Publicado em 14 de Junho às 22:29:40
Nessa atualização, estamos fazendo algumas mudanças na nossa carteira TOP 5. Analisamos, também, o desempenho da carteira desde o lançamento no fim de janeiro e atualizamos as teses de investimento de cada uma das empresas escolhidas. Em relação às alterações, adicionamos uma nova ação, reiteramos quatro nomes da nossa carteira e rebalanceamos os pesos das alocações. Estamos substituindo Vale por Minerva por conta da dinâmica de curto prazo mais favorável para Minerva com o ciclo de carne no Brasil e, por outro lado, tiramos a Vale devido aos prolongados lockdowns na China prejudicando a perspectiva de demanda de minério. Com forte geração de caixa, nossa tese de longo prazo da Vale continua construtiva, mas taticamente estamos substituindo a VALE3, já que 63% do minério de ferro da empresa é exportado para a China.
Além disso, estamos aumentando o peso de 3R e Alupar para 30% e 20%, respectivamente, elevando nossa exposição nos setores de energia, mas Alupar com características mais defensivas. Mantivemos SLC com 25% e Itaú com 15% e introduzimos Minerva com 10%. Basicamente, os pesos refletem o grau de convicção dos analistas num cenário ainda com muita volatilidade para bolsa nos próximos meses devido à alta dos juros no Brasil e no mundo, inflação persistente e bem acima das metas dos bancos centrais, guerra na Ucrânia afetando preços de commodities, lockdowns na China e eleições aqui no Brasil. Continuamos com uma carteira mais alocada em commodities, mas diversificada entre petróleo, agrícola e proteína. E no mercado doméstico, Itaú é nossa escolha para surfar a alta de juros e Alupar tem contratos indexados a inflação com uma agenda interessante de crescimento.
Conforme o gráfico abaixo, nossa carteira teve uma performance de +9,1% do dia 20 de janeiro (dia de lançamento do Top 5) até o dia 14 de junho, 16,7 pp acima do Ibovespa com uma queda de 6,5%. Nossas alterações feitas em abril foram positivas, quando aumentamos os pesos em SLCE3 e RRRP3 que propiciaram as melhores performances entre as 5 ações. Os principais destaques desde o início foram SLC (SLCE3), 3R (RRRP3), Alupar (ALUP3) com valorizações de 14,6%, 11,9% e 11,3% (números ajustados pelos proventos).
No início do ano, montamos nossa carteira das Top 5 ações. Com base em 4 possíveis cenários top-down para o Brasil e para a economia global, escolhemos 5 ações que entendíamos ter maior potencial de valorização de longo de 2022 com melhor risco/retorno. Passados quase três meses, fizemos uma atualização em meados de abril e outra agora (para acessar todos os relatórios, clique aqui).
Seguimos convictos com nossas escolhas, e preparamos uma breve análise a respeito de cada um deles abaixo.
Seguimos confiantes no case da 3R Petroleum. Após alcançar aproximadamente R$49/ação no final de maio, a empresa acabou por devolver parte da sua performance e atualmente negocia a US$5/2P – um nível muito abaixo dos pares da América Latina, que negociam na casa dos US$7/2P. Em nossa leitura, esse desconto é derivada de uma interpretação de que a empresa ainda é considerada “early stage” a medida que ainda está consolidando os ativos adquiridos do processo de desinvestimentos da Petrobrás. Continuamos confiantes na tese por achar que I) produção acabou de alcançar o seu pico em maio/22, produzindo 10,3k bpd (vs. 5,5k bpd no 1T21), II) closing na operação do Polo Recôncavo, que deve seguir em uma tendência interessante se considerarmos o que aconteceu com os demais Polos que a empresa já opera e III) proximidade do closing dos Polos de Peroá, os 65% remanescentes do Polo de Pescada & Arabaiana e Papa-Terra. Para além disso, vale mencionar que caso exista uma realização nos atuais níveis de preço do Petróleo, ressaltamos os custos marginais (cash-cost) da empresa tendem a se reduzir ao longo do tempo para níveis abaixo dos US$60/barril em 2022 para até abaixo dos US$20/barril de 2024 em diante, quando a parte mais aguda de investimentos já deve ter ficado para trás.
