Atualizações sobre o mundo cripto

Publicado em 11 de Julho às 10:04:42

O que aconteceu no mercado cripto? (04-10/jul)

Em 2022, os dados sobre os retornos dos criptoativos mostraram que a classe de ativos estava seguindo cada vez mais o mercado de ações, com a correlação entre bitcoin (BTC) e S&P500 cada vez maior ao longo do segundo semestre de 2021. A correlação entre BTC e S&P500 atingiu um novo recorde histórico no segundo trimestre de 22, que também representou o pior trimestre da história do BTC. 

Com o cenário macroeconômico em cheque, quase todas as classes de ativos sofreram perdas à medida que os participantes do mercado se adaptaram aos aumentos das taxas de juros, realizados para tentar controlar a crescente inflação. Com a incerteza da inflação e as taxas de juros mais altas se aproximando, o BTC e as ações de tecnologia, passaram a perder valor de mercado. 

Apesar das recentes perdas, na última semana o Bitcoin subiu cerca de 9% e voltou a ser negociado acima de US$ 20 mil. O maior preço semanal do BTC foi alcançado na sexta-feira, quando atingiu US$ 23,3 mil. A valorização do BTC refletiu na capitalização de mercado total de criptoativos que se recuperou brevemente para a marca de US$ 1 trilhão. Nesta segunda feira (11/07), a capitalização de mercado perdeu novamente a marca de US$ 1 trilhão. 

O Ethereum subiu cerca de 14% nos últimos sete dias. A valorização do ETH pode ser explicada por mais um passo bem-sucedido para a implementação do Ethereum 2.0. A rede de testes pública da Ethereum – Sepolia – tornou-se a segunda maior rede de teste a implementar o The Merge, sem maiores complicações. O The Merge é tido como a atualização mais importante da Ethereum pois, visa alterar a forma como as validações das transações da rede são feitas. Após inúmeros atrasos, tudo indica que pode ser implementado oficialmente ainda esse ano. 

Acesse nosso relatório para entender tudo sobre o The Merge e as outras fases da ETH 2.0 

The Merge – A Dois Passos do Paraíso 

A transição do mecanismo de consenso da rede Ethereum de Proof of Work (PoW) para Proof of Stake (PoS) parece estar se encaminhando para um final feliz. O mecanismo de consenso é o instrumento que mantém a blockchain segura. Na prática, os validadores de uma blockchain precisam concordar com as transações que estão ocorrendo. Em troca pelo trabalho de validação das transações, os validadores são remunerados financeiramente. 

Em redes PoW, o validor utiliza capacidade computacional. Ou seja, ele gasta energia elétrica para realizar o trabalho de validação. No caso do PoS, os validadores “apostam” (stake) suas criptos como garantia de que farão uma validação correta, eliminando a necessidade de gasto energético, consequentemente reduzindo os custos gerais de manutenção da rede. 

Mesmo antes da atualização oficial, já existem mais de 13 milhões de Ether em stake na rede PoS. Essa quantidade é atribuída a mais de 400 mil validadores, além de representar mais de 10% da atual oferta circulante de ETH (~ 121m). 

https://dune.com/xangle_bonk/eth-beacon-chain-deposits

O The Merge foi concluído com sucesso nas redes de teste Ropsten e Sepolia, deixando apenas a rede Goerli como a rede de teste final, antes do lançamento do upgrade na rede principal. O último teste não possui data definida, mas deve ser realizado dentro do intervalo de 3 semanas após a conclusão do The Merge na Sepolia, que ocorreu na semana passada. 

A Ethereum PoS permitirá a conclusão de outras atualizações de escalabilidade, como a implementação da EIP-4488, que reduzirá o custo de armazenamento de dados das redes de segunda camada (L2), e a EIP-4844, que implementará o mecanismo de “sharding”, também desenvolvido para melhorar a escalabilidade da rede. 

Acesse nosso relatório para entender tudo sobre as L2

A transição para PoS resultará em uma redução de 99% no consumo energético da rede Ethereum, além de eliminar a necessidade dos equipamentos de mineração, que resultam em lixo eletrônico. Por reduzir os custos da rede e consequentemente reduzir a emissão de novos ETH, a atualização também possui potencial para tornar o ETH deflacionário. 

O The Merge está prometendo ser uma grande destrava de valor para o ecossistema da Ethereum. O alinhamento ESG somado à potencial diminuição de oferta de ETH, podem fazer do Ether um investimento a ser considerado, eventualmente atraindo capital institucional.

Celsius: Devo, não nego, pago quando puder

A plataforma de empréstimo de criptomoedas Celsius, já vem fazendo manchete há algumas semanas, quando optou por congelar os fundos de seus clientes em sua plataforma. A má gestão do capital, somado às atividades financeiras de risco questionável fizeram com que a corretora ficasse insolvente. 

Para tentar minimizar os eventuais problemas judiciais, Alex Mashinsky, CEO da corretora, contratou especialistas em reestruturação de empresas. Desde o anúncio, a Celsius passou a quitar suas dívidas com protocolos de finanças descentralizadas (DeFi). 

