André Fialho

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Publicado em 11 de Dezembro às 08:00:09

Carteira Recomendada Renda Fixa Dezembro 2023

A carteira recomendada de investimento em renda fixa de dezembro de 2023 da Genial foi feita para facilitar o processo de escolha dessa classe de ativos, através de uma análise de cenário macroeconômico e prêmios de risco, tanto para títulos públicos, emissão bancária, crédito privado e ETFs.

Renda Fixa: Queda nos yields das treasuries impulsionam desempenho positivo da renda fixa local

Números benignos de inflação foram o principal catalisador para uma melhora significativa no ambiente de risco ao longo do mês de novembro. Os sinais de moderação na atividade econômica global após o forte crescimento no terceiro trimestre do ano também contribuíram para que a retórica dos principais bancos centrais fosse mais característica de um final de ciclo de aperto monetário.

Com isso, os ativos de renda fixa local se beneficiaram e tanto os indexados à inflação, com os fechamentos na curva de juros reais, quanto os ativos pré-fixados, com os movimentos na curva futura de DI, tiveram retornos positivos. Nossa alocação se mantém concentrada nos títulos indexados ao IPCA de vencimento intermediário e nos prefixados de vencimento curto.

Cenário Local: Processo de desinflação segue benigno

Desaceleração da atividade econômica. A divulgação dos dados de atividade mostra uma desaceleração entre os diversos setores da economia, frente a um cenário macroeconômico adverso marcado por uma taxa de juro contracionista ao passo em que os indicadores de crédito seguem em trajetória de deterioração. Nesse sentido, o setor de serviços recuou 0,3% na comparação mensal, impactado negativamente pelo pela dissipação dos efeitos positivos da produção agrícola sobre o setor de transportes e armazenamento de grãos. Por outro lado, embora as vendas no varejo tenham avançado 0,6% m/m, vale destacar que apenas três das oito atividades pesquisadas apresentaram resultado positivo.

Inflação segue em desaceleração. A qualidade dos núcleos e a baixa inflação de serviços seguem chamando a atenção. O ritmo anualizado dos núcleos consolida-se em torno de 3%, e o dos serviços, pouco abaixo de 4%. A consolidação do patamar mais baixo e da qualidade positiva dos indicadores correntes de inflação, a continuidade do processo de desaceleração de atividade econômica, e o cenário externo mais benigno são elementos que caracterizam um quadro mais favorável para a inflação, à frente, e que provavelmente serão reconhecidos pelo Banco Central em sua reunião de política monetária de dezembro. No nosso entendimento, a aceleração dos cortes pode ser discutida a partir da reunião seguinte, em janeiro de 2024.

Robustez das contas externas traz alivio para a questão fiscal. Governo central registrou superávit primário de R$ 18,3 bilhões no mês de outubro, surpreendendo o mercado que tinha como expectativa superávit de R$ 15,5 bilhões (Broadcast+). Embora a leitura do mês tenha vindo melhor do que o esperado, a receita líquida apresentou elevação de apenas 0,6% a/a enquanto a despesa primária total registrou alta de 10,6% a/a em termos reais. Porém, estamos vendo uma forte queda do déficit em conta corrente, que passou de 2.8% do PIB no final de 2022 para 1,6% em 12 meses terminados em outubro deste ano, com essa melhora sendo causada em sua totalidade pelo aumento do saldo comercial. A balança comercial passou de US$ 62bi de superávit em 2022 para impressionantes US$ 99bi em 12 meses até novembro.

Cenário Externo: Economia americana da leve sinal de arrefecimento

Mercado de trabalho nos EUA mostra leve piora. Os dados de emprego, por sua vez, indicaram o esfriamento do mercado de trabalho, com um maior alinhamento entre a demanda e a oferta de trabalhadores permitindo uma desaceleração do custo da mão de obra. Houve também elevação da taxa de desemprego para 3,9% da força de trabalho, decorrente do aumento do contingente de pessoas desocupadas e de perda de tração no ritmo de abertura de postos de trabalho formal.

Projeção para corte nos juro americano passa para o 2°Sem de 2024. Essa melhora recente nos dados de inflação, aliada com um esfriamento do mercado de trabalho e o PIB passando a crescer mais em linha com a tendência de longo prazo, passa a atender as condições impostas pelo presidente do Banco Central norte-americano (FED), Jerome Powell, para não promover mais altas de juros. Com isso, a projeção observada nos contratos da CME para o patamar do FFR passou a projetar cortes em meados de 2024. Portanto, o cenário de soft landing segue ganhando ainda mais força.

Para saber mais detalhes da conjuntura macroeconômica, entre aqui.

Análise das curvas de juros: Juro nominal e Real tem quedas expressivas nas taxas

O mês de novembro foi marcado por forte performance nos ativos de renda fixa, tanto nos indexados à inflação, com o fechamento na curva de juros reais, nos ativos pré-fixados, com os movimentos na curva futura de DI, quanto em ativos de crédito privado indexados ao CDI, com fechamentos de spreads e reversões de provisões efetuadas ao longo do ano.

