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Publicado em 11 de Outubro às 15:59:08

Layer 0: Criando Raízes para as Blockchains

“I am Gr00t” 

Uma blockchain perfeita deveria ser segura, descentralizada e escalável. No entanto, atualmente ainda existem limitações tecnológicas para uma única rede alcançar os três atributos simultâneamente, dificuldade que deu origem ao que ficou conhecido como “trilema das blockchains”.

Segundo o conceito, uma rede deve abdicar de um dos atributos em prol dos outros dois. Como comentamos em edições anteriores, o trilema vem incentivando a criação de soluções de interoperabilidade e escalabilidade para as blockchains.  

Na essência, as blockchains não são interoperáveis, dificultando a usabilidade de aplicações que se utilizem de mais de uma rede. Para contornar essa característica foram criados protocolos conhecidos como “bridges”, que permitem ao usuário deixar o seu ativo em garantia em uma determinada rede, emitindo em uma outra blockchain um comprovante que possibilita resgatá-lo.

Na prática, a solução permite que se utilize o comprovante para realizar transações na rede secundária, permitindo a recuperação dos ativos originais posteriormente. Apesar de amplamente adotadas, as bridges possuem riscos inerentes, pois para a sua utilização é necessário transferir os ativos na rede original para o contrato da bridge, que não possui o mesmo nível de segurança da blockchain e, por isso, é mais suscetível a hacks.

O que é layer 0 em blockchains?

As soluções de layer 0 foram criadas para permitir a interoperabilidade e construção de blockchains com características específicas, eliminando a necessidade de uso de um protocolo intermediário para a comunicação e, consequentemente, reduzindo os riscos aos quais o usuário está exposto. Partindo do pressuposto que a adoção de blockchains se mantenha crescente, acreditamos que soluções de interoperabilidade, como as layer 0, sejam cada vez mais demandadas. Dada a expecativa de crescimento conjunto, esperamos que as blockchains e layer 0 se tornem cada vez mais produtos complementares.     

Quantos Galhos Há na Árvore? 

As blockchains e suas aplicações passaram a ser divididas em camadas, que estamos chamando de layers, à medida em que soluções foram criadas para aprimorar suas características e funcionalidades. Atualmente existe a segmentação entre as layers 0, 1, 2 e 3.

Camadas de blockchain? Entenda melhor!

A nomenclatura de layer 0 surgiu originalmente para descrever uma “blockchain de blockchains”, funcionando como ecossistema que fornece ferramentas para a criação de redes customizadas.

Estas ferramentas permitem que a rede seja construída com uma funcionalidade específica, como ter velocidade para games ou segurança para Exchanges Descentralizadas (DEX). O fato de estarem no mesmo ecossistema faz com que as redes possuam interoperabilidade. Atualmente as principais representantes das blockchains de layer 0 são a Polkadot e a Cosmos. Ao longo do tempo, o termo layer 0 passou também a incorporar soluções de interoperabilidade, que não necessariamente são blockchains. Os principais representantes deste segmento são o Stargate e o CCIP

As redes de layer 1 fornecem infraestrutura para a criação de aplicações descentralizadas (Dapps). Elas possuem um token nativo que permite ao usuário interagir com as aplicações desenvolvidas na rede. A crescente utilização das redes de layer 1 evidenciou seus problemas de escalabilidade. Os principais representantes de layer 1 são a Ethereum, a Solana e o Bitcoin

As layer 2 foram desenvolvidas visando melhorar a escalabilidade das redes de layer 1. A melhora na escalabilidade é alcançada a partir da separação das atividades de cada rede. A layer 2 é responsável por executar as aplicações, enviando os dados para o registro na layer 1, que guarda o histórico. Dessa forma, a layer 1 não fica sobrecarregada e compartilha a sua segurança com a layer 2. Os principais representantes de layer 2 são a Arbitrum e Optimism

Por último, as aplicações descentralizadas, construídas em cima das layer 1 ou 2 são conhecidas como layer 3. Os aplicativos de layer 3 são o que dão às blockchains sua aplicabilidade no mundo real. Exemplos de aplicações populares são a Uniswap e AAVE.  

Mundo Cripto: O Que Mais Aconteceu Na Semana? 

Assim como comentado anteriormente, as bridges são soluções de interoperabilidade de blockchains que possuem pontos de vulnerabilidade. Esses pontos de vulnerabilidade são frequentemente explorados por hackers, e já geraram mais de US$ 2b em perdas. O último ataque ocorreu durante esta semana, e a vítima foi uma bridge pertencente à BNB Smart Chain, blockchain vinculada à Binance. 

O hacker se aproveitou de uma falha no contrato da bridge e conseguiu acesso à mais de 2 milhões de BNBs (aproximadamente US$ 540m na cotação atual). Ao identificar a ação suspeita, a rede foi suspensa, o que impediu que o ataque tomasse maiores proporções. A maior parte dos fundos permaneceu no endereço da carteira do hacker, que foi congelada. Entretanto, cerca de US$ 100m já haviam sido movidos para fora da rede e foram efetivamente roubados. 

A interrupção da rede, feita para evitar que que o hacker conseguisse mover mais fundos e prevenir novos ataques, levantou críticas sobre a real descentralização da BNB Chain. Parar uma blockchain deliberadamente demonstra que um limitado grupo de validadores exerce um grande poder sobre a rede que, em tese, deveria ser descentralizada.  Apesar das críticas, foi essa decisão que impediu que o estrago financeiro fosse ainda maior. Após o incidente, os responsáveis pela BNB Chain se comprometeram a criar um programa de incentivo à caça de falhas, remunerando problemas encontrados nos protocolos da rede. 

Análise de Mercado 

A correlação do mercado de criptoativos e acionário voltou a aumentar, fazendo com que o cenário macroeconômico siga afetando diretamente o mercado cripto. Assim, a divulgação dos dados de emprego norte-americanos impactou o mercado negativamente, fazendo com que o Bitcoin sofresse uma desvalorização de cerca de 4%, voltando a ser negociado abaixo do patamar de US$ 20k. 

A taxa de desemprego anunciada para o mês de setembro foi de 3,5%, abaixo da expectativa de 3,7%. A taxa de desemprego abaixo do esperado indica que o banco Central dos Estados Unidos (Fed) pode ter que estender a política de aperto monetário para conter a alta inflação. Portanto, foram fortalecidas as expectativas de que na próxima reunião do Fed as taxas de juros sofram um novo aumento de 75 bps.  

A decisão do Fed deve se tornar mais clara após o anúncio da inflação, que será feito em 13/out. O aumento da taxa de juros faz com que os investimentos em ativos de risco sejam desestimulados, visto que a relação risco-retorno de aplicações em títulos do tesouro nacional passa a ser mais atrativa. 

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