Nos últimos meses, as expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) têm sido um dos principais focos de atenção entre economistas e investidores. Após um período prolongado de inflação elevada e altas taxas de juros, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou na semana passada, durante seu discurso em Jackson Hole, que um ciclo de cortes de juros está prestes a começar, possivelmente já em setembro de 2024. A expectativa predominante é que o Fed reduza a taxa de juros em 25 pontos-base na próxima reunião, com a possibilidade de cortes adicionais, mais agressivos, caso os dados econômicos justifiquem tal ação. No entanto, há um debate significativo sobre a agressividade desses cortes. Enquanto alguns economistas acreditam que o Fed iniciará com cortes modestos, de 25 pontos-base, outros especulam que o Fed pode realizar cortes mais profundos, de 50 pontos-base, caso o cenário econômico, especialmente o mercado de trabalho, apresente sinais de enfraquecimento mais acentuado.
A perspectiva de cortes de juros costuma animar os mercados financeiros, mas também levanta preocupações quanto aos motivos por trás dessas ações. Se os cortes forem percebidos como uma resposta a um enfraquecimento significativo da economia, os mercados de ações podem reagir negativamente, temendo uma recessão iminente. Por outro lado, se os cortes forem vistos como uma medida preventiva para evitar uma desaceleração mais grave, enquanto a economia se mantém relativamente saudável, isso poderia impulsionar os ativos de risco.
Historicamente, os ativos de risco, como ações, apresentam comportamentos variados após o início de um ciclo de cortes de juros pelo Fed. Análises de ciclos anteriores mostram que, em 86% das vezes, o S&P 500 registrou retornos positivos nos 12 meses seguintes ao primeiro corte de juros. No entanto, esse desempenho positivo depende muito do contexto econômico em que os cortes ocorrem. Por exemplo, em ciclos em que os cortes de juros aconteceram em meio a uma economia resiliente, as ações geralmente tiveram um bom desempenho. Em contrapartida, quando os cortes ocorreram durante ou pouco antes de uma recessão, como em 2001 e 2007, o desempenho do mercado de ações foi negativo. Esses dados sugerem que, se o Fed conseguir orquestrar um “pouso suave”, onde a inflação continua a diminuir sem uma desaceleração econômica significativa, o mercado de ativos de risco pode continuar a se valorizar.
Portanto, no atual cenário, o Fed enfrenta uma situação delicada. Com os cortes de juros prestes a serem implementados, devemos acompanhar de perto os dados econômicos, especialmente relacionados ao mercado de trabalho e à inflação, que irão moldar as expectativas futuras de política monetária. Embora estejam sendo discutidas menores probabilidades de recessão — com instituições como o Goldman Sachs recentemente reduzindo sua previsão de probabilidade de recessão de 25% para 20% — elas ainda não são negligenciáveis. Qualquer sinal de enfraquecimento econômico substancial pode introduzir volatilidade nos mercados e afetar negativamente o desempenho dos ativos de risco.
O que mais aconteceu na semana?
Nesta semana, o mercado de stablecoins atingiu um novo recorde histórico de capitalização de mercado, ultrapassando a marca de US$ 168 bilhões, superando o pico anterior de março de 2022. Esse crescimento contínuo sugere uma maior confiança dos investidores, especialmente institucionais, que veem as stablecoins como uma ponte segura entre o sistema financeiro tradicional e o mercado de criptoativos. A Tether (USDT) continua dominando o mercado, representando cerca de 70% do total, com seu valor de mercado crescendo 28% apenas em 2024. Ganhos de capitalização de mercado de stablecoins costumam representar otimismo entre os investidores.
Paralelamente, tokens relacionados à inteligência artificial (IA) mostraram um desempenho destacado na breve retomada do mercado, liderando os ganhos no mercado cripto em antecipação ao relatório de earnings da Nvidia, previsto para quarta-feira. Criptoativos ligados à IA têm historicamente reagido positivamente às expectativas em torno da Nvidia, uma empresa que se tornou um indicador para o crescimento no espaço do setor.