Nos Estados Unidos, as taxas de juros das treasuries mais longas fecharam quase 75 pontos ao longo do mês, retornando aos níveis da primeira quinzena de setembro. Identificamos diversos fatores econômicos por trás dessa melhora, entre eles os dados de inflação cedendo de forma consistente, com o núcleo da inflação rodando próximo de 2,5% nos últimos 3 meses, continuação do processo de rebalanceamento do mercado de trabalho e desaceleração dos dados correntes do quarto trimestre, consistentes com um crescimento entre 1,0 e 1,5%, depois do número forte do PIB de 5% no terceiro trimestre.

Em termos de retorno, os ativos indexados à inflação de vencimento acima de 5 anos tiveram um retorno expressivo, com o índice IMAB5+ subindo 2,93% e o IMAB com alta de 2,27%, melhor mês do ano para os ativos de juro real. Os títulos préfixados também tiveram retornos positivos, com o IRFM fechando em alta de 2,13%.

O índice IDA-DI, que é composto por debêntures indexadas ao CDI segue sua trajetória positiva (1,17% no mês), em decorrência do leve fechamento dos spreads de crédito, com o mercado de renda fixa voltando a normalidade, com diversas novas emissões.

Novamente observamos altos volumes de captação neste mês, atingindo R$18,2bilhões na indústria de crédito privado, totalizando R$8,1 bilhões de captação líquida nos fundos em 2023, com forte recuperação após fluxo de resgates no primeiro semestre do ano.

Investimento em renda fixa: Mantemos exposição ao prefixado curto

Entrando agora no processo de alocação, destacamos a importância da manutenção de uma carteira diversificada entre setores e perfil de risco.

A alocação em ativos indexados ao CDI segue tendo relevância para um portfolio equilibrado. Além disso, a liquidez da classe facilita rotação para a bolsa por exemplo, movimento visto fortemente nestes últimos meses. Projetando um CDI médio de 10% para 2024 com uma inflação de 4% (juro real ex-ante), é possível ter um juro real de 6% com baixo risco, que na nossa visão segue atrativo.

Mantivemos a exposição aos indexados ao IPCA de vencimento intermediário principalmente visando os ativos isentos de IR, que ainda continuam com um prêmio interessante em relação aos soberanos. A inflação implícita, apesar das quedas observadas nos últimos meses, ainda gera um conforto ao investir nessa classe.

Continuamos gostando dos ativos pré fixados de vencimento curto, pois acreditamos que as projeções de inflação do Banco Central irão mostrar uma melhora nas próximas atualizações, com potencial para convergência ao centro da meta em 2025. Diante disso, do cenário global mais favorável, e na ausência de ruídos significativos na área fiscal, é bastante provável que uma aceleração no ritmo de corte de juros passe a ser o cenário central do mercado.

Investimento em renda fixa para dezembro 2023

Efetuamos três alterações nas carteiras. Retiramos a debênture de Raizen e incluimos as debêntures de PetroRio e Copel Distribuição, indo ao encontro das nossas preferência pelos ativos de juro real isentos de imposto de renda. E ambas se equilibram dentro do patamar de duration que acreditamos ser o sweet spot da curva de juros reais. A outra troca foi a adição da LCA do Banco ABC, para capturar o ganho de CDI, com exposição a um banco sólido e com baixo risco de crédito. As mudanças foram táticas, e as trocas não representam uma necessidade de venda dos ativos anteriores da carteira.

*taxas indicativas referentes ao dia 08 de dezembro, podendo sofrer variações.

Melhores investimentos em renda fixa: análise de ativos

Veja abaixo a análise dos ativos para investimento em renda fixa:

Banco Andbank

O Banco Andbank tem seu controlador baseado em Andorra, e esse suporte torna a reserva de força do crédito do banco – cujo IDR está três graus acima do rating soberano brasileiro – permite que sua classificação esteja no patamar mais alto da escala nacional da Fitch, com Perspectiva Estável.

Esse CDB tem rating AAA pela Fitch.

Debênture Copel (CPLD26)

A Companhia Paranaense de Energia (Copel), fundada em 1954, atualmente distribui, transmite e comercializa energia elétrica para quase 400 municípios, é a principal distribuidora de energia do Paraná e a quarta maior do país em base individual.

Pertencente ao Estado, a Copel construiu sua primeira usina hidrelétrica em 1963 com o nome de Chopim 1, no Sudoeste do país.

Em 1994, realizou um IPO na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), seguido por outra oferta pública, desta vez na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE), em 1997. A partir de 2002, a companhia brasileira passou a ser negociada também na Bolsa de Valores de Madri, no braço Latibex.

