No 3T23, o Inter registrou um lucro líquido de R$ 104m, expansão significativa de 62,3% t/t e reversão de um prejuízo de R$ 30m no 3T22. O retorno sobre o patrimônio (ROE) atingiu 5,7%, ainda baixo, mas com melhora relevante de +2,1pp t/t e +7,3pp a/a. Esse desempenho superou tanto as nossas expectativas, que eram de um lucro de R$ 98m, quanto as previsões do mercado, que apontavam um lucro de R$ 96m. Após vários trimestres de aumento, o índice de inadimplência manteve-se estável pela primeira vez em 4,7%. Essa estabilidade sugere que o Inter pode ter alcançado um ponto de inflexão nesse ciclo de crédito. Por fim, o número de clientes ativos atingiu 15,5 milhões, crescimento robusto de 6,7% t/t e 32,8% a/a. Apesar de uma desaceleração em relação aos trimestres passados, o banco conseguiu melhorar a taxa de conversão em 0,5pp t/t e 1,5pp a/a, possibilitando a adição líquida de mais de 1 milhão de clientes ativos pelo terceiro trimestre consecutivo.
Do lado negativo, vemos a margem financeira (NIM) em retração t/t, impactada negativamente por efeitos de inflação (IPCA) e maiores renegociações (parte do programa Desenrola). Além disso, houve um aumento significativo nas despesas com pessoal, reflexo de algumas medidas como o pagamento de bônus e acordos de participação nos lucros devido a maior lucratividade.
Na videoconferência de resultados, a gestão confirmou que enxerga um 4T23 mais rentável que o 3T23 e que estão adiantados com o plano 60-30-30 para 2027 (60 milhões de clientes, 30% de índice de eficiência e 30% de ROE). O 3T23 reforça nossas projeções de uma continua melhora de resultados do Inter para os próximos trimestres, com a gestão mais focada na geração de rentabilidade. Apesar de considerarmos uma meta agressiva, a companhia entregou melhoras nos últimos trimestres, o que sinaliza, em nossa visão, o forte compromisso da gestão em entregar crescimento com rentabilidade.
Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 29,70 para o final de 2024. Vemos as ações em um valuation atrativo, negociando a 1,2x P/VP 23E e 13,3x P/L 24E.
Inter (INBR32): Lucro em tendência de melhora
Inter (INBR32) | Resultado 3T23: Lucro recorde no trimestre
Clientes: Mais de 1 milhão de clientes ativos por tri
O número de clientes atingiu 29,4m (+5,8% t/t e +29,0% a/a), apesar da boa expansão anual o banco vem apresentando uma desaceleração (esperada) no crescimento de clientes trimestre após trimestre. Ademais, o número de clientes ativos chegou a 15,5m (+6,7% t/t e +32,8% a/a), apresentando uma taxa de ativação de 52,7% (+0,5pp t/t e +1,5pp a/a), adição de mais de 1 milhão de contas ativas por trimestre.
O Custo de Aquisição de Clientes (CAC) manteve-se baixo e registrou uma significativa de -4,4% t/t e -8,5% a/a atingindo R$ 25,9, resultado de um novo modelo de mix de canais e dados.
Carteira: Desacelerando, mas ainda com forte crescimento
A carteira de crédito sem antecipação de recebível atingiu R$ 27b, crescimento de +7,6% t/t e +28,7% a/a. Apesar do bom crescimento, acima do mercado inclusive, o crescimento da carteira continuou desacelerando. Nesse trimestre, o banco voltou a retomar o crescimento da carteira de cartão de crédito (+12,6% t/t e +34,9% a/a), realocando limites de clientes com maior risco para clientes com menor risco, e melhorando a originação. Além do cartão de crédito, a carteira de FGTS e o Home Equity também apresentaram uma forte evolução na comparação trimestral e anual, mostrando o foco em produtos mais rentáveis.
Receita líquida de juros (NII): NIM caindo t/t, mas com crescimento de NII
A receita líquida de juros (NII) ficou em R$ 819m (+2,1% t/t e +48,9% a/a), ainda beneficiado por uma margem líquida de juros (NIM) em níveis atrativos em 7,8% (-0,3pp e +1,5pp a/a). No trimestre, a margem foi impactada por menores níveis de inflação no período, o que afetou as receitas de crédito imobiliário, e o maior volume de renegociações em cartão de crédito.
O custo de funding (captação) atingiu 66,5% do CDI (+3,2 pp t/t +3,0 pp a/a). O Inter teve impacto cheio neste trimestre da estratégia chamada “Conta com pontos” para migrar grande parte dos depósitos à vista (-42% t/t) para os depósitos a prazo (+18% t/t). Os rendimentos dos depósitos a prazo são convertidos em pontos e creditados nas contas dos clientes pelo “Inter Loop”. Com isso, a companhia espera diminuir as reservas compulsórias mantidas no Banco Central e liberar liquidez para maiores concessões de crédito.
Serviços e Comissões: Intercâmbio segue o principal contribuidor
A linha de serviços e comissões apresentou uma receita líquida de R$ 316m (+18,3% t/t e +45,4% a/a), beneficiada principalmente pelas receitas de intercâmbio (+15,5% t/t e +32,8% a/a) e comissões (+22,5% t/t e +16,4% a/a), reflexo da expansão do TPV (volume financeiro transacionado) e seguros. As receitas de gestão também foram um destaque positivo no trimestre com um avanço de 56,9% t/t e 258,1% a/a.
Provisões e Inadimplência: Inadimplência estável t/t
As provisões para devedores duvidosos (PDD) atingiram R$ 408m, expansão de 2,3% t/t e 55,0% a/a, reflexo de um cenário ainda desafiador com a inadimplência elevada e pelo crescimento da carteira.
O índice de inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+) ficou em 4,7%, registrando o primeiro ponto de estabilidade t/t depois de muitos trimestres de alta (aumento de 0,9pp a/a). A estabilidade no trimestre é reflexo de uma melhor dinâmica na inadimplência dos clientes de cartão de crédito, já que as novas safras têm apresentado um desempenho melhor que as mais antigas. Já o NPL 90+ excluindo a antecipação de recebíveis ficou em 4,9% (estável t/t e +0,9pp a/a). Já o índice de cobertura ficou em 132% (+2pp t/t e -9pp a/a), mantendo-se em linha com a média histórica recente.
Despesas administrativas: Pessoal impactou negativamente
As despesas administrativas atingiram R$ 708m, aumento acima da inflação em +9,3% t/t e + 8,4% a/a, impactado negativamente pela linha de despesas de pessoal (+13,1% t/t e +19,5% a/a) devido ao aumento na remuneração associada a bônus e acordos de participação nos lucros. Apesar do aumento nos custos, o índice de eficiência (custo/receita) melhorou, ficando em 52,4%, melhora de -1,0pp t/t e -22,6pp a/a.
Capital e Patrimônio Líquido: Beneficiado pela mudança na regulação
O índice de Basiléia ficou em 23,7% (+0,9pp t/t e -6,1pp a/a), composto integralmente por capital nível 1. O trimestre foi beneficiado pela expansão de lucro e mudanças nas regras de capital do Banco Central.