Estamos introduzindo nosso novo Preço-Alvo para as ações da 3R Petroleum de R$78/ação. Nossa recomendação se baseia no novo certificado de reservas publicado recentemente (para maiores informações, clique aqui) e na conclusão da aquisição do Polo Potiguar. Resumindo, o certificado veio ligeiramente negativo, com mudanças marginais na tese da empresa, sendo o adiantamento dos investimentos esperados e a postergação do pico de produção, bem como a atualização da curva de preços de petróleo os principais responsáveis pela redução do nosso preço-alvo (nossa curva é mais conservadora do que do mercado). Ainda sim, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR para as ações da 3R, por acharmos que a companhia esteja negociando à níveis de preços muito baixos, influenciados pelo fluxo de notícias negativo das últimas semanas e ao mesmo tempo apresenta múltiplos interessantes (EV/EBITDA 3,3x e US$4,5 EV/P2), que estão aquém do crescimento esperado para a empresa nos próximos anos. Apesar disso, ainda vemos alguns riscos para a empresa no curto prazo, como: i) novas quedas no preço do brent devido a demanda mais fraca do que esperado, ii) ainda que a empresa tenha dito que o processo de conclusão da aquisição de Potiguar segue normalmente, até que a notícia seja oficial, há o risco de a operação não ser finalizada, iii) risco de execução operacional, em que a empresa recentemente passou por uma crise de confiança do investidor ao apresentar dados operacionais abaixo do esperado.
O Fato
O novo certificado de reservas. A companhia anunciou seu novo certificado de reservas com data-base Janeiro/22. Como mencionado em nosso relatório (clique aqui para saber mais), o certificado trouxe dados ligeiramente negativos para a tese da empresa. Em linhas gerais, o certificado apresentou números praticamente inalterados nos volumes recuperáveis, uma diminuição ínfima na relação 1P/2P das reservas da companhia e, principalmente, um reperfilamento na curva de produção esperada (volumes menores no curto prazo e maiores no longo prazo) assim como na curva de investimentos, dedicando maiores desembolsos de investimentos para o curto prazo. A seguir, apresentamos os fatores que nos levaram a alteração do preço-alvo.
Volume de reservas de petróleo
Como comentado, houve um aumento marginal do volume de reservas óleo nos ativos da empresa, fato esse que vemos positivo, uma vez que a tendência natural para o setor seria o esgotamento das reservas ao decorrer da exploração dos poços. Ainda sim, o aumento é pequeno, não o suficiente para desencadear um aumento de valor significativo para a companhia.
Descompasso entre entrada e saída de caixa!
Um dos fatores de maior relevância do novo certificado de reservas foi o reperfilamento dos investimentos esperados no processo de redesenvolvimento dos campos, com maior volume sendo necessário no curto prazo se comparado ao certificado passado. Na outra ponta, houve um deslocamento na curva de produção esperada, com expectativa de menores volumes no curto prazo e o pico de produção sendo empurrado alguns anos à frente. Ou seja, haverá um descompasso um pouco maior entre o desembolso necessário para realização desses investimentos e a geração de caixa advinda da venda do petróleo. Menos que risível, irá ocorrer uma destruição de valor para a companhia quando trazemos esses valores à valor presente a medida que os fluxos de caixa se tornam mais apertados vs os números anteriores.
Curva de preços futuros de petróleo
Para curva de petróleo estamos usando a mesma estimativa que foi usada para avaliar a Petrorecôncavo e a PRIO, com níveis de preço de US$73-64/barril 23-30E, razoavelmente mais conservadora do que a atual curva de mercado (US$81-64/barril 23-30E) que acabou por subir nos últimos dias, em virtude dos cortes recentes anunciados pela OPEP+. Nossa curva também é mais conversadora do que a utilizada no certificado de reservas (US$85-69/barril 23-30E), em virtude dos preços do certificado utilizarem a data base de janeiro de 2023.
Premissas
Em nosso modelo, incorporamos as novas curvas de produção do certificado de reservas mais atual, assim como os investimentos esperados no processo de redesenvolvimento dos ativos e os custos operacionais. Com isso, por meio do modelo de DCF, com uma taxa de desconto nominal de 10,9%, chegamos em um preço alvo de R$78/ação. Como mencionado ao longo do documento, os principais fatores que fizeram com que cortemos o nosso preço-alvo nesses patamares em relação ao nosso preço-alvo anterior foram I) curva de preço de petróleo abaixo do consenso do mercado por questões de conservadorismo, II) menores fluxos de produção esperado em relação a certificação anterior, III) maiores investimentos esperados no curto prazo, de acordo com a nova certificação de reserva.