Além de geração de energia através de 18 usinas hidrelétricas, a Copel também conta com uma usina térmica, 34 usinas eólicas, e participação em diversos empreendimentos de geração de energia, incluindo um parque solar

Essa debênture tem rating AAA pela Fitch.

(ABCB4)Banco ABC

O Banco ABC Brasil é um banco múltiplo que opera nas carteiras comercial, financeira, de investimento, de câmbio e de crédito imobiliário.

O foco são as empresas de médio e grande portes, sendo que sua principal linha de negócios é a intermediação financeira de operações com análise e aceitação de riscos de crédito. No entanto, também há atendimento a pessoas físicas.

O banco é controlado pelo Arab Banking Corporation. Com quase 1000 colaboradores, o banco terminou o 4T23 com um ROE de 12,8% e um índice de Basiléia de 14,4%.

Essa LCA tem Rating AAA pela Fitch.

Debênture PetroRio (PEJA11)

A PRIO (PRIO3) é uma empresa brasileira com foco em produção de petróleo e gás, especializada na gestão eficiente de reservatórios e no desenvolvimento de campos maduros. A empresa é dedicada à produção, exploração, comercialização e transporte de petróleo e gás natural. Antiga HRT, a petroleira quase faliu em meio a insucessos de exploração de petróleo na Amazônia e na África antes de se transformar em uma empresa de redesenvolvimento, sendo atualmente a maior petroleira independente do Brasil.

A equipe de ações da Genial tem recomendação de compra para os papéis tendo em vista o fato do mesmo negociar à 5,7x EV/EBITDA 23E (de acordo com as nossas estimativas), ser um case baseado em forte crescimento da produção (>150k bpd até 2026E/2027E), exímia execução de redesenvolvimento dos campos maduros adquiridos, preços do Brent em patamares elevados devido ao subinvestimento em E&P nos últimos anos e com forte atividade em fusões e aquisições interessantes (como o caso recente da aquisição da Dommo, que deve gerar créditos fiscais interessantes e a recente conclusão da aquisição do campo de Albacora Leste).

Glossário

Índice de Basiléia: O Índice de Basileia determina a relação entre o capital próprio da instituição e o capital de terceiros (captações) que será exposto a risco por meio da carteira de crédito. Por exemplo, se um banco possui Índice de Basiléia de 20%, significa que, para cada R$ 100,00 emprestados, o banco possui patrimônio de R$ 20. O índice mínimo exigido pelo Banco Central do Brasil é 11%.

Rating: É a nota que emissores recebem das agências de rating pela probabilidade de pagarem seus títulos nas datas pactuadas. Cada agência de risco tem sua classificação, mas a mais alta seria AAA, ou equivalente, e a mais baixa seria D, na qual o emissor não possui condições de honrar seu título no montante e nas condições originais.

Risco de crédito: É quando o mercado cobra pelo risco hipotético de um emissor conseguir “repagar” o que você emprestou na data do vencimento. Por exemplo: o governo brasileiro é considerado o melhor risco de crédito do mercado, e seus títulos negociam a taxa livre de risco (a mais baixa). Porém, existem outros emissores que possuem ótimas classificações de risco de crédito, inclusive apontadas por agências independentes de rating, que emitem seus títulos com um spread sobre os títulos do governo. Na Renda Fixa, quanto melhor for o risco de crédito do emissor, menos ele rende, e vice-versa.

Risco de Mercado: Quando um título é emitido, ele conta com condições adequadas para aquele momento. Se as condições de mercado (economia, juros ou inflação) se alterarem durante a vigência do seu investimento, o valor do seu título poderá ser alterado, e você poderá ter ganhos ou perdas caso venda seu título antes do vencimento.

Duration: Prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa dos papéis. É uma medida de sensibilidade com relação a variação das taxas de juros e preço dos títulos. Quanto maior, mais volatilidade tem o titulo.

Ebitda: Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização.

Spread: Diferença entre a taxa cobrada de uma operação e a taxa de referência (Ex.: NTN-B), com mesma duration.

High Grade: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com bom risco de crédito, ou seja, de baixo risco.

High Yield: Ativos de renda fixa atrelados a devedores com risco elevado, consequentemente com maior remuneração.

Carry ou Carrego: Ganhos de capital ao carregar o ativo em carteira até a data de vencimento.

ROE (Return on Equity):  Retorno sobre o capital é um indicador financeiro percentual que se refere à capacidade de uma empresa em agregar valor à ela mesma utilizando os seus próprios recursos.

Estrutura a termo (ETTJ): É a relação, em dado momento, entre taxas de juros de títulos de renda fixa de mesma qualidade de crédito, mas com diferentes prazos de vencimento.

CRA: Os Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor agrícola.

CRI: Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são ativos de renda fixa emitidos por empresas securitizadoras com o objetivo de financiar atividades ligadas ao setor imobiliário

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