Azul e Gol divulgaram suas prévias de tráfego relativas ao mês de novembro. Na média, tivemos uma manutenção da demanda em patamares elevados, porém com uma taxa de ocupação inferior à observada no mesmo período em anos passados. Destacamos a retomada da demanda internacional, que também corroborou para a sustentação da demanda em relação ao mesmo período em 2021. Contudo, na comparação mensal esse volume ainda assim foi menor.
O IPCA de novembro, diferentemente do mês anterior, apresentou uma queda no preço das passagens aéreas. A junção desses dois fatores nos levanta suspeitas sobre o quão aquecida a demanda realmente pode ficar nos próximos meses, dado que os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro são sazonalmente mais fortes, e, historicamente, apresentam aumentos de tarifas.
Futuro ainda incerto
A alta exposição ao dólar em seus custos trazem mais preocupação dado o momento de incerteza macroeconômica no país. A trajetória do fiscal brasileiro em 2023 com a provável aprovação da PEC da transição, seguida de uma gestão abertamente despreocupada com o fiscal nos leva a acreditar que é provável que tenhamos um aumento no câmbio devido ao aumento do CDS brasileiro.
Com isso, podemos observar as companhias aéreas não absorvendo o efeito completo das possíveis quedas no preço do petróleo em 2023. Além das despesas com combustível, as despesas com arrendamento também possuem uma componente cambial significativa, o que naturalmente pode prejudicar os resultados das companhias. Outro fator de atenção são as expectativas de manutenção de juros em patamares elevados. Esse fator pode resultar em uma diminuição da atividade econômica em 2023 e resultar em uma queda na busca por viagens, o que também prejudicaria as empresas do setor.
O ponto positivo para o trimestre é a recente queda no barril de petróleo e os reajustes no preço do QAV que foram realizados no terceiro trimestre. Dado que existe uma defasagem de aproximadamente 45 dias para o repasse do preço na bomba, o novo patamar de preço não se refletiu nos resultados do 3T22, algo que deverá ser visto nos resultados a partir do 4T22.
Azul (AZUL4)
Em novembro, a demanda (RPK) da Azul foi de 2,6 bilhões, +4,5% a/a e -1,4% m/m. A oferta total de assento (ASK) foi de 3,3 bilhões, +7,1% a/a e -4,2% m/m. Tivemos uma taxa de ocupação menor, finalizando o mês em 79,5% contra 81,6% no mesmo mês do ano passado. Assim como no mês passado, estamos observando uma constante queda na taxa de ocupação, o que consideramos negativo, dado que pode diminuir o ritmo de aceleração das tarifas.
Gol (GOLL4)
A Gol segue reportando dados positivos. A demanda atingiu (RPK) 2,9 bilhões, +28,5% a/a e -1% m/m. A oferta total de assento (ASK) foi de 3,5 bilhões (+29,7% a/a e -1% m/m). A taxa de ocupação foi relativamente menor, finalizando o mês em 81,4% contra 82,1% no mesmo mês do ano passado. O volume de carga passou de 7,3 mil toneladas em outubro para 7,7 mil em novembro. Apesar de positivos, a Gol ainda não alcançou seus números operacionais pré-pandemia.