Após um longo periodo de recuperação, a Azul finalmente enxerga um céu mais claro pela frente. A empresa divulgou seus resultados do 3T21 e apresentou pela primeira vez uma margem Ebit positiva desde o início da pandemia. A receita líquida total veio em linha com nossa estimativa e o Ebitda veio levemente acima do nosso número, com uma margem de 17,9% vs 17,3% do nosso lado. Apesar da dificuldade do setor aéreo na retomada, a empresa conseguiu recuperar sua capacidade doméstica por completo vs o 3T19 e leva vantagem sobre seus concorrentes por seu modelo de negócio mais flexível e diversificado. Com uma liquidez robusta, a empresa sai mais forte da crise e é a principal candidata para iniciar uma consolidação no setor aéreo.
Apesar da incerteza com o setor, estamos com uma perspectiva mais favorável para a Azul devido a sua maior capacidade de repasse de custos em rotas sem competição e por possuir uma operação de cargas dedicada com uma grande avenida de crescimento pela frente.
Após o fim da 2ª onda da pandemia, do ritmo de vacinação avançando e da queda dos números de mortos, a Azul começa a ver uma aceleração da demanda por viagens no país. Com uma oferta doméstica maior que em 2019 e atuando em rotas sem competição, a empresa possui um poder de repasse maior e viu o yield do 3T21 crescer 40% a/a e ficar apenas 1,6% abaixo do yield do 3T19. PRASK vem melhorando, mas ainda 6,8% abaixo do 3T19 devido a redução da demanda corporativa, que hoje recuperou apenas 75% do que era no período pré pandemia. A surpresa desse resultado foi o RASK superando o do 3T19, ajudado pela divisão de cargas, que cresce num ritmo acelerado e possui boas perspectivas para frente.
Apesar dos custos serem impactados pelo real desvalorizado, a empresa vem conseguindo se tornar mais eficiente à medida que vai aumentando sua capacidade e conseguindo diluir os seus custos. O preço médio do litro de combustível, um custo que representa 34% dos custos totais da empresa, aumentou 47,1% a/a e 28,6% vs 3T19 e a adição de aeronaves maiores e mais eficientes se tornam prioridades para a empresa compensar esse efeito. Apesar da queda de receita vs 3T19 e o aumento dos custos ocasionados pelo câmbio, a margem operacional foi positiva pela primeira vez desde o início da pandemia, o que pode ser comemorado por poucas companhias aéreas. O Ebitda de R$ 486 mm com uma margem de 17,9% veio 50% abaixo de 3T19, mas muito superior ao Ebitda negativo de R$ 258 mm apresentado no 3T20. Com uma liquidez de R$5,3bi e um perfil de dívida não relacionado a aeronaves sem vencimentos próximos, a Azul fica na frente dos seus concorrentes para aproveitar um 4T ainda mais forte e poder ter voos mais tranquilos pela frente após a forte tempestade.
Pontos Positivos
- Receita unitária superior ao 3T19
- Yield em patamares próximos do período pré pandemia
- Consumo de combustível por assento menor devido a adição de aeronaves mais eficientes
- Primeiro Ebit positivo desde a pandemia
- Crescimento de 135% da receita da divisão de cargas vs 9M19
Pontos Negativos
- Custo unitário 16,8% maior em comparação ao 3T19
- Aumento do preço do combustível pago
- Demanda internacional ainda fraca
- Demanda corporativa apenas 75% nos níveis pré pandemia