Filipe Villegas

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Publicado em 01 de Setembro às 01:00:00

Carteira Recomendada de Ações – Setembro 2021

Ibovespa, contra tudo e contra todos!

Agosto foi uma mês que evidenciou diversos fatores de risco ao mercado. Apesar do cenário ainda volátil, dentro de uma visão estratégica, boas oportunidades continuam gradualmente surgindo. EUA e China seguem como protagonistas, ditando o rumo e o apetite por risco do investidor global. Brasil segue bastante descorrelacionado do resto do mundo com o cenário eleitoral 2022 já fazendo preço.

Estados Unidos: Jackson Hole

Sobre o simpósio anual em Jackson Hole nos Estados Unidos (que trouxe ao mercado um pouco mais dos planos do Federal Reserve (Fed) sobre o processo de normalização monetária nos EUA), o presidente do Fed, Jerome Powell, compartilhou um pouco mais de informações sobre como está a perspectiva do Fed em relação ao caminho a ser seguido para uma mudança de suas políticas. A mensagem de maior impactou veio da sinalização de que o Fed poderá começar a reduzir as compras de títulos ainda este ano, mas que o mesmo não tem pressa em aumentar as taxas de juros, e assim, será guiado por dados relacionados à Covid-19, inflação e mercado de trabalho, sendo esses mesmos três, os fatores os quais poderiam fazer o mercado mudar a sua direção.

Nos surpreendeu a reação do mercado frente aos planos do BC Americano, pois nos permitiu ter como cenário base a possibilidade de que o processo de retirada de estímulos e a subida de juros nos EUA já seriam aceitos pelo mercado, e que partiríamos agora para um cenário negativo, caso a normalização monetária seja “obrigada” a ser feita de maneira acelerada, influenciada por dados de inflação e/ou um crescimento muito forte do mercado de trabalho nos EUA.

Esse processo de normalização pode ocorrer via “tapering“, que é definido como um processo que envolve a retirada gradual de estímulos por parte do governo. O medo do mercado existe em meio ao desafio que seria tal processo, por conta do tamanho do balanço do FED (gráfico 1). Assim, acredito que o monitoramento do Dólar Index (DXY) (gráfico 2) e da Curva de Juros nos EUA (gráfico 3) através da Taxa de Juros de 10 anos, poderão nos fornecer pistas sobre as expectativas do mercado em relação ao processo de normalização monetária. Um movimento de valorização de ambos indicaria um mercado precificando uma maior probidade de ajustes.

Inflação: transitória ou estrutural?

Em agosto, a principal discussão ficou sobre a alta dos fretes marítimos e como isso está afetando as cadeias produtivos mundo afora, gerando ainda mais pressões significativas de custos de insumos. O impacto também pode ser verificado em empresas ligadas ao setor industrial, principalmente a automotiva, que continua sendo impactada pela falta de semicondutores, que, por sua vez, traz também impactos em diversas áreas correlacionadas. Dentre os possíveis cenários, para o mercado na totalidade, o mais drástico seria o de estagflação (Inflação + Desaceleração Econômica).

China: Desaceleração e Intervenção

O mercado acabou sendo atingido por vários eventos negativos e que trouxeram movimentações negativas para os mercados no geral, principalmente para as ações Chinesas, que seguem em território negativo em 2021. Dentre os fatores que contribuíram para essa queda, temos a: (i) Variante Delta, (ii) Situação de liquidez de crédito, (iii) Aperto regulatório de Pequim contra as indústrias privadas e (iv) Acomodação dos indicadores macroeconômicos (gráfico 6).

O (gráfico 3) mostra uma comparação entre o desempenho do índice de ações de Tecnologia de Hong Kong (HSTECH) frente a ETF de Tecnologia da Black Rock (IGM). Com o processo de retirada de estímulos no final de 2020 (gráfico 4) , e o início mais recente da intervenção Chinesa sobre alguns setores, proporcionou uma descorrelação com outras empresas globais do mesmo segmento.

Tal situação também acabou pressionando as commodities, principalmente as metálicas, já que a China é o principal mercado global consumidor (gráfico 5). A tese de médio prazo para commodities e empresas correlacionadas segue segue mais complexo, evento-dependente de uma sinalização de maiores estímulos monetários por parte do governo Chinês.

Brasil: Aumento no prêmio de riscos, crise hídrica e tensão em Brasília

Os ativos brasileiros foram amplamente impactados por uma piora na percepção de riscos, principalmente vindos de Brasília sobre a questão do Teto dos Gastos, precatórios, Bolsa Família, Inflação, Crise Hídrica e o conflito entre os três poderes. Um dos ativos que mais absorveu esse impacto foi a ponta longa da curva de juros (DI1F29 / DI1F31). Fizemos uma publicação recente sobre o tema: Risco fiscal e seus impactos no desempenho das ações brasileiras.

Diante desse cenário desafiador, entendemos que os setores mais impactados pelo tema são o de Construção Civil, Elétrico, Varejo, Bancos e Small Caps. Os preços dessas empresas se encontram em patamares atrativos, mas a dificuldade em preveremos um ponto de inflexão sobre esses problemas justifica o desconto visto atualmente. A importância de portfólio diversificado se faz bastante presente, não somente entre setores, mas de maneira a proporcionar uma alocação em moedas fortes, como o dólar. Falamos um pouco mais sobre esse assunto, nesta publicação: BDRs e o poder da diversificação.

