Destaques da Semana
O que movimentou o mercado?
Durante a última semana, o governo dos EUA surpreendeu negativamente os mercados ao anunciar um pacote de tarifas de importação mais agressivo do que o esperado. O chamado “Liberation Day” teve como destaque a imposição de tarifas adicionais sobre produtos oriundos da China e de outros países asiáticos, especialmente aqueles com forte presença nos setores de eletrônicos e vestuário nas exportações para os EUA. Em resposta, a China anunciou a aplicação de tarifas retaliatórias de 34% sobre todos os produtos importados dos Estados Unidos, intensificando as tensões comerciais entre os dois países. Essa escalada elevou os temores de uma desaceleração no comércio global, reacendendo o risco de uma recessão sincronizada. O reflexo imediato foi um aumento da aversão ao risco, com quedas generalizadas nas principais bolsas globais e elevação da volatilidade nos mercados financeiros.
Em paralelo, os dados de emprego nos EUA vieram acima das expectativas, reforçando a resiliência do mercado de trabalho e adicionando complexidade ao cenário para a política monetária. Em discurso realizado ao final da semana, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou que o banco central não tem pressa para iniciar um ciclo de cortes nos juros, ressaltando a necessidade de maior clareza sobre os efeitos econômicos das tarifas recém-impostas. A combinação de uma atividade econômica ainda aquecida com incertezas no cenário externo deve sustentar os juros em patamares elevados por mais tempo, reforçando a postura de cautela do Fed.
No Brasil, a agenda doméstica foi relativamente esvaziada, com destaque para a divulgação da produção industrial, que registrou queda de 0,1% na comparação mensal — abaixo da mediana das projeções de mercado, que apontava para uma alta de 0,2%. O dado reforça o diagnóstico de desaceleração gradual da economia brasileira, mas também levanta questionamentos quanto à possibilidade de intensificação de medidas populistas por parte do governo federal, em um contexto de perda de dinamismo econômico.
Principais acontecimentos do mercado
BBIG11 – O fundo realizou a emissão de um CRI no valor de R$ 240 milhões com vencimento em 10 anos e remuneração de 103% do CDI. Os pagamentos começam em fevereiro de 2026. A operação tem como objetivo viabilizar a compra dos shoppings Pátio Paulista e Higienópolis.
Nossa Visão | A notícia é positiva para o fundo, pois viabiliza a aquisição de ambos os shoppings a um custo relativamente baixo. Entendemos que ambos os ativos possuem uma qualidade excepcional e devem agregar valor ao portfólio do fundo. Destacamos também a inclusão do BBIG11 em nossa carteira recomendada de abril.
VGRI11 – O fundo realizou uma operação de financiamento via emissão de CRI no valor de R$ 65,248 milhões, com prazo de 15 anos e juros de IPCA + 8,5% ao ano, com pagamentos mensais. Essa captação tem como objetivo quitar integralmente obrigações decorrentes da compra do Edifício BM336 (adquirido do VINO11), relativas ao seller’s finance previstas para abril de 2025 e 2026.
Nossa Visão | A notícia afasta nossos temores quanto ao não recebimento das parcelas por parte do VINO11 – os quais nos fizeram retirá-lo de nossa carteira recomendada. Com isso, o fundo da Vinci deve distribuir dividendos extraordinários nos próximos meses, podendo alcançar um yield de 18%.
PVBI11 – O fundo recebeu notificação da locatária China Construction Bank (CCB) informando a intenção de rescindir antecipadamente o contrato de locação das lajes comerciais do 2º, 4º e 5º pavimentos do ativo “FL 4.440”, com área bruta locável total de 6.239,93 m². Apesar de o contrato não prever multa por rescisão antecipada, foi acordado que o fundo receberá uma indenização de R$ 4.383.080,84 (equivalente a R$ 0,16 por cota). A desocupação está prevista para maio de 2025. Atualmente, essas lajes representam cerca de R$ 0,06 por cota em receita mensal.
Nossa Visão | O evento reforça nossa tese de que empresas vêm se afastando da Faria Lima, pressionadas pelos altos custos de locação, e buscando alternativas mais acessíveis em regiões secundárias da cidade. Ainda não há confirmação do novo destino do banco, mas consideramos elevada a probabilidade de realocação nas regiões secundárias da capital. Ressaltamos que o Bank of China concluiu a aquisição do CCB em 2024, o que eventualmente poderia significar que sua operação seja transferida para o escritório do comprador (Av. Paulista).
Comentários Sobre a Carteira Recomendada
Apesar da queda no IFIX no período, nossas carteiras mantiveram uma performance sólida. A Carteira Valor apresentou desempenho em linha com o índice, enquanto a Carteira Renda registrou um outperform de 0,35 p.p. em relação ao benchmark, já considerando a nova composição implementada recentemente (período de 01/04 até 04/04).
Na carteira Valor, destacamos o desempenho do BTHF11 (+0,66%), enquanto na Renda, tivemos uma boa performance em KNSC11 (+0,47%).
Performance Semanal das Carteiras Recomendadas (Ex. Dividendos)
Performance Semanal do IFIX