A SLC Agrícola (SLCE3) acumula alta de 21% até agora em 2022, o que pode ser justificado pela sua exposição ao agronegócio brasileira, principalmente no setor de grãos (milho e soja). Os preços dessas commodities permanecem em forte alta, por conta de redução de oferta (causado por problemas logísticos mundiais, quebras de safras e guerra entre Rússia e Ucrânia), enquanto a demanda continua forte. Apesar de uma queda recente no preço da ação, ainda acreditamos que o cenário atual trará ótimos resultados para a empresa no ano – recentemente a SLC divulgou um aumento de sua estimativa de produção de semente de soja do primeiro trimestre de 2022, de 800 mil para 1 milhão sacas.
A companhia, uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, ainda está em processo de incorporar o aumento de 44% de sua área de plantação, vindo da compra das terras da Terra Santa Agro, compradas por mais R$ 750m. Reconhecemos que a alta de fertilizantes possa afetar as margens de produções futuras, porém atualmente a SLC está estocada em fertilizantes para o plantio atual, e apesar de estarem caros, acreditamos (depois de conversas com diversas fontes do mercado) que os produtos não ficaram em falta. Gostamos da tese para a SLCE3 e seguimos com alocação de 25% na nossa carteira TOP 5.
Time que está ganhando se mexe sim: estamos aumentando a participação da empresa em nossa carteira recomendada. Em termos operacionais, não vemos rigorosamente nenhuma alteração em nossa tese à medida que as entradas operacionais dos projetos em desenvolvimento seguem seu ritmo esperado, com os resultados expandindo da geração de caixa da empresa e menor necessidade de investimentos reduzindo o endividamento da empresa: apesar do aumento recente nas taxas de juros, ressaltamos o atual processo de desalavancagem da empresa, alcançando 3,1x Dívida Líquida/EBITDA no 1T22 vs 3,9x no 1T21. Com 80% do seu EBITDA exposto ao negócio de transmissão, mencionamos a expressiva exposição dos contratos da empresa ao IGPM, que mais uma vez está descolando positivamente do principal índice inflacionário, IPCA (10,7% vs 10,2% nos últimos 12 meses). Em nossa leitura, a empresa segue negociando com uma taxa interna de retorno acima dos 12% em termos reais e, considerando a atual conjuntura, não vemos grandes motivos para uma substituição no nome da empresa dentro da nossa carteira recomendada.
Na última atualização da carteira TOP 5 ações, substituímos Porto Seguro por Itaú. Desde então, a mudança se mostrou positiva. A ação de Porto acumula queda de 4,04% (vs. alta de 0,44% de Itaú). No mesmo período o IBOVESPA caiu 0,63%. Trocamos Porto em função da expectativa de alta sinistralidade e resultado financeiro fraco no 1T22, cenário que se confirmou. Em contrapartida, o Itaú continuou se beneficiando da boa dinâmica de receitas, como esperávamos.
A sinistralidade da Porto foi fortemente impactada pela elevação da tabela FIP. Continuamos construtivos com a tese de Porto e esperamos uma melhora mais relevante dos resultados a partir do 2S22. Dentre os fatores que nos deixam otimistas podemos destacar: (i) perspectiva de melhores receitas financeiras com elevação da Selic média; (ii) reprecificação da carteira, que deverá reduzir a sinistralidade a partir de 2022, e; (iii) crescimento de receitas, tanto no seguro auto e em outras linhas de negócio. Recentemente conversamos com o CEO da vertical de seguros da Porto, Marcelo Picanço, fortalecendo as nossas expectativas de melhora dos resultados. Para saber mais sobre o conteúdo da conversa acesse o nosso relatório aqui.
