, enquanto o lado de produtos deve ficar relativamente estável.

Tecnologia

Esperamos resultados fracos para o Méliuz (CASH3) no 2T23, com performance fraca do setor de e-commerce no último trimestre, além de margens mais comprimidas, o desempenho da companhia deve ser prejudicado principalmente no Brasil. A venda do Bankly para o BV só ajudará no resultado quando a transação for aprovada pelo Cade e pelo Bacen. Os custos devem ser reduzidos por conta das demissões no 1T, mas não será o suficiente para impulsionar o desempenho operacional. Acreditamos que o Méliuz deve crescer no segmento de Shopping Internacional, porém com queima de caixa.

Vemos o Mercado Livre (MELI34) seguindo a mesma tendência do 1T23, se destacando como a principal beneficiária das mudanças na participação de mercado do e-commerce brasileiro da Americanas. No segmento Fintech, prevemos tendências amplamente estáveis em ambas as operações de crédito e pagamentos, enquanto as taxas de juros mais baixas podem ser um vento favorável para o 2º semestre de 2023 e 2024. Prevemos uma tendência de expansão das margens contínua em uma base trimestral e anual, impactada pelos custos de logística e a nossa expectativa de aumento nas vendas de 1P. No entanto, nossas margens de produto 1P previstas são similares aos níveis dos últimos trimestres, e vemos uma alavancagem operacional contínua em outros itens de COGS, como taxas de processamento. A exposição à Argentina e a concorrência cross-border são fatores de risco em foco, mas acreditamos que esses fatores estão refletidos de forma excessiva no preço das ações.

Telecom

Esperamos bons resultados tanto para Vivo (VIVT3) quanto para Tim (TIMS3) no 2T23. Crescimento de receita impulsionado pelo reajuste de preços e adições líquidas na base de clientes do plano pós-pago. Acreditamos que as duas empresas terão uma redução nos custos devido ao término do TSA e outros gastos relacionados à aquisição da base móvel da Oi. Consequentemente, projetamos uma melhora nas margens da empresa e seguimos com nossa recomendação de COMPRA para ambas as empresas.

Transporte

Considerando a sazonalidade, acreditamos que o trimestre para o setor de transporte deve ser positivo.

Para o setor aéreo, apesar da demanda menor entre os meses de abril e junho, as taxas de ocupação divulgadas se mantiveram em patamares acima da média para o período. Além disso, o IPCA divulgado sugere que apesar da queda, os Yields ainda devem se manter em patamares elevados.

Do lado de custos, devemos continuar observando uma trajetória descendente do preço pago por combustível, dado que os reajustes anunciados pela Petrobras nos primeiros 3 meses do ano devem ser contabilizados no 2T23. Além disso, a contínua queda do dólar deverá ajudar no pagamento de juros, tão como nas despesas atreladas à moeda estrangeira. Com isso, julgamos que a junção de ambos os fatores deve auxiliar a amortizar a queda das margens, que serão pressionadas por menores diluições de custos.

Já para as locadoras, acreditamos que as tarifas devam seguir a mesma tendência do setor aéreo, também por conta da sazonalidade. No entanto, esperamos que o trimestre seja marcado principalmente por uma modesta melhora na compra de veículos, principalmente devido ao programa de desconto concedido pelo governo durante o mês de junho.

Varejo

O setor de varejo é extremamente sensível ao cenário macroeconômico. Isso foi visto ao longo do 1T23 e deve continuar sendo refletido nos resultados do 2T23. No contexto de inflação e juros elevados ao longo do 1º semestre deste ano, as varejistas têm sofrido para lidar com altos níveis de alavancagem financeira que pressionam a última linha, ao mesmo tempo em que enfrentam uma demanda enfraquecida dos consumidores. O 2T23 não deve divergir deste cenário, as empresas ainda devem postar resultados pressionados pelo contexto macroeconômico – com números possivelmente piores que no 1T23, à medida que lidam com mais um trimestre sequencialmente desafiador.

Dentro de supermercados, acreditamos que a queda nos preços – originada por uma desaceleração da inflação -, não trará uma recomposição de volume na mesma passada, de forma que a desinflação da categoria deve impactar negativamente o SSS do setor. Grupo Mateus (GMAT3) deve reportar o melhor resultado do trimestre enquanto Carrefour (CRFB3), o pior, como dito em nossa prévia.

Já para as varejistas de vestuário, entendemos que o maior desafio está em bater a forte base comparativa provocada pela volta da demanda reprimida dado o COVID-19, além de um inverno antecipado com temperaturas mais baixas ao longo de todo 2º trimestre gerando uma maior venda de itens de inverno a preço cheio. Para o 2T23 da Renner, devemos ver margens pressionadas por conta de maiores níveis de remarcações além de menor alavancagem operacional.

O cenário para farmácias será impactado por conta da desaceleração da inflação perante o reajuste nos preços de medicamentos, sendo 10,9% em 2022 vs. 5,6% em 2023. Nesse sentido, veremos um menor ritmo de crescimento para receita bruta, enquanto o gap do CMED impactará negativamente na margem bruta das companhias.

Calendário de Resultados do 2T23

A seguir você encontra as datas de divulgação dos resultados das principais empresas listadas, bem como as ESTIMATIVAS DO CONSENSO DE MERCADO.

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