Na maior parte dos casos, os empréstimos feitos por plataformas DeFi é sobrecolateralizado, ou seja, para se realizar um empréstimo é necessário deixar ativos em valor superior ao requisitado para o empréstimo. Ao pagar os empréstimos, a Celsius recebe a garantia de volta. Como a garantia vale mais do que foi pago, a empresa tem priorizado o pagamento dos empréstimos. 

Em menos de uma semana, a Celsius pagou totalmente seu empréstimo ao protocolo Maker e reteve a garantia da dívida em WBTCs, no valor de US$ 450 milhões. WBTC representa um “recibo” de Bitcoin, que pode ser negociado em outras blockchains. 

Após quitar sua dívida com a Maker, a Celsius passou a fazer o mesmo com outras duas conhecidas plataformas DeFi, a Aaxe e a Compound. As dívidas nessas duas plataformas somavam US$ 258 milhões, que foram reduzidos para US$ 235 milhões na sexta-feira. O valor estimado de todas as garantias está avaliado em US$ 950 milhões. 

Especula-se que a retomada das garantias pela Celsius tenha como objetivo a eventual venda dos ativos para aumentar a liquidez em dólar. Dessa forma, apesar da redução da alavancagem da corretora ser boa para a redução da volatilidade do mercado cripto, resta o risco da eventual venda massiva das garantias obtidas, que podem gerar grande pressão vendedora.

Análise de dados 

O sentimento no mercado de criptomoedas está negativo há vários meses, mas estamos vendo uma reversão de tendência desde o início de julho. O Índice de Medo e Ganância subiu para 24 durante esse final de semana, representando o ponto mais alto dos últimos dois meses. Embora ainda estejamos na área de “Medo Extremo”, estamos avançando para a área de “Medo”, indicando um mercado ligeiramente mais otimista. 

https://alternative.me/crypto/fear-and-greed-index/

O bitcoin passou vários dias na área inferior de US$ 19 mil, resultando na redução dos níveis de volatilidade de curto prazo. Entretanto, a volatilidade voltou a aumentar após o bitcoin retornar acima de US$ 20 mil. A volatilidade de 30 dias também praticamente dobrou nos últimos meses e atualmente está em 4,87%. É uma interessante métrica a ser monitorada pois baixa volatilidade costuma antecipar grandes movimentos de preço, sejam eles positivos ou negativos. 

https://charts.coinmetrics.io/network-data/

A indústria de mineração de BTC também sofreu com a queda de preços. A receita diária saiu de cerca de US$ 70 milhões em nov/21 para os atuais US$ 18 milhões. O bom ano de 2021 para a mineração levou a investimentos maciços em novas infraestruturas. 

https://charts.coinmetrics.io/network-data/

A hashrate cresceu em 2021 à medida que as novas infraestruturas ficaram online e a rede Bitcoin aumentou sua dificuldade de mineração. A dificuldade crescente no ano passado significa que a concorrência pela receita da mineração aumentou. A queda das receitas, somada a maior competição, vem prejudicando a atividade de mineração. 

https://www.lookintobitcoin.com/charts/bitcoin-hashrate-chart/

A atividade de mineração continuará sofrendo até que o preço do BTC volte a subir, ou até que parte dos mineradores passem a desligar suas máquinas devido ao custo inviável de operação. Com a redução de máquinas totais na rede, a dificuldade de mineração tende a ser menor e, consequentemente, voltar a aumentar a rentabilidade dos mineradores restantes.

YugaLabs: Metaverso ‘Otherside’ faz primeiro teste

A Yuga Labs, empresa responsável pela criação do Bored Ape Yacht Club, realizou a venda pública de sua coleção oficial de terrenos virtuais, batizada de Otherdeeds, em maio. A dúvida levantada na época foi quanto à capacidade de conseguirem construir e entregar um mundo virtual em prazo relevante, para justificar o investimento nos ativos digitais. 

Essa semana foi apresentado um espaço virtual, multi-jogadores e funcional, disponível para que detentores dos terrenos NFTs. Esse espaço foi disponibilizado como um teste de estresse, realizado para verificar a quantidade de pessoas online simultaneamente que a rede suportaria. 

E embora este fosse um teste de tecnologia básico, com um mundo todo branco e avatares simples, ele apresentava milhares de jogadores online ao mesmo tempo e várias animações de avatar diferentes. Havia um bate-papo de texto global no jogo, além de um bate-papo por voz, com sensores baseados em proximidade. Quanto mais distante alguém estava de você, mais baixo soava o volume do bate-papo por voz. E parecia funcionar, mesmo com centenas de jogadores falando ao mesmo tempo. 

https://mobile.twitter.com/korion2525/status/1544720341724934144

O preço base dos terrenos de Otherdeed acumulam alta de aproximadamente 8.33% nos últimos 14 dias, com o menor preço de negociação em 2.82 ETH (cerca de US$ 3.2 mil). 

https://nftpricefloor.com/otherdeed
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