Por ora, seguimos com o Itaú na carteira. O banco segue com um bom guidance para 2022, com perspectiva de um robusto crescimento de lucro que estimamos ser de 15% no meio da faixa indicativa. Mesmo esperando uma elevação da inadimplência para 2022, avaliamos que o forte crescimento de receita já observado no 4T21 e 1T22 devem compensar a elevação das provisões para créditos duvidosos.
No 1T22, a margem financeira do Itaú cresceu 12,9% a/a. A inadimplência seguiu subindo de forma controlada, atingindo 2,6% (+0,1 pp t/t e 0,3 pp a/a). Ao valuation de 7,5x P/L 2022 e 1,45x P/VP22 reiteramos a nossa recomendação de COMPRAR para o Itaú. O banco segue a nossa ação preferida no setor bancário para 2022. Mantemos 15% de alocação dentro da composição da carteira por considerarmos haver teses com maior upside.
Em um cenário um pouco mais desafiador para as mineradoras, optamos pela remoção da Vale dentro do nosso Top 5. Isso reflete sobretudo os recentes lockdowns na China cujos temores tanto de menor consumo da matéria-prima quanto da própria redução da produção de aço se sobressaem, havendo uma assimetria neste momento que, em nossa visão, pesa mais do lado negativo que positivo.
Com o fechamento devido aos recentes aumentos no número de casos de covid, os preços do minério se comportam na tendência negativa neste curto prazo, exibindo um sentimento mais pessimista do mercado. Além disso, a projeção do governo chinês para crescimento do PIB estava em 5,5% para 2022, porém várias projeções já estão trabalhando na faixa de 3% a 4% diante das diversas restrições, indicando um maior pessimismo do lado do mercado.
A Minerva é a maior exportadora de carne bovina da América do Sul. Diante do cenário desafiador para a economia mundial, gostamos do investimento em uma empresa que trabalha com um produto essencial para o ser humano: o alimento. Mesmo com lockdowns na China, os chineses continuam consumindo carne bovina e portanto tendo que importar o produto, dado que eles não são grandes produtores dele. Alguns frigoríficos brasileiros tiveram suas operações suspensas de exportação a China, porém nenhum deles da Minerva por enquanto, e além disso a empresa consegue se aproveitar de sua diversificação geográfica para redirecionar suas exportações: 50% da receita da companhia vem da Divisão Athena, unidade de negócio que conta com operações na Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia. Os outros 50% é da Divisão Brasil, e o país vem construindo relacionamentos comerciais com novos países para aumentar o número de destinos para exportação de produtos brasileiros, como por exemplo a carne bovina.
Outro ponto é a virada de ciclo do gado no Brasil. Nos últimos dois anos, as margens para frigoríficos nos EUA estavam extremamente atrativas, com alta disponibilidade de gado e forte demanda por carne, o que beneficiou muito empresas como a Marfrig (MRFG3) e a JBS (JBSS3), cujas operações são focadas no mercado americano. No Brasil, apesar dos frigoríficos exportadores terem performado bem por conta de alta demanda externa, a tendência era de pouca oferta de gado e consequentemente margens um pouco mais desafiadoras. Agora o ciclo deve se inverter, e já estamos vendo maior disponibilidade de animais e uma queda no preço do gado e de bezerros no Brasil, enquanto nos EUA os preços começam a subir. Isso traz uma ótima oportunidade para a Minerva tanto para ganhar com suas margens de exportações para países asiáticos, europeus e africanos, quanto para maiores exportações para os EUA, que agora devem importar mais carne bovina com o objetivo de fazer arbitragem de preços.
Apesar do ano desafiador para a bolsa brasileira, as ações da Minerva (BEEF3) acumulam alta de 24% no ano. Acreditamos que apesar de ter os seus riscos, é um papel defensivo e com potencial de valorização até o final do ano.