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    Publicado em 08 de Dezembro às 19:36:06

    AES Brasil (AESB3) | Informações do Dia do Investidor!

    Conclusão. No geral, gostamos do direcionamento da apresentado pela empresa. Em linhas gerais, a parte do evento relacionado ao direcionamento estratégico e crescimento não trazem necessariamente alguma novidade em relação ao que a empresa tem feito nos últimos anos (foco em energias limpas, atendimento ao cliente, complementariedade de fontes, aquisição de ativos operacionais, dividendos, etc). Como novidades citamos o viés da positivo da empresa em relação as discussões regulatórias do setor (renovação das concessões e mudança na comercialização de energia no setor de geração) e expectativa de evolução do endividamento à níveis que considerarmos desafiador, principalmente em um cenário de eventual aumento nas taxas de juros. Sendo assim, com o processo de desalavancagem da empresa devendo ocorrer apenas em 2024, somos céticos quanto a boa evolução das ações na empresa ao longo do ano que está por vir à medida que as despesas financeiras devem pesar nos resultados da empresa. Como já comentamos, estamos trabalhando na atualização da avaliação das empresas de geração de devemos publicar o quanto antes.

    Direcionamento Estratégico. De acordo com a diretoria, o grupo AES (controlador da AES Brasil) deve permanecer com foco em energias renováveis/descarbonização do seu portfólio e complementariedade de fontes – algo que naturalmente já está bem avançado em relação ao resto do mundo tendo em vista a vocação natural do Brasil a esse tipo de fonte. Além disso, para além do fornecimento do produto energia, a empresa deve seguir com foco na energia enquanto serviço e na abertura do mercado de energia, com evidente migração dos clientes do mercado regulado para o livre. Ou seja, foco na oferta do produto enquanto solução para o cliente para além da mera provisão da energia. Ou seja: a energia comprada pelos clientes era meramente um produto recebido da produção até o consumidor final nos volumes e preços acordados. No atual formato, a empresa precisa oferecer um serviço que atenda as necessidades do consumidor em termos de potência (uma siderurgica teria maior necessidade de requisitos de potência para ligar suas caldeiras vs um shopping center, por exemplo), ESG/complaince (consumidores exigindo compra apenas de fontes limpas), flexibilidade nos volumes comprados para atender eventuais alterações na demanda do cliente e etc. O sucesso de tal direcionamento pode ser observado nos contratos fechados com clientes livres nos últimos anos (Unipar, BRF, Alcoa, Ferbasa, Minas Liga, etc). Em nossa opinião, AES Brasil (assim como outros grupos privados sob nossa cobertura) se colocam muito bem em relação as demandas mundiais e em relação à própria evolução regulatória que está acontecendo dentro do Brasil com abertura de mercado do setor de energia.

    Crescimento. De acordo com a empresa, o crescimento deve permanecer pautado no financiamento via PPAs (power purchease agreement – contratos bilaterais com players privados, como aqueles fechados com os nomes acima) e via aquisições de projetos já em operação (como o anunciado recentemente, onde escrevemos uma nota – para maiores informações, clique aqui: AES Brasil (AESB3) | Aquisição de Parques Eólicos Concluída). Tais métodos não são uma surpresa para tese da empresa tendo em vista as suas movimentações, muito pautada na aquisição de ativos já operacionais. Ainda de acordo com a alta diretoria, outras aquisições não devem ser descartadas e o foco deve ser em ativos com capacidade instalada de 200-300 MWh (ou seja, aquisições

    Financeiro: um ponto de atenção. Sob esse aspecto, podemos citar dois pilares importantes para análise: I) premissas de preço da energia vendida e II) endividamento.

    Preço de Energia. Com o atual cenário de chuvas fortes e demanda fraca, a empresa julga que os atuais níveis de preços de energia de longo prazo como razoáveis e sem grande espaço para novas realizações.

    Endividamento. Talvez o ponto mais preocupante de toda a apresentação. Com os investimentos e aquisições anunciadas, o endividamento da empresa deve ficar acima de 5x sua dívida líquida/EBITDA, ligeiramente acima dos limites de endividamento com os credores (4,5x Dívida Líquida/EBITDA), principalmente porque a empresa não deve abrir mão do pagamento de dividendos. Tal situação nos coloca céticos quanto a uma possivel performance positiva do papel no curto à medida que o aumento do endividamento em momento de SELIC alta (e quem sabe, ainda maior em 2023) deve seguir pressionando os resultados. De acordo com a direção da empresa, o processo de desalavancagem deve começar principalmente após a entrega do projeto tucano (a partir de 2024, principalmente). A entrada de tais projetos devem acrescentar c. R$600 milhões ao EBITDA da cia.

    Regulatório: agenda positiva para a empresa.

    Como principais pontos abordados na apresentação, foram: I) renovação das concessões de energia elétrica e II) precificação dos requisitos de lastro de potência e flexibilidade. E para explicar: “lastro” no contexto da geração seria a capacidade atender a demanda da energia (carga), por exemplo, em momentos de pico de consumo. Com a inserção de fontes que geram de maneira irregular ao longo do dia (como eólicas e solares), a capacidade de uma determinada fonte atender a demanda em um momento específico do dia deverá ser precificada. Ou seja, fontes com alta capacidade de flexibilidade e de atendimento da demanda em pico de consumo deverão ter um diferencial competitivo em relação à fontes intermitentes. E tal diferencial competitivo deve se configurar, por exemplo, em preços mais interessantes para contratos com players privados versus fontes eólicas/solar, por exemplo (interpretação pessoal nossa, baseada na discussão regulatória preliminar).

    Com a explicação acima, a empresa disse que observa de maneira muito positiva tal evolulção regulatória. Tal característica é favorável para AES Brasil exatamente devido ao fato da empresa ter hidroelétricas dentro da seu portfólio. Ou seja: boa parte dos atuais ativos da empresa possuem características favoráveis à evolução do setor e deve, na média, se beneficar da evolução sobre como a energia é comercializada aqui no Brasil.

    Em relação a renovação das concessões, a empresa enxerga outra oportunidade para renovar suas atuais concessões em um formato favorável tanto para a empresa quanto para o governo federal (vale lembrar que todas as usinas da empresa terminam sua concessão entre 2030-2032) – muito possivelmente via pagamento em algum valor de outorga pré-estabelecido. Tal orientação é pautada na leitura que os custos relacionados à indenização dos ativos não depreciados das usinas tende a ser muito onerosa para o governo federal (à exemplo da indenização a ser paga à Auren pelos ativos não depreciados da Usina Três Irmãos, que em preços atualizados deve ficar acima dos R$3 bilhões por uma usina com capacidade instalada de apenas 807 MWh). Achamos esse viés interessante, mas nos mantemos cautelosos quanto à essa questão tendo em vista a possibilidade de maior arrecadação por parte do governo em um processo de relicitação de tais ativos via competição direta com diversos competidores. Desnecessário dizer que não consideramos a renovação de tais ativos em nosso preço-alvo para AESB3.

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