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Publicado em 27 de Julho às 21:32:00

TIM (TIMS3): 2T21 – Crescimento do lucro em 150% não diz NADA!

Apesar do lucro ter crescido cerca de 155%, o impacto positivo foi dado principalmente a uma reversão de provisionamento constituída em 2009. Mas quando observamos os outros resultados operacionais o impacto foi neutro em nossa leitura.

Recomendação Genial

Após revisitarmos nossa análise contemplando outros fatores do resultado, consideramos o 2T21 como neutro. De qualquer forma, ainda acreditamos na nossa tese de longo prazo para a empresa, portanto mantemos nossa recomendação de compra. O ARPU (média da receita gerada por usuário) do serviços móveis continua crescendo sequencialmente, mostrando o sucesso da companhia em focar em serviços complementares ao negócio e nas novas tecnologias que trazem maior valor agregado. Em relação aos serviços fixos, a companhia continua se movendo com desempenho acima do estimado, no ARPU e na base de clientes. Não há novidade em relação a FiberCo, que ainda está para ser aprovado pela Anatel. Continuamos com o preço-alvo de R$ 15,00, com um upside de 29,7% para o longo prazo.

Detalhamento dos Resultados 2T21

O ARPU dos serviços móveis aumentou 10,3% a/a e atingiu R$ 25,8, abaixo das nossas expectativas. Junto com uma gestão do churn (taxa de cancelamento/ evasão de clientes)assertiva e uma maior retomada da economia, a receita de serviços móveis (RSM) aumentou de 8,5% a/a, sendo que a maior alta veio do segmento pós-pago, que teve um reajuste parcial de preços do planos Controle. Apesar do otimismo no ARPU, a companhia perdeu -2,0 p.p. de marketshare no segmento móvel.

Em relação aos serviços fixos, o grande destaque fica para o TIM Live. O ARPU teve um aumento significativo de 8,2% a/a, acima em 3,2 p.p. das nossas estimativas. O número de adições na TIM Live aumentou 10,0% a/a e já atingem 666 mil conexões, sendo que os planos com mais de 100 Mbps (internet mais rápida e portanto mais cara), já representam 55% da base. O número de casas passadas (HPs) totalizaram 6,6 milhões, sendo 54,2% referente a FTTH.

Dado ao bom operacional, a receita líquida consolidada teve um crescimento significativo de dois dígitos, com alta de 10,5%, mas também não devemos esquecer que a base da comparação do resultado é fraco, pegando o 2T20, que foi o pico da pandemia. O EBITDA normalizado reportado da companhia foi de R$ 2,101 bi, acima de nossas projeções de R$ 1,972 bi. Naturalmente, com a maior reabertura da economia, grande parte dos custos fixos e variáveis foram retomados e acabaram comprimindo a Margem EBITDA, que caiu 2,1 pp. Dentre esses custos merecem destaque:

  • Pessoal: alta de 9,9% a/a com a reabertura dos canais de venda físico;
  • Comercialização e Publicidade: alta de 16,9% a/a com maior atividade comercial em relação ao ano anterior;
  • Despesas Gerais e Administrativas: alta de 32,5% a/a dos gastos com infra relativos à migração dos serviços de TI para Cloud, e por serviços ligados à consultoria estratégica.

Vale ressaltar que nas nossas projeções fomos um pouco mais conservadores no OPEX, o que comprimiu demais o EBITDA e a Margem EBITDA.

Para se situar frente às novas demandas do setor, a TIM vem tomando dívida para maiores investimentos. Ao contrário da Vivo, que consegue financiar as próprias operações com caixa, a TIM precisa tomar dívida e neste trimestre, a companhia encerrou com um total de R$ 12,3 bi de dívida bruta, um aumento de 18,8% a/a; o custo da dívida encerrou em 4,3% (um aumento de 0,9 p.p.) excluindo leasings. Apesar do aumento do endividamento, a forte geração de caixa do primeiro semestre deste ano permitiu com que a companhia encerrasse o tri com 0,6x Dívida Líquida/EBITDA, uma redução de 0,25x em relação ao ano anterior. O EBITDA – CAPEX caiu 8,8%, pois a empresa vem investindo muito na expansão da sua infraestrutura (foco em 4G com frequência de 700 MHz; 4.5G; leilão do 5G; expansão de fibra óptica e preparação da infraestrutura para integração dos ativos da Oi).

O lucro foi bastante acima do esperado com aumento de três dígitos de 154,7% a/a, mais que o dobro do que havia sido estimado por nos da Genial Analisa. Mas importante frisar que esse aumento está muito mais ligado a questão pontual da reversão da provisão IR/CSLL constituída em 2009, o que melhorou as obrigações relativas à despesa financeira e à contribuição social.

Importante ficar de olho na performance futura da companhia em relação à geração de caixa, e aos gastos excessivos em CAPEX e OPEX.

Outros Destaques Positivos

  • Aumento sequencial do pós-pago na base móvel com representatividade que já alcança 43,1%. O segmento pós-pago além de atribuir maior valor agregado à companhia, confere maior resiliência a crises econômicas por estar pautada em contratos.
  • Parceria inovadora estabelecida com a AESAPAR, subsidiária do grupo COGNA que celebram a criação de uma plataforma digital de ensino, desenvolvida em conceito mobile first. A junção do segmento educacional com tecnologia atende a demandas que foram impulsionadas durante a pandemia.
  • Digitalização dos canais de venda, atendimento e meios de pagamento com forte adesão dos clientes da companhia e redução do número de funcionários que pode refletir futuramente em redução de custo com pessoal, que compõe uma parcela relevante dos custos fixos da companhia, uma vez que os canais físicos de venda passam a funcionar sem restrições.
  • ESG: missão de R$ 1,6 bi de debênture sustentável que impacta positivamente na sociedade e também na redução do custo de financiamento, o que é relevante para a companhia que precisa de dívida para financiar suas operações e quanto menor o custo de juros atrelados a essas operações, melhor.
  • Liderança de cobertura no 4G

Outros destaques Negativos

  • TIM já considera com certo otimismo a aprovação pelo Cade pela aquisição de parte dos ativos móveis da Oi, apesar das notícias mais recentes sobre a dificuldade do processo que pode afetar a negociação;
  • Aumento do SAC (custo de aquisição de cliente) em 11,5% em relação ao trimestre anterior decorrente da maior comercialização e aumento dos gastos de publicidade. No entanto, quando olhamos a evolução da base de clientes da companhia, notamos que ela perdeu marketshare tanto no segmento pré-pago quanto no pós-pago.

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