No 4T23, o Inter registrou um lucro líquido de R$ 160m, expansão significativa de 53,4% t/t e 452% a/a. O retorno sobre o patrimônio (ROE) atingiu 8,5%, ainda considerado baixo, porém com melhora relevante de +2,9pp t/t e +6,9pp a/a. Esse desempenho superou tanto as nossas expectativas que eram de um lucro de R$ 153m (já ajustado após o guidance de lucro), quanto as previsões do mercado, que apontavam um lucro de R$ 130m. O lucro veio acima do guidance apresentado nos documentos da oferta de ações que indicavam para um lucro de R$ 150 – R$ 155m no 4T23.
Outra notícia boa foi que após vários trimestres de ciclo de aumento, o índice de inadimplência apresentou queda pela primeira vez, ficando em 4,6%. Essa queda sugere que o Inter poderia acelerar ainda mais as originações de crédito, principalmente com as novas safras apontando para melhores resultados. Por fim, o número de clientes ativos atingiu 16,4 milhões, crescimento robusto de 6,0% t/t e 30,4% a/a. Apesar de uma desaceleração em relação aos trimestres passados, o banco conseguiu melhorar a taxa de conversão em 1,3pp t/t e 3,0pp a/a, possibilitando a adição líquida de quase 1 milhão de clientes ativos.
Do lado negativo, a margem (NIM) apresentou mais uma sequência trimestral de queda devido ao aumento no volume de renegociações e concessão de descontos.
O banco afirmou que estão mais avançados que o estimado no plano 60-30-30, o qual pretende atingir 60 milhões de clientes, 30% de índice de eficiência e 30% de ROE em 2027.
Para 2024, esperamos que o banco continue com esse processo de melhora, atingindo um lucro de R$ 821m (+133% a/a) e ROE de 10,5% (+5,7pp a/a). No geral, esperamos que as receitas apresentem um robusto crescimento a/a, enquanto as despesas devem ter uma evolução um pouco mais moderada, levando a uma melhora significativa no índice de eficiência.
Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de COMPRAR com preço-alvo de R$ 32,0 para o final de 2024 (já ajustado com o novo número de ações pós emissão). Vemos as ações em um valuation atrativo, negociando a 1,4x P/VP 23 e 13,0x P/L 24E.
Inter (INBR32): Lucro em tendência de melhora
Inter 4T23: Melhor que o guidance recém anunciado
Clientes: De milhão em milhão
O número de clientes atingiu 30,4m (+3,4% t/t e +23,1% a/a), apesar da boa expansão anual o banco vem apresentando uma desaceleração (esperada) no crescimento de clientes trimestre após trimestre. Ademais, o número de clientes ativos chegou a 16,4m (+6,0% t/t e +30,4% a/a), apresentando uma taxa de ativação de 54,0% (+1,3pp t/t e +3,0pp a/a), adicionando quase 1 milhão de contas ativas no trimestre.
Clientes: Apesar da desaceleração esperada, continua crescendo 1 milhão por tri
Custo de Aquisição: O baixo ficando mais barato
Custo de Aquisição de Clientes (CAC) manteve-se baixo em R$ 24,6, uma redução significativa de -4,7% t/t e -19,0% a/a.
Custo de Aquisição: Melhorando
Carteira: Crescendo bem acima da média
A carteira de crédito sem antecipação de recebível atingiu R$ 29,8b, crescimento de +10% t/t e +31% a/a. O Inter segue crescendo nos produtos com maior rentabilidade como FGTS (+19% t/t e +190% a/a) e Home Equity (+12% t/t e +42% a/a). Adicionalmente, com a evolução das novas estratégias de cobrança e alocação de limites de crédito, o banco deve acelerar o crescimento da carteira de cartão de crédito (+9% t/t e +38% a/a no 4T23).
Mix da Carteira: Crescendo em FGTS, Home Equity e cartão de crédito
Receita líquida de juros (NII): Acompanhando o ritmo do crédito
A receita líquida de juros (NII) ficou em R$ 876m (+7,0% t/t e +33,6% a/a), ainda beneficiado por uma margem líquida de juros (NIM) em níveis atrativos em 7,6% (-0,2pp e +0,6pp a/a). A margem (NIM) teve uma leve redução trimestral devido ao aumento no volume de renegociações e concessão de descontos.
O custo de funding (captação) do banco continuou em patamares atrativos em 59% do CDI, apresentando uma melhora de 1,5pp t/t devido ao crescimento mais robusto dos depósitos transacionais.
Serviços e Comissões: Também crescendo em ritmo acelerado
A linha de serviços e comissões apresentou um total de R$ 472m (+11,5% t/t e +34,6% a/a). O trimestre foi beneficiado pelo forte desempenho em intercâmbio (+14,6% t/t e +36,7% a/a), receitas de tarifas bancárias (+20,9% t/t e +68,0% a/a) e colocação de valores mobiliários (+4.447% t/t e +378% a/a).
Provisões e Inadimplência: Melhora sequencial
As provisões para devedores duvidosos (PDD) atingiram R$ 384m, queda de -5,8% t/t e +45,2% a/a. Segundo a empresa, o custo de risco melhorou no 4T23 devido ao aprimoramento dos modelos de crédito, o que resultou em uma melhor performance da inadimplência dentro das novas safras. Além disso, os descontos na carteira de cartão de crédito renegociada também tiveram um impacto positivo no custo de risco, compensando o efeito negativo na NII.
O índice de inadimplência acima de 90 dias (NPL 90+) ficou em 4,6%, registrando o primeiro ponto de queda t/t (-0,1pp) depois de muitos trimestres de alta (+1,2pp a/a). A inadimplência de curto prazo apresentou uma melhora t/t mais considerável (-0,3pp), chegando a 4,0%. A melhoria deve-se ao melhor desempenho das novas safras. Já o índice de cobertura ficou em 132% (estável t/t e a/a), mantendo-se em linha com a média histórica recente.
Por fim, o banco ressalta que na segunda metade de 2023 foram realizadas melhorias significativas no processo de cobrança, adotando uma abordagem proativa para renegociar empréstimos inadimplentes, especialmente na carteira de cartão de crédito.
Inadimplência e Cobertura: Primeira que sequencial sinaliza o fim da piora
Despesas administrativas: Despesas sob controle
As despesas administrativas atingiram R$ 719m, aumento de +1,5% t/t e queda de -4,7% a/a. A comparação anual foi beneficiada pela redução de -7,7% a/a nas despesas com pessoal e -6,2% a/a nas outras despesas administrativas. Com a manutenção das despesas e melhora nas receitas, o índice de eficiência atingiu 51,4% no trimestre, melhora de -1,06pp t/t e -22,07pp a/a).
Capital: Sólido com melhoras após a oferta primaria
O índice de Basiléia ficou em 23,0% (-0,8pp t/t e -2,4pp a/a), composto integralmente por capital nível 1. O trimestre foi impactado pelo aumento do RWA em 6,5% t/t, enquanto a carteira de crédito bruta cresceu 9,8% t/t, impulsionada pelo crescimento das carteiras com menores pesos de RWA, como FGTS, home equity e imobiliário.