A parte positiva ficou por conta da temporada de balanços, referente ao 2° trimestre de 2021. Em sua maioria, as empresas pertencentes a carteira teórica do Ibovespa obtiveram resultados em linha ou acima do que o mercado esperava. Porém, como o crescimento de lucros não foi maior do que a elevação do custo de capital pelo aumento da taxa de juros de longo prazo, os resultados em sua maioria não foram precificados pelo mercado. Fizemos um resumo sobre a temporada de balanços: A reação do mercado em números.

Por fim, a crise hídrica foi um dos assuntos que mais ganhou relevância e peso sobre um cenário ainda mais negativo sobre a economia brasileira. Afinal, a alta dos preços da energia elétrica pressionam inflação para cima e PIB para baixo. A situação é crítica e merece atenção, mas poderia ser muito pior, não fosse uma mudança ocorrida nos últimos anos envolvendo a diversificação de fontes energéticas e nossa capacidade de geração (176.1 GW em 2021, ante 74.9 GW em 2001). Embora ainda dominante, a utilização de hidrelétricas segue cada vez menor, ao mesmo tempo em que os investimentos em busca de fontes alternativas continuam em expansão.

O que devemos monitorar em Setembro:

  • Dados macroeconômicos globais, principalmente nos EUA e China (PMI, inflação e mercado de trabalho);
  • Processo de normalização monetária por grandes bancos centrais (FED e BCE);
  • Movimentação do Dólar Index e das Taxa de Juros de 10 anos nos EUA. (Uma alta desses ativos poderão sinalizar um aperto monetário à frente).
  • Situação na China (mercado de crédito e intervenções).
  • Temperatura em Brasília (BSB) frente ao aumento do stress entre os três poderes e resoluções sobre Precatórios e Teto do Gasto.
  • Crise hídrica e Inflação no Brasil.

Sobre as nossas carteiras…

Em linhas gerais alcançamos um desempenho mediano em todas as nossas carteiras, com destaque para o ótimo desempenho das carteiras Ibovespa 5+ MicroCaps 5+ e BDR 5+. Por outro lado, as recomendações Small Caps 8+ e Dividendos 5+ tivermos performances bem aquém dos seus benchmarks.

Com a forte deterioração dos ativos em agosto, abriu-se uma janela de oportunidades para a inclusão de ações que anteriormente não apresentavam boas assimetrias. Estamos mantendo a estratégia de descorrelação com o Ibovespa e na busca de geração de valor por empresas que podem entregar crescimento, independente do cenário político ou macroeconômico, ou que, apesar de estarem dentre setores altamente impactados pelo atual momento diverso, já apresentam boas assimetrias e poderiam colaborar com a performance futura em uma eventual correção dos mercados.

Apesar dos riscos ainda iminentes, acreditamos que boa parte deles já está precificado nos preços dos ativos e, apesar da descorrelação, estamos mantendo nosso posicionamento em empresas de menor capitalização e de maneira estratégica, com a presença em empresas cuja participação nos benchmarks é relevante.

Carteira Ibovespa 10+

A carteira Ibovespa 10+ apresentou uma baixa de -2,71% no mês de agosto. No mesmo período, o Ibovespa obteve um desempenho negativo de -2,47%. No ano de 2021 a carteira apresenta rentabilidade positiva de 12,32% contra uma baixa de -0,19% do Ibovespa. Em relação ao mês de agosto, saíram as ações da Bradesco (BBDC4), BTG Pactual (BPAC11), Grupo Mateus (GMAT3), Lojas Renner (LREN3) e Rede D’Or (RDOR3). Com Inclusão das ações da Moura Dubeux (MDNE3), Petro Rio (PRIO3), Vamos (VAMO3), Via (VIIA3) e Vulcabras (VULC3).

A Carteira Ibovespa 10+ tem por objetivo superar a performance do Ibovespa no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 3 milhões fazem parte do universo de escolhas.

Carteira Ibovespa 5+

A carteira Ibovespa 5+ apresentou uma alta de 3,72% no mês de agosto. No mesmo período, o Ibovespa obteve um desempenho negativo de -2,47%. No ano de 2021 a carteira apresenta rentabilidade positiva de 12,31% contra uma baixa de -0,19% do Ibovespa. Em relação ao mês de agosto, não houve trocas na carteira.

A Carteira Ibovespa 5+ é divulgada mensamente no jornal Valor Econômico, e tem por objetivo superar a performance do Ibovespa no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 5 milhões fazem parte do universo de escolhas.

Carteira Small Caps 8+

A carteira Small Caps 8+ apresentou uma baixa de -7,28% no mês de agosto. No mesmo período, o índice Small (SMLL) obteve um desempenho negativo de -3,82%. No ano de 2021 a carteira apresenta rentabilidade positiva de 2,29% contra uma alta de 0,95%, no mesmo período, do índice Small (SMLL). Em relação ao mês de agosto, saíram as ações da Ânima (ANIM3) e Santos Brasil (STBP3). Com Inclusão das ações da Méliuz (CASH3) e Pague Menos (PGMN3).

A Carteira Small Caps 8+ tem por objetivo superar a performance do Índice Small (SMLL) no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas cujo valor de mercado está entre R$ 2 bilhões até R$ 20 bilhões e com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 1 milhão fazem parte do universo de escolha.

Carteira Micro Caps 5+

A carteira Micro Caps 5+ apresentou uma alta de 1,40% no mês de agosto. No mesmo período, o índice Small (SMLL) obteve um desempenho negativo de -3,82%. No ano de 2021 a carteira apresenta rentabilidade positiva de 35,40% contra uma alta de 0,95%, no mesmo período, do índice Small (SMLL). Em relação ao mês de agosto, saíram as ações da Plano & Plano (PLPL3), Positivo (POSI3), Indústrias Romi (ROMI3) e Schulz (SHUL4). Com Inclusão das ações da Eucatex (EUCA4), GP Investments (GPIV33), Lavvi (LAVV3) e Irani (RANI3).

A Carteira Micro Caps 5+ tem por objetivo superar a performance do Índice Small (SMLL) no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas cujo valor de mercado é de até R$ 2 bilhões e com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 500 mil fazem parte do universo de escolha.

Carteira Dividendos 5+

A carteira Dividendos 5+ apresentou uma baixa de -4,39% no mês de agosto. No mesmo período, o Índice Dividendos (IDIV) obteve um desempenho negativo de -0,50%. No ano de 2021 a carteira apresenta rentabilidade negativa de -1,90% contra uma baixa de -0,19%, no mesmo período, do Índice Dividendos (IDIV). Em relação ao mês de agosto, saíram as ações da Minerva (BEEF3), Randon (RAPT4) e Transmissão Paulista (TRPL4). Com Inclusão das ações da Bradespar (BRAP4), Copasa (CSMG3) e Taesa (TAEE11).

A Carteira Dividendos 5+ tem por objetivo superar a performance do Índice Dividendos no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ações de empresas com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 3 milhões fazem parte do universo de seleção. Para escolha dos ativos, é priorizado a alocação em empresas com histórico de pagamento de dividendos superiores à média do mercado.

ETF – Recomendação

Para o mês de setembro de 2021, seguindo a estratégia da Carteira ETF, recomendamos compra de Ishares ECOO (ECOO11), It Now IFNC (FIND11), It Now IGTC (GOVE11), It Now ISE (ISUS11) e Ishares SMAL (SMAL11), com alocação de 20% para cada ativo. No mês de agosto de 2021, a Carteira de ETF recuou -3,20% contra o Ibovespa que apresentou queda de -2,47% no mesmo período.

Ao investidor que optar pela ETF TOP PICK (única escolha) nossa recomendação para o mês de setembro de 2021 seguimos com a recomendação de compra de It Now IFNC (FIND11). A recomendação feita no mês de agosto de 2021, It Now IFNC (FIND11), apresentou queda de -2,98% contra o Ibovespa que desvalorizou -2,47%.

A Carteira Recomendada ETF tem por objetivo superar o desempenho do Ibovespa no longo prazo. Mensalmente, recomendaremos até 5 ETF, todos com o mesmo peso na carteira. O investidor que optar por concentrar seu investimento em um único ETF, seja por estratégia ou quantidade de capital alocado, indicaremos o ETF TOP PICK dentro da nossa Carteira Recomendada ETF, que será o ativo destacado pelo nosso modelo com maior expectativa de superar a performance do Ibovespa.

Exchange Traded Fund (ETF), é um fundo negociado em Bolsa que representa uma comunhão de recursos destinados à aplicação em uma carteira de ações que busca retornos que correspondam, de forma geral, à performance, antes de taxas e despesas, de um índice de referência. (Fonte: B3)

ESG 5+

A carteira ESG 5+ apresentou uma baixa de -4,69% no mês de agosto. No mesmo período, o Ibovespa (IBOV) obteve um desempenho negativo de -2,47%. No ano de 2021 a carteira apresenta rentabilidade negativa de -3,54% contra uma baixa de -0,19%, no mesmo período, do Ibovespa (IBOV). Em relação ao mês de agosto, saíram as ações da Bradesco (BBDC4) e Lojas Renner (LREN3). Com Inclusão das ações da Ambev (ABEV3) e RaiaDrogasil (RADL3).

BDR 5+

A Carteira BDR 5+ apresentou uma alta de 3,14% no mês de agosto. No mesmo período, o Índice de BDRs (BDRX) obteve um desempenho positivo de 2,27%. No ano de 2021 a carteira apresenta rentabilidade alta de 33,86% contra uma alta de 19,22%, no mesmo período, do Índice de BDRs (BDRx). Em relação ao mês de agosto, saíram as ações da Adobe (ADBE34), Twitter (TWTR34) e Salesforce.Com (SSFO34). Com Inclusão das ações da Walt Disney (DISB34), Nvidia (NVDC34) e Paypal (PYPL